O governo est� preparando n�o apenas um, mas uma s�rie de pacotes de investimentos na �rea de infraestrutura, na tentativa de manter em evid�ncia uma agenda positiva da gest�o Dilma Rousseff. O primeiro deles deve ser anunciado dentro de duas semanas, com o j� aguardado an�ncio das concess�es de quatro rodovias, de parte da ferrovia Norte-Sul e de tr�s aeroportos (Salvador, Florian�polis e Porto Alegre).
A maior parte dos projetos est� na gaveta do governo desde o ano passado. Na reuni�o de s�bado, 24, em que recebeu 13 ministros no Pal�cio da Alvorada, Dilma determinou a intensifica��o dos estudos para mapear o potencial dos investimentos. Chegou a pedir a inclus�o de mais aeroportos no Nordeste e do Centro-Oeste na lista de concess�es e cobrou iniciativas que tirem do papel projetos que se arrastam h� v�rios meses.
"Analisou-se qual o porcentual que nosso sistema vai poder financiar, porque antes o BNDES financiava tudo, mas estamos em um outro momento", disse. A lista de assuntos foi t�o extensa que n�o houve tempo para discutir projetos portu�rios na reuni�o, que durou mais de dez horas. A pauta ficou concentrada em transportes e energia el�trica. Nos pr�ximos dias nova reuni�o ser� convocada com a mesma agenda de investimentos.
O encontro ministerial se deu por etapas, com discuss�es tem�ticas. Tr�s ministros (Aloizio Mercadante, da Casa Civil; Nelson Barbosa, do Planejamento; e Joaquim Levy, da Fazenda) e representantes dos tr�s bancos federais - Banco do Brasil, Caixa e Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social - participaram de todas as conversas. Esse � o grupo respons�vel pela an�lise da viabilidade econ�mica das propostas apresentadas.
Como a reuni�o foi "inconclusiva", como definiu o pr�prio Pal�cio do Planalto, a presidente retomar� os encontros, mas de forma mais individualizada. Haver� um encontro para tratar apenas de investimentos em rodovias, outro de aeroportos, e assim sucessivamente.
Separadamente, foram discutidos no s�bado investimentos nas �reas de rodovias, ferrovias, aeroportos, energia, portos e hidrovias. De todos os grupos, o setor que est� com projetos mais avan�ados � o de aeroportos, �rea em que o pacote de concess�es lan�ado no primeiro mandato da presidente Dilma obteve mais sucesso.
Tamb�m est�o bem encaminhados estudos para investimentos nas �reas de rodovias e de ferrovias. As estradas federais que j� foram alvos de estudos pela iniciativa privada e pelo governo e que devem ir a leil�o s�o a BR-163, entre o Mato Grosso e o Par�; a BR-364, que segue de Goi�s para Minas Gerais; a BR-364, a partir de Mato Grosso at� Goi�s; e um eixo no Paran�, ligando as BRs-476, 153, 282 e 480. Essas concess�es, somadas � da Ponte Rio-Niter�i, j� realizada, somam 2.625 quil�metros de rodovias. Com prazo de 30 anos, devem atrair investimentos de R$ 17,8 bilh�es.
A caracter�stica comum a elas � privilegiar rotas de escoamento para o agroneg�cio. Conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, h� ainda uma proposta em an�lise de se fazer um leil�o para entregar � iniciativa privada dois trechos rec�m-constru�dos da Ferrovia Norte-Sul. Avalia-se que apenas um dos trechos da Norte-Sul teria capacidade de movimentar quase de R$ 3 bilh�es em outorga, com concess�o de 30 anos.
No caso de portos e hidrovias, os primeiros projetos devem levar mais tempo. Um outro participante da reuni�o disse que os investimentos em hidrovias devem ser de origem estatal. Um dos problemas para os projetos ligados �s hidrovias s�o as limita��es ambientais. Um caso em estudo � o da hidrovia Araguaia-Tocantins, que exige a implos�o de pedras e a mudan�a de curso dos rios, o que exige estudos de engenharia e de impacto ambiental.
Diverg�ncias
O Planalto vislumbra na iniciativa tamb�m uma farta fonte de arrecada��o com as outorgas das concess�es. Segundo ministros presentes no encontro, h� um certo desentendimento na vis�o do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em rela��o ao que pensa a presidente e os demais ministros. "Se a Fazenda puder, vende o Brasil e paga todas as contas", ironizou um dos participantes da reuni�o.