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Estado de Minas

Analistas e economistas se dividem quanto � inefici�ncia do regime de metas da infla��o

Em tr�s dos quatro anos do governo da presidente Dilma, a varia��o estipulada para o custo de vida passou o centro das previs�es. Brasil est� entre os pa�ses com os maiores percentuais


postado em 27/06/2015 06:00 / atualizado em 27/06/2015 07:32

O sistema de metas de infla��o no Brasil tem sido irrealista na maioria dos anos desde que foi criado, em 1999, depois de o Plano Real ter domado o drag�o do custo de vida. Nestes 16 anos do regime usado para balizar o controle dos pre�os, o pa�s conseguiu deixar a carestia abaixo do centro da meta em apenas tr�s ocasi�es: 2000, 2006 e 2009, este �ltimo per�odo marcado pela crise financeira global, ou seja, sem qualquer m�rito do governo. Para piorar a situa��o, em tr�s dos quatro anos do governo da presidente Dilma Rousseff, a meta virou fic��o, pois a carestia ficou acima de 6%, ante o teto de 6,5%. Em 2015, ao que tudo indica novamente a infla��o vai ultrapassar o limite de 6,5% da meta de 4,5% ao ano estipulada pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN).

O Banco Central, em seu Relat�rio Trimestral de Infla��o divulgado nesta semana, prev� que o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de infla��o usada no regime de metas, chegar� a 9%. Pela pr�via do �ndice de junho, a alta acumulada nos �ltimos 12 meses j� est� em 8,8%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Ao descumprir a meta de infla��o, o BC, que � o guardi�o da moeda, n�o sofrer� puni��o, nem seu presidente, Alexandre Tombini, perder� o cargo. Ele apenas ter� que enviar uma carta se explicando ao Congresso Nacional.

Da mesma forma, a meta fiscal n�o ser� cumprida este ano, na avalia��o de especialistas ouvidos pelo Estado de Minas. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vem afirmando que conseguir� economizar R$ 66,3 bilh�es ou 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), para o pagamento dos juros da d�vida p�blica neste ano. De janeiro a maio, o super�vit prim�rio do governo central, conceito que exclui governos estaduais e mun�cipios e estatais, foi de apenas R$ 6,6 bilh�es, ou seja, menos de 10% do total da meta. Os dados consolidados do setor p�blico ser�o divulgados pelo BC na pr�xima ter�a-feira e n�o devem melhorar muito esse quadro.

Analistas de bancos e corretoras e economistas de institui��es que acompanham os rumos da pol�tica econ�mica est�o divididos quanto � inefici�ncia do regime de metas. “A m�dia da infla��o dos �ltimos cinco anos encostou no teto da meta, mas isso n�o quer dizer que o sistema n�o seja eficiente. No entanto, deixa claro que, pelo resultado dos �ltimos anos, o Banco Central deixou de perseguir o centro da meta. Com isso, uma taxa de 6% a 6,5% passou a ser considerada dentro da normalidade”, lamentou o especialista em infla��o Salom�o Quadros, coordenador do n�cleo de estudos do �ndice Geral de Pre�os (IGP) do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (Ibre/FGV).

J� o presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Paulo Dantas Costa, considera o sistema de metas de infla��o ineficiente porque o controle da carestia nos �ltimos anos acabou sendo equivocado, com um grande n�mero de erros cometidos pelo governo. “O centro da meta n�o vai ser atingido mesmo neste ano e esse � o pre�o de um conjunto de pecados que foram cometidos no passado. O represamento de pre�os da energia e dos combust�veis foi terr�vel e agora temos que pagar o pre�o”, disse ele, destacando que esses dois itens s�o respons�veis por cerca de 70% do aumento do custo de vida neste ano. Ele alertou que 2015 ser� um ano muito perverso no que diz respeito a qualquer condu��o de natureza econ�mica.

Salom�o Quadros acredita no sistema de metas de infla��o porque ele � adotado por muitos pa�ses e a maioria vem conseguindo controlar o custo de vida, como � caso das economias emergentes Chile, M�xico e Peru, que possuem metas menores que o Brasil, de 3%, e t�m conseguido manter a infla��o pr�xima disso. O Brasil, no entanto, est� entre os pa�ses que possuem as maiores metas do mundo e a maior da Am�rica Latina. Ela s� n�o � maior do que as metas de na��es em crise como Ucr�nia (de 9%) e Z�mbia (de 7%). Entre os pa�ses do Brics, somente a �ndia tem uma meta maior: de 8% para este ano, mas j� sinalizou redu��o para 4% at� 2017.

O economista da FGV critica, ainda, o fato de o governo ter sido displicente com uma meta que acabou tendo uma margem de toler�ncia muito alta. O aumento dos pre�os dos alimentos, que tem comandado a infla��o neste ano,deixa distante o cumprimento das previs�es para 2015.

“O problema n�o � do Banco Central, mas do CMN, onde o �rg�o � minoria, pois os minist�rios da Fazenda e do Planejamento tomam em conjunto as decis�es da pol�tica monet�ria”, disse. “O maior problema � que essa meta, de 4,5% ao ano, est� congelada h� 10 anos e tem uma margem de toler�ncia muito elevada”, completou.

Toler�ncia  menor

Na �ltima quinta-feira, o CMN deu sinal de mudan�a que agradou o mercado financeiro porque finalmente deu aval para modificar a meta de infla��o e fazer com que o BC recupere a credibilidade. Reduziu a margem de toler�ncia de 2 pontos percentuais para 1,5 ponto para a meta de infla��o de 2017. O teto passar� dos atuais 6,5% para 6%. Para o economista-chefe da INVX Global Partenrs, Eduardo Velho, essa sinaliza��o foi positiva e acabou refletindo na redu��o dos juros de longo prazo. Mesmo assim, ele n�o acredita que o BC conseguir� entregar uma infla��o de 4,5% no fim de 2016, como o �rg�o vem prometendo. “A m�dia das previs�es continua em 5,5%. A acomoda��o para o centro da meta s� dever� ocorrer em 2017”, ponderou.


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