
O ataque do drag�o, que deve elevar a infla��o a mais de 8% em 2015, est� fazendo o brasileiro, do mais jovem ao mais velho, abrir m�o de alimentos no supermercado. Entre os l�cteos, o leite longa vida � o her�i que resiste no carrinho. A marca de prefer�ncia �, muitas vezes, trocada pela da promo��o, mas o alimento n�o deixou de ser consumido. J� o iogurte, que ganhou destaque nos �ltimos anos, segundo dados da consultoria Nielsen, especializada em pesquisas de mercado est� puxando a desacelera��o das vendas dos derivados do leite.
Pesquisa que mede os volumes comercializados entre dezembro de 2014 e fevereiro �ltimo, na compara��o com o mesmo per�odo dos anos anteriores, mostra que as vendas do leite longa vida, que gravitavam em aumento de 1%, passaram a crescer 5,6% no pa�s. J� o com�rcio do leite com sabor, que foge da categoria dos essenciais, n�o s� deixou de crescer como despencou 2,3%. O movimento � uma esp�cie de term�metro do novo modelo de consumo do brasileiro, que, mais r�pido do que o governo mostra, j� colocou em pr�tica o ajuste fiscal.
Os iogurtes puxaram a perda de dinamismo do segmento l�cteo. No per�odo, o brasileiro comprou menos o produto e o ritmo de crescimento nas vendas desacelerou de 5% para 2%; no caso do leite fermentado, desceu de 12,3% para 3,5%, e dos petit suisses, de 11,5% para 6%. Personagem de destaque na redu��o de consumo, a classe m�dia est� deixando de levar para casa alimentos que nos �ltimos anos abrigou em sua cesta. Esse � o caso da estudante Ana Luiza Soares, de 19 anos. Ela diz que, apesar de gostar bastante dos leites fermentados, deixou de consumi-los. “Acho muito caro”, justifica. Outra coisa que Ana Luiza reduziu foi o requeij�o cremoso, pela mesma raz�o.
Os aposentados Ana Carolina Campos, 78, e Jos� Alexandre da Silva, 89, v�o com frequ�ncia ao supermercado e tamb�m fizeram suas adequa��es. Est�o pesquisando pre�os, trocaram a marca do leite e reduziram o consumo de queijos e iogurtes. Segundo eles, o ajuste faz parte da matem�tica para que as despesas caibam dentro da renda da aposentadoria. “S� estamos comprando de vez em quando”, conta Ana Carolina.
“A classe m�dia saiu da fase de reclamar da crise, passou a resolver o problema e tem adotado suas pr�prias estrat�gias: pesquisa mais os pre�os dos produtos, opta por marcas mais baratas, faz compra na rede atacadista com amigos e economiza em itens sup�rfluos, como iogurtes, embutidos, refrigerantes e sucos. Na pr�tica, est� fazendo o ajuste fiscal dentro de casa”, defende Renato Meirelles, presidente do instituto de pesquisa Data Popular, que desenvolve pesquisas sobre a classe C. Estudo recente do instituto mostra que 92% dos brasileiros da classe C t�m feito mais economia, 81% est�o comparando mais os pre�os e 62% j� procuram novas marcas.
Rafael de Lima Filho, analista da Scot Consultoria, especializada no agroneg�cio, diz que o consumo do leite continua firme entre as fam�lias brasileiras, mas a ind�stria j� sente a desacelera��o do dos derivados, como iogurtes, requeij�o e queijos. Segundo o especialista, o pa�s tem espa�o para aumentar as vendas da mat�ria-prima. “A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria) aponta que o consumo m�dio no pa�s � de 175 litros por habitante/ano, enquanto a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) indica 210 litros por habitante/ano.”
M�e de cinco filhos e seis netos, Magda de Paula Fonseca, 50 anos, n�o diminuiu o consumo de leite em casa, apenas trocou de marcas. J� os derivados, como o iogurte que estava na geladeira todos os fins de semana, se tornaram figuras mais raras. “Agora, s� de vez em quando, ou quando os netos pedem. Para crian�as, a gente n�o nega um pedido”, diz a vov� que est� dando um drible no drag�o.