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Estado de Minas

Setor de latic�nios registra queda no consumo brasileiro e crise nas exporta��es

Perspectivas para o mercado em 2015 s�o de pre�os firmes para o produtor, por�m em patamares mais baixos que no ano passado


postado em 28/06/2015 06:00 / atualizado em 28/06/2015 07:56

Laticínio Tirolez, que busca produtividade, redução de custos e prioriza lançamentos de produtos para enfrentar concorrência acirrada(foto: Divulgação/Tirolez)
Latic�nio Tirolez, que busca produtividade, redu��o de custos e prioriza lan�amentos de produtos para enfrentar concorr�ncia acirrada (foto: Divulga��o/Tirolez)

Contra a corrente de pre�os deprimidos do leite e da oferta superior � demanda no mercado internacional, as tradicionais empresas do setor de lat�cinios de Minas Gerais Itamb� Alimentos e Tirolez driblaram as dificuldades e embarcaram remessas, neste m�s, para clientes na �frica, abrindo janelas de exporta��o que haviam se fechado. O avan�o no exterior, contudo, est� longe de servir como v�lvula de ecape ou alternativa ao cen�rio tamb�m desafiador que a ind�stria de latic�nios passou a enfrentar no Brasil. Com o freio imposto ao crescimento do pa�s, o setor j� observa queda no consumo de alguns produtos das linhas de leite e seus derivados, alimentos que s�o b�sicos na mesa das fam�lias, e por isso, em geral, consistem nos �ltimos itens a sofrer o baque de uma economia em retra��o.

Entre a cruz e a espada, a ind�stria tenta se ajustar a cen�rios que n�o esperava ver nos �ltimos cinco anos, marcados por grandes investimentos nas f�bricas, como ocorreu em Minas Gerais, maior produtor nacional de leite. Com aporte de recursos previsto em R$ 75 milh�es neste ano, depois de ter aplicado R$ 70 milh�es em 2014, a Itamb� modernizou f�bricas para obter ganhos de qualidade e produtividade e estabeleceu foco em redu��o de custos, fortalecendo, ainda, a sua equipe de vendas, informa o diretor de rela��es institucionais da companhia, Ricardo Cotta.

“Estamos preparando a companhia para esse arrocho (nos gastos do consumidor e na economia) e um cen�rio de concorr�ncia mais acirrada. Como o mercado como um todo n�o vai crescer, o trabalho � ampliar a nossa gama de clientes com novos produtos e conquistando novas pra�as”, afirma. Dados com os quais o executivo trabalha indicam que o consumo de l�cteos no pa�s parou de crescer e j� h� redu��o da demanda de segmentos como o do leite fermentado e do petit suisse, usado nos queijos. Outra medida � trabalhar muito e bem os lan�amentos, para deslocar concorrentes. A empresa fez 20 dos 50 lan�amentos previstos para 2015.

H� 35 anos no ramo e pioneira em segmentos como o do queijo prato light e os cremes de ricota e Minas frescal, a ind�stria de latic�nios Tirolez, dona de tr�s f�bricas em Minas, adota receitu�rio semelhante, sem comprometer a inova��o de produtos, que pode fazer a diferen�a na disputa pelo consumidor, segundo o s�cio-propriet�rio da empresa mineira C�cero de Alencar Hegg. “Buscamos ganhos de produtividade com o envolvimento de todos os trabalhadores e estamos desenvolvendo um efor�o grande na �rea comercial para atingir mais pontos de venda”, afirma.

A empresa lan�ou em junho sua linha de produtos sem lactose, incluindo seis novos tipos de queijos. De acordo com C�cero Hegg, os ajustes v�o depender do comportamento da massa de sal�rios do brasileiro. “Mesmo quem pode consumir est� segurando e cortando os custos ao m�ximo”, afirma. Pioneiro no Brasi, no desenvolvimento de produtos sem lactose e a��car, o latic�nio mineiro Verde Campo pretende driblar a crise financeira que atinge o pa�s tamb�m com lan�amentos, crescimento da produ��o e expans�o para novos mercados.

Alessandro Rios, diretor da companhia, que j� atua no Sudeste e Sul, diz que a inten��o � abrir mercados no Centro-Oeste e Nordeste. “Neste ano, vamos lan�ar queijos e iogurtes”, adianta o executivo. A estudante Eliane Caroline, 33, m�e de duas crian�as, faz parte do grupo de consumidores de produtos inovadores. Ela diz que, depois de um tratamento, os filhos de 4 e 2 anos deixaram de ter alergia a produtos l�cteos, mas, ainda assim, a fam�lia consome o leite sem lactose, reduzindo o uso dos produtos integrais. “Acho saud�vel, apesar de o pre�o ser um pouco mais alto”, comenta.

Freio na produ��o
As perspectivas para o mercado do leite em 2015 s�o de pre�os firmes para o produtor, por�m em patamares mais baixos que no ano passado. Segundo a Scot Consultoria, especializada no agroneg�cio, no ano passado, o crescimento da produ��o brasileira foi da ordem de 7%, enquanto o consumo avan�ou perto de 2%. Para 2015, a consultoria estima um crescimento menor na produ��o, de 2,5%, ante uma estabilidade no consumo, na melhor hip�tese. “Temos alguns investimentos da ind�stria em Minas e S�o Paulo, mas o ano deve ser de ajuste entre oferta e demanda. Apesar do d�lar em alta, os pre�os do leite em p� despencaram no mercado externo e n�o incentivam as exporta��es”, diz Rafael de Lima Filho, analista da Scot Consultoria.

Neste aspecto, o consumidor sai favorecido pela dificuldade que a ind�stria est� encontrando para repassar aumentos de custos ao comerciante, e este, por sua vez, �s g�ndolas. A rigor, o leite e seus derivados est�o ajudando a segurar a f�ria do drag�o da infla��o. De janeiro a maio, os pre�os desse grupo de itens subiram, em m�dia, 3,22% no varejo, perante uma varia��o geral do custo de vida de 5,34%, medida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). No mercado internacional, as cota��es do leite em p�, refer�ncia para o segmento, despecaram cerca de 50%, diante do valor de US$ 5 mil por tonelada comercializada no fim do ano passado. As exporta��es brasileiras ca�ram 49,3% em maio, frente a 2014.

O diretor-executivo do Sindicato da Ind�stria de Latic�nios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira, inclui um terceiro ingrediente no caldeir�o de desafios ao setor, configurado pela penetra��o dos produtos  importados, principalmente com origem na Argentina e no Uruguai. As importa��es subiram 37% no pa�s durante os cinco primeiros meses deste ano. “� o que nos traz maiores problemas num cen�rio econ�mico desfavor�vel. O grande desafio da ind�stria, hoje, � buscar tecnologia, desenvolvimento de produtos e mercados”, afirma.

 

PERFIL DA PRODU��O

34 bilh�es
de litros de leite: foi o recorde da produ��o anual brasileira de leite em 2014, atendida por mais de 500 mil produtores.

180 litros
por habitante: � o consumo per capita no Brasil, conforme o preconizado pela Organiza��o Mundial da Sa�de

906
ind�strias processadoras e 25 mil empregados diretos: � o n�mero de fabricantes de Minas, respons�veis pelo processamento de 6,7 bilh�es de litros previstos em 2015

 

O que nos interessa

O consumidor ganha?
A concorr�ncia entre os fabricantes � sempre, em princ�pio, ben�f�ca para o consumidor, porque tende a conter a eleva��o dos pre�os e leva as empresas a melhorar a qualidade de seus produtos e servi�os. Se a ind�stria aumenta os n�veis de produtividade, significa, tamb�m em princ�pio, que estabelece condi��es melhores para produzir. Tudo disso tende a levar � redu��o de pre�os nas g�ndolas dos supermercados. O aumento das exporta��es, da mesma forma, pode representar ganhos para o consumo, uma vez que exige mais qualidade dos produtos, e ingresso de renda no pa�s. Resta saber como esses fatores v�o caminhar frente a economia fraca, que est� afetando o emprego e os rendimentos no Brasil.


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