Bras�lia, 18 - O mercado de trabalho formal no Brasil fechou 111 mil vagas no m�s de junho, informou ontem o Minist�rio do Trabalho e Emprego (MTE). O resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) � o pior para o m�s da s�rie hist�rica, iniciada em 1992. No semestre, o Pa�s fechou 345 mil vagas, o pior resultado desde 2002.
O n�mero ruim de junho teve forte influ�ncia da ind�stria de transforma��o, que apresentou saldo negativo de 64 mil postos de trabalho. O setor teve retra��o no emprego em todas as �reas, sem exce��o, com destaque para as ind�strias metal�rgica, mec�nica, de materiais, de transporte e t�xtil.
O setor de servi�os foi o segundo que mais fechou vagas no m�s passado, com menos 39 mil empregos, seguido pelo com�rcio, que fechou 25,6 mil vagas, e pela constru��o civil, que teve resultado negativo em 24 mil postos formais de trabalho. O resultado para o m�s s� n�o foi pior, porque a agricultura registrou um saldo positivo de 44,6 mil novas vagas.
Deteriora��o
Na avalia��o do economista-chefe da Sulam�rica Investimentos, Newton Camargo Rosa, a deteriora��o progressiva do mercado de trabalho vai se prolongar. “A economia est� passando por um ajuste significativo, fruto dos erros cometidos na pol�tica econ�mica num passado recente”, afirmou. “N�o vejo o mercado de trabalho se recuperando t�o r�pido”, completou.
O professor da Pontif�cia Universidade Cat�lica (PUC-SP) e s�cio da Macrosector Consultores, Ant�nio Correia de Lacerda, prev� que o n�mero de trabalhadores sem emprego em 2015 dever� atingir a marca de 1 milh�o de pessoas. Para ele, o quadro de desemprego em acelera��o s� dever� come�ar a se reverter no fim de 2016. O emprego e a renda est�o ligados � atividade econ�mica, disse Lacerda, e o Produto Interno Bruto (PIB) dever� cair 2% neste ano.
Os dados divulgados pelo Minist�rio do Trabalho tamb�m mostram que, pela primeira vez desde 2003, quando se iniciou o governo do PT, os sal�rios m�dios dos trabalhadores no momento da admiss�o apresentaram queda real no primeiro semestre. A m�dia para os primeiros seis meses do ano caiu de R$ 1.271,10 por trabalhador em 2014 para R$ 1.250,39 neste ano.
S�o Paulo
No m�s passado, o Estado de S�o Paulo fechou 52,3 mil postos de trabalho com carteira assinada. O n�mero � quase quatro vezes maior que o apresentado pelo Rio Grande do Sul, que encerrou 14 mil vagas, respondendo pelo segundo pior dado do Pa�s.
No m�s passado, apenas seis Estados contrataram mais do que demitiram. O destaque positivo ficou com Minas Gerais, que criou 9,7 mil novas vagas.
Juros. A aposta da economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, � a de que, com o aumento do desemprego no Pa�s, o Banco Central pode ficar “mais propenso” a encerrar o atual ciclo de alta de juros.
Segundo ela, essa probabilidade aumentou porque o resultado do Caged do m�s passado refor�a a indica��o que a autoridade monet�ria tem dado de que a deteriora��o do mercado de trabalho est� antecipada e maior do que o esperado.
A taxa b�sica de juros est� em 13,75% ao ano, ap�s uma alta de 0,5 ponto porcentual na �ltima reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom). “O BC est� mais propenso a elevar mais um vez os juros em 0,25 ponto porcentual em julho e, muito provavelmente, parar”, disse Solange. “A n�o ser que tenhamos uma surpresa muito negativa na infla��o”, ponderou.