A petroqu�mica Braskem liderou as perdas do Ibovespa, principal �ndice de a��es brasileiro, no preg�o de segunda-feira, refletindo den�ncia feita na sexta-feira pelo Minist�rio P�blico Federal do Paran�, que est� � frente das investiga��es da opera��o Lava Jato, sobre subfaturamento de contratos de fornecimento de nafta � empresa, com preju�zos � Petrobras. Os pap�is PNA da companhia ca�ram 10,54%, para R$ 10,78, e acumulam perdas de cerca de 30% desde o in�cio do ano.
A opera��o Lava Jato tem afetado diretamente a Braskem, empresa que tem seus principais acionistas no centro das investiga��es. O grupo Odebrecht, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, est� preso desde o dia 19 de junho, det�m 38,3% da companhia; a Petrobras tem 36,1%. A �nica empresa de capital aberto da Odebrecht viu seu valor de mercado cair de R$ 10,9 bilh�es para R$ 7,56 bilh�es.
O MPF-PR denuncia a Braskem de provocar preju�zo de quase R$ 6 bilh�es � Petrobras pela "contrata��o viciada e subfaturada de nafta" de 2009 a 2014, com pagamento de propina a Paulo Roberto Costa (ex-diretor de abastecimento da estatal) e a agentes p�blicos e privados ligados a ele. A Procuradoria defende o ressarcimento da Petrobras pela Braskem.
Al�m de acionista da petroqu�mica, a Petrobras � a maior fornecedora da empresa, j� que a nafta � a principal mat�ria-prima da companhia. O contrato, assinado em 2009, previa um valor de refer�ncia entre 92,5% e 105% da cota��o internacional (ARA). Segundo o procurador Roberson Pozzobon, do MPF, o preju�zo da Petrobras ocorreu porque a empresa "se viu compelida a importar nafta por um pre�o de 104% de ARA, para vend�-la � Braskem por 92,5% do ARA" por cinco anos.
A Braskem explicou, em nota, que a venda da nafta pelo pre�o estabelecido era a melhor condi��o tanto para a Petrobras quanto para a Braskem porque eliminava custos log�sticos de importa��o e exporta��o. A empresa cita depoimentos de executivos da Petrobras que afirmam que valores de 91% a 93% do ARA n�o gerariam preju�zo cont�bil � empresa.
A petroqu�mica afirmou tamb�m "que n�o faz nenhum sentido falar em R$ 6 bilh�es de preju�zo � Petrobr�s". Segundo a companhia, a Petrobras decidiu "unilateralmente importar nafta para atender o setor industrial", j� que decidiu usar a nafta nacional para produzir gasolina a partir de 2010, para atender � alta da demanda pelo combust�vel automotivo.
Em relat�rio, analistas do banco BTG Pactual afirmam que, mesmo sem entender como o c�lculo foi feito, "os investidores v�o naturalmente come�ar a usar esse n�mero (R$ 6 bilh�es) como refer�ncia". J� o Credit Suisse avalia o impacto de uma eventual multa bilion�ria � petroqu�mica. O banco diz que a Braskem tem R$ 5 bilh�es em caixa e R$ 3 bilh�es em linhas de cr�dito "stand-by". Para o consultor Jo�o Luiz Zu�eda, da Maxiquim, a Braskem tem bons fundamentos econ�micos. Ele lembra que a empresa est� para abrir um projeto novo no M�xico, de mais de US$ 5 bilh�es, e tem ativos importantes nos EUA e no Brasil.
Venda
A Braskem lida tamb�m com rumores de que tanto Odebrecht quanto Petrobras cogitam vender sua fatia na petroqu�mica para ganhar f�lego financeiro. "Ambas precisam de dinheiro. Esse � um problema adicional, porque quando o comprador sabe da urg�ncia em vender um ativo vai impor um pre�o menor", diz o estrategista chefe da XP Investimentos, Celson Pl�cido.