A presidente Dilma Rousseff deve se reunir com empres�rios, ainda neste m�s, na tentativa de melhorar a rela��o com o setor privado, transmitir otimismo e recuperar os investimentos. O encontro pode ser complementar � retomada das reuni�es do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), que tinha sido posto de lado, mas voltar� no dia 20. O Pal�cio do Planalto ainda decide se far� duas reuni�es ou s� o encontro do conselho, mas, independentemente disso, ter� diante de si um clima muito tenso.
Segundo empres�rios ouvidos pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a grave situa��o econ�mica do Pa�s e a crise pol�tica do governo retiraram qualquer perspectiva de melhora do cen�rio no curto e m�dio prazo e o governo, agora, precisa dar demonstra��es claras de que h� um caminho para o crescimento.
"N�o d� mais para ter conversa fiada: chamar 300 empres�rios para o Planalto, prometer medidas gen�ricas e terminar sem nada. Se for mais do mesmo, o clima vai piorar e n�o conseguirei controlar meu setor, que est� disposto a entregar as chaves das f�bricas ao Planalto, fechando tudo", disse o empres�rio Rafael Cervone, presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria T�xtil (Abit).
Segmentos como o de bens de capital, tamb�m est�o "no limite", segundo Carlos Pastoriza, presidente da Associa��o Brasileira de M�quinas e Equipamentos (Abimaq). "A maior preocupa��o do setor, al�m da calamidade que � o fracasso total de vendas neste ano, � que n�o tem luz no fim do t�nel", disse. O setor de m�quinas serve de indicador dos investimentos: sempre que corta produ��o, sinaliza que os demais segmentos empresariais brasileiros est�o investindo menos ou substituindo por importados.
Os empres�rios se ressentem que Dilma vem prometendo, desde 2011, a simplifica��o do PIS/Cofins e a unifica��o do ICMS, mas nunca entregou. Eles avisam que n�o querem ouvir novamente essas promessas. "J� falamos 500 vezes com o ministro Levy: j� vimos esse filme v�rias vezes", disse Cervone, da Abit, que aponta para o "risco" de a reuni�o fracassar. "A presidente corre o risco de cancelar a reuni�o por falta de qu�rum, se os empres�rios sentirem que ser� mais do mesmo, ou de criar um clima pior ainda, caso a reuni�o seja iguais �s demais", disse.
O ramo t�xtil pede o regime tribut�rio especial para o setor de confec��es, que foi formulado pelo Minist�rio do Desenvolvimento, mas est� parado no Minist�rio da Fazenda. A Abit aponta que as empresas devem fechar o ano com um corte l�quido de 65 mil vagas, ante 20 mil em 2014 (em 2013, ainda houve saldo positivo de 7,2 mil empregos). J� o setor de m�quinas e equipamentos cortou 50 mil empregos desde 2013 - metade no primeiro semestre deste ano.
No caso do CNDI, criado ainda no governo Lula, a ideia � tentar criar alguma pol�tica industrial para o segundo mandato de Dilma. "Temos grupos tem�ticos para trabalhar em temas como desburocratiza��o, ambiente regulat�rio e o plano de exporta��o", disse ao jornal o ministro do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior, Armando Monteiro. "Vamos fazer uma avalia��o e discuss�o da pol�tica industrial, de como reposicion�-la." As linhas b�sicas de uma proposta devem ser definidas nessa reuni�o.
A necessidade de ajustar as contas p�blicas, por�m, dever� pesar contra um desenho mais ambicioso das medidas de est�mulo � ind�stria. A mesma falta de caixa para novas medidas de est�mulo foi respons�vel por um Plano Nacional de Exporta��es (PNE) magro, classificado pelo setor produtivo como "o m�ximo do m�nimo". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.