Puxada pela alta das tarifas de �gua e luz e pelo aumento do desemprego, a inadimpl�ncia do consumidor come�ou o segundo semestre do ano em ritmo acelerado. Entre janeiro e julho, o n�mero de d�vidas n�o pagas na data do vencimento cresceu 16,8% em rela��o a igual per�odo de 2014. Foi a maior eleva��o acumulada no ano para o per�odo desde julho de 2012 (17,8%), segundo o Indicador Serasa Experian de Inadimpl�ncia do Consumidor.
"A inadimpl�ncia do consumidor vem subindo desde o final do ano passado", diz o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi. Em julho, a inadimpl�ncia aumentou 0,6% em rela��o a junho, a quinta alta consecutiva na compara��o mensal.
A diferen�a, segundo Rabi, � que no in�cio deste ano o calote tinha sido provocado pelo aumento da infla��o e agora � mais grave porque o motivo da inadimpl�ncia � o avan�o do desemprego. "A infla��o corr�i a renda e o desemprego destr�i, o que � pior." Por causa da situa��o ruim da economia, Rabi diz que a inadimpl�ncia seguir� em alta pr�ximos meses e a perspectiva � fechar o ano com avan�o de 20%. Em julho, o n�mero de d�vidas n�o pagas foi 19,4% maior do que em julho de 2014.
Fl�vio Calife, economista da Boa Vista SCPC, faz uma an�lise semelhante � de Rabi porque ele tamb�m n�o v� mudan�as nos pr�ximos meses para o cen�rio j� deteriorado de emprego e renda do consumidor.
Tarifas
Um dado que chama aten��o � que o que mais pesou no avan�o do calote foi a d�vida n�o banc�ria, que registrou um aumento de 3,5% em julho em rela��o a junho. Essas d�vidas incluem cart�es de lojas, financeiras e contas de �gua, telefone e especialmente energia el�trica, que subiu quase 50% este ano.
Pesquisa do SPC Brasil e da Confedera��o Nacional de Dirigentes Lojistas confirma que o calote ficou concentrado nas tarifas. No m�s passado, o n�mero de d�vidas em atraso cresceu 4,99% em rela��o a julho de 2014. Desse total, Fl�vio Borges, gerente financeiro do SPC Brasil, destaca que o maior aumento no n�mero de d�vidas inadimplentes foi registrado nas contas de �gua e luz, com aumento de 13,24% na compara��o anual. Em seguida, est�o as pend�ncias com bancos (7,83%) e as despesas com comunica��o (4,67%), nas mesmas bases de compara��o. J� as d�vidas em atraso no com�rcio recuaram 0,26% no per�odo.
"A inadimpl�ncia do com�rcio est� caindo porque as vendas tamb�m est�o caindo", afirma o economista da Associa��o Comercial de S�o Paulo (ACSP), Em�lio Alfieri. Na primeira quinzena deste m�s, a inadimpl�ncia das lojas, que capta o calote do credi�rio, caiu 6% em rela��o a igual per�odo de 2014. Na mesma compara��o, a venda a prazo recuou 7,4%.
Recupera��o
Com o or�amento apertado, os inadimplentes est�o tendo dificuldade para renegociar d�vidas, especialmente pelo avan�o dos juros. Na primeira quinzena deste m�s, o n�mero de carn�s em atraso renegociados diminuiu 6,9%, segundo a ACSP.
A dificuldade para colocar as contas em dia tamb�m foi captada pela pesquisa do SPC Brasil. No m�s passado, o n�mero de d�vidas regularizadas caiu 8,34% na compara��o anual. Foi a sexta queda seguida e segundo maior recuo anual desde janeiro de 2013, quando a empresa de informa��es financeiras iniciou o levantamento.
Inadimplentes
O avan�o do calote tem engrossado o n�mero de consumidores inadimplentes. Segundo a Serasa Experian, existiam em junho 56,4 milh�es no Pa�s. Em junho de 2014 eram 51,6 milh�es. Nas contas do SPC Brasil, s�o 57 milh�es de inadimplentes. Em janeiro eram 54,6 milh�es.