
De tanto ouvir orienta��es sobre a necessidade de pagar os d�bitos do cart�o de cr�dito para escapar dos juros altos, a prioridade de pagamentos dos belo-horizontinos � o cart�o de cr�dito. A modalidade � a primeira a ser paga por 67% dos entrevistados. No ranking de prioridades, em segundo est�o os cart�es de lojas, com 17,2%. Diante disso, entre as medidas tomadas para tentar quitar as d�vidas em atraso, o corte do uso da tarjeta � apontada por 37,6% daqueles que tomam alguma decis�o, atr�s apenas do corte de gastos residenciais (50%). “� melhor assumir outro de d�vida com juros menores”, afirma a estat�stica da Fecom�rcio-MG, Elisa Castro.
O estudo mostra que o percentual de inadimplentes (com d�vidas em atraso acima de 90 dias) em setembro caiu de 7,7% para 6,2% no comparativo entre agosto e setembro. Segundo Castro, varia��o semelhante ocorreu em igual per�odo do ano passado, mas, nos �ltimos tr�s meses do ano, houve novo avan�o da inadimpl�ncia. “� um per�odo que o consumidor se endivida mais”, afirma a estat�stica sobre as festas do �ltimo trimestre. E acrescenta: 10,9% dos entrevistados dizem ter muita dificuldade em pagar as contas nos pr�ximos 90 dias, sinal que pode haver aumento da inadimpl�ncia no per�odo. Na outra ponta, 71,3% dizem ter facilidade para colocar os d�bitos em dia nos pr�ximos tr�s meses.
Do total de entrevistados com contas pendentes, 48,4% planejam sald�-las em at� 90 dias, �ndice inferior ao apurado na �ltima pesquisa (56,7%). A inten��o de quit�-las no curto prazo representa cuidado com o cadastro negativo. Ou seja, poss�vel aumento de inadimplentes. O pagamento, diz a entidade, � a sa�da para se livrar de juros exorbitantes. Outro indicador que refor�a o poss�vel aumento da inadimpl�ncia nos pr�ximos meses, segundo o estudo, � o maior n�vel de endividamento do consumidor. Em setembro do ano passado, 49,9% das pessoas tinham alguma d�vida, o percentual no m�s passado era de 59,3%.
O aut�nomo Lucas Emanuel, de 21 anos, insere-se nessa parcela. Autodeclarado “compulsivo” por compras, ele diz ter feito d�vidas muito grandes para seu or�amento em v�rios cart�es e, ao ficar desempregado, n�o conseguiu sald�-las. “Gastei, gastei, gastei. Perdi o controle”, diz. Ele conta ter feito empr�stimos para quitar os d�bitos dos cart�es, mas, mesmo com juros menores, n�o conseguiu pag�-las. “Estou parcelando at� a alma”, afirma o jovem, hoje com dificuldade em conseguir um novo emprego.
O diretor de Fiscaliza��o do Banco Central, Anthero Meirelles, corrobora da posi��o da Fecom�rcio-MG. Segundo ele, no segundo semestre os �ndices de inadimpl�ncia poder�o sofrer “alguma press�o”. Mas ainda se manter�o em patamares confort�veis na s�rie hist�rica. A explica��o, segundo Meirelles, est� atrelada aos modelos de cr�dito disponibilizados pelas institui��es financeiras ao longo do ano, tidos como mais seguros. “O cen�rio adverso da economia levou � redu��o na demanda por cr�dito e � ado��o de crit�rios de concess�o mais conservadores por parte das institui��es financeiras. N�o obstante, a inadimpl�ncia do sistema n�o apresentou aumento significativo”, diz relat�rio do Banco Central.
Para o diretor do BC, mesmo com a crise e o quadro adverso, os bancos brasileiros t�m base bastante s�lida e de resist�ncia. Ele citou o confort�vel n�vel de liquidez e desacelera��o do ritmo do crescimento do cr�dito e das capta��es, ao divulgar ontem o Relat�rio de Estabilidade Financeira (REF). (Com ag�ncias)