Os grandes bancos podem ver seus resultados encolherem dois d�gitos no ano que vem e a rentabilidade ser pressionada para baixo, impactados pelo aumento da inadimpl�ncia e tamb�m maior peso tribut�rio, como reflexo do ajuste fiscal. O cen�rio revela um ambiente operacional mais desafiador, na opini�o de analistas que aproveitam o final do ano para atualizar suas expectativas para o setor banc�rio, com a inser��o de outro ano de recess�o no Pa�s em seus modelos.
Enquanto de um lado as margens financeiras ainda devem continuar a impulsionar os n�meros do pr�ximo exerc�cio, do outro, a press�o por conta do aumento dos calotes deve elevar as provis�es para devedores duvidosos, as chamadas PDDs. Para Marcelo Telles, Lucas Lopes, Alonso Garc�a e Victor Schabbel, do Credit Suisse, o mercado superestima o crescimento das margens financeiras (NII, na sigla em ingl�s) e subestima o aumento das provis�es em 2016.
"O mercado est� falhando em explicar a r�pida deteriora��o dos fundamentos do setor, com todos os bancos, sem exce��o, entregando retornos (ROE, na sigla em ingl�s) abaixo do seu custo de capital nos pr�ximos dois anos, em meio � queda dos empr�stimos em termos reais e aumento muito maior do custo de risco", destacam eles, em relat�rio ao clientes.
Embora os grandes bancos tenham feito um exerc�cio de desalavancagem de seus balan�os, priorizando �reas de menor risco como cr�dito imobili�rio e consignado (com desconto em folha), esse esfor�o n�o ser� suficiente diante do maior alcance do cr�dito entre a popula��o que o verificado no passado, e a magnitude da extens�o da desacelera��o econ�mica, na opini�o dos analistas do Credit. Um executivo do setor admite que esse trabalho ainda estava em curso, e a combina��o de taxas crescentes de desemprego no Brasil e aumento da contribui��o sobre lucro l�quido (CSLL) de 15% para 20% deve penalizar o segmento.
"Na vis�o mais otimista, devemos ter lucro flat em 2016, e boa parte da queda est� relacionada � maior carga tribut�ria", avalia ele, explicando que o ganho n�o recorrente em cr�ditos tribut�rios (que crescem na mesma propor��o que a CSLL foi aumentada e funcionam como moeda de troca para o tributo) vir� este ano, mas o imposto maior ser� sentido nos n�meros do ano que vem.
Apesar disso, a qualidade dos ativos continua a ser a principal preocupa��o para o setor banc�rio, dado o aumento das incertezas macroecon�micas e do desemprego no Brasil, segundo Philip Finch, Frederic De Mariz e Mariana Taddeo, do UBS. Eles ressaltam, em relat�rio, que o risco de calote cresce em duas �reas potenciais: pequenas e m�dias empresas (principalmente na cadeia de suprimentos para o setor de petr�leo e g�s) e consignado, mas que o alto �ndice de cobertura dos bancos de 190% deve amortecer os efeitos.
O cr�dito deve seguir com ritmo lento de expans�o no pr�ximo ano, bem abaixo da infla��o, de acordo com analistas. Para Credit Suisse, no caso dos melhores bancos listados, o crescimento pode chegar a no m�ximo 3% em 2016, piso de v�rios guidances (proje��es) para este ano. Esperam ainda menor reprecifica��o de cr�dito no pr�ximo exerc�cio, com impacto mais vis�vel do t�mido avan�o dos empr�stimos.
Como consequ�ncia de um ambiente operacional mais desafiador, analistas projetam uma nova rodada de queda nos retornos dos grandes bancos que, desde o aumento dos juros, mantiveram-se pr�ximo ou acima dos 20%. Tito Labarta, do Deutsche, espera que a rentabilidade de Bradesco, Ita�, Banco do Brasil e Santander seja gradualmente menor, de 17% este ano para 16% em 2016 e 15% em 2017. No entanto, segundo ele, Bradesco e Ita� devem continuar a entregar rentabilidade pr�xima ou acima dos 20% pelo menos em 2015.
O Deutsche Bank, na contram�o das outras casas, elevou a recomenda��o para as a��es do Bradesco de manuten��o para compra diante de potencial limitado de queda para os pap�is do banco. J� o Credit Suisse fez um rebaixamento generalizado. A indica��o para Ita�, BB, Bradesco e Santander passou de neutra para underperform (desempenho abaixo do mercado) sob a justificativa de fracos resultados daqui para frente.
Antes do Credit, o BofA j� havia rebaixado o Bradesco de "compra" para "neutra". Os pre�o-alvos dos grandes bancos tamb�m n�o passaram ilesos. Como a temporada � de atualiza��es das proje��es, novos rebaixamentos revis�es para baixo nas previs�es de resultados para 2016 ainda podem ocorrer.