S�o Paulo, 27 - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta ter�a-feira, que, apesar da crise pela qual o Brasil passa, n�o h� desorganiza��o do tecido econ�mico. "A economia tem mostrado uma enorme resili�ncia. Apesar da desacelera��o, a inadimpl�ncia est� sob controle e o desemprego n�o est� subindo tanto, apesar de obviamente ter um impacto. N�s n�o estamos vendo uma desorganiza��o do tecido econ�mico, e isso mostra a flexibilidade, a capacidade da economia, o potencial de recupera��o", afirmou durante evento em S�o Paulo.
Levy deixou claro, no entanto, que essa resili�ncia da economia tem limites. "Seria muito arriscado entrar no pr�ximo ano sem estar definida a fonte de recursos para financiar as despesas obrigat�rias do governo", apontou. O ministro disse que n�o existem solu��es f�ceis e que n�o � poss�vel protelar o combate a esses problemas.
Questionado sobre a possibilidade de reduzir as despesas com custeio, inclusive com compras pequenas de comida e material de escrit�rio para a Presid�ncia, por exemplo, ele disse que ainda existe onde cortar, mas que isso n�o � nada comparado com os gastos com transfer�ncias e subs�dios. "Eu n�o acho que flores custem R$ 40 bilh�es, R$ 50 bilh�es como acontece com os subs�dios", afirmou. "Esse trabalho tamb�m tem de ser feito, mas n�o � s� isso. N�o devemos tentar encontrar solu��es f�ceis e enganadoras para problema que � real."
Ele lembrou que o governo reduziu recentemente o n�mero de minist�rios e tamb�m os cargos comissionados. Levy disse que ainda n�o viu seu contracheque, mas sabe que seu sal�rio caiu 10%. O ministro brincou tamb�m com uma foto recente que viralizou nas redes sociais, na qual ele aparece dormindo durante um voo comercial. "Eu aproveito a boa ind�stria de transporte a�reo que n�s temos", disse, sem se referir especificamente ao caso.
O ministro tamb�m foi questionado sobre o que o levaria a deixar o governo, mas n�o respondeu. "O importante, no trabalho, � se temos sucesso em explicar para as pessoas o que estamos fazendo, por que estamos fazendo. As pessoas t�m de ter confian�a de que, se acertarmos o fiscal, colocarmos as contas em ordem, a economia volta a crescer", se limitou a dizer.
Segundo ele, o governo tem de dar uma sinaliza��o muito clara sobre quais s�o seus compromissos, n�o s� os imediatos, mas sobre como quer ver a economia no futuro. "N�s temos de dar uma sacudida na economia, porque capacidade de rea��o a gente tem. J� passamos por outras crises e vamos passar por esta tamb�m."
'O Brasil supera'
Levy afirmou tamb�m que "tem demorado um pouco mais para as pessoas se darem conta de que precisamos fazer as coisas" para melhorar a situa��o das contas p�blicas do Pa�s. "Temos US$ 370 bilh�es de reservas. E talvez as pessoas n�o entendam a urg�ncia de medidas fiscais", disse.
O ministro citou que � papel do governo explicar � sociedade porque � importante realizar o ajuste fiscal, pois � um trabalho necess�rio para viabilizar a expans�o da Forma��o Bruta de Capital Fixo (FBCF) e o crescimento do PIB. "Quem faz investimento hoje quer saber como ser� o cen�rio fiscal em 4 ou 5 anos", comentou.
Levy apontou que o Poder Executivo vem fazendo esfor�os para cortar 10% de despesas, inclusive com a redu��o de oito minist�rios. "Em valor nominal, gastamos o mesmo que em 2013", apontou. Ele citou que seu sal�rio foi reduzido em 10%, o que considerou ser importante tamb�m para dar a sua contribui��o.
De acordo com o ministro, a crise atual � s�ria, mas o Pa�s j� superou outras que foram piores. "N�o podemos achar que agora vai ser o desespero. O Brasil supera." O ministro refutou que ocorra hoje domin�ncia fiscal, que era um fato na d�cada de 1980, mas que "n�o vemos esse quadro hoje".
Sobre o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, Levy disse que ele mostrou "enorme maturidade" ao promover um ajuste fiscal no in�cio de seu governo e que isso foi importante para o per�odo de crescimento posterior que se observou. "Isso � algo que nunca vai se apagar da biografia dele, de dar um rumo, abrir oportunidades para o Brasil", comentou.
