O impacto da perda do grau de investimento (selo de bom pagador) do Brasil vai ser grande sobre a economia real e ainda n�o est� totalmente absorvido, afirmou nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Apesar de o rebaixamento pela ag�ncia de classifica��o de risco Fitch n�o ter provocado grandes oscila��es na cota��o do d�lar, o ministro rejeitou a hip�tese de que a redu��o da nota do pa�s esteja precificada – incorporada aos pre�os dos ativos financeiros.
“A quest�o do rebaixamento � um sinal de aten��o. N�o entendo essa hist�ria de que est� tudo precificado. A gente pode mudar as coisas. O rebaixamento tem impacto forte na vida das empresas, dificulta [a obten��o de] cr�dito para elas avan�arem”, declarou o ministro em caf� da manh� com jornalistas.
De acordo com o ministro, o rebaixamento n�o representa um problema apenas para a d�vida p�blica brasileira, que est� crescendo. Segundo ele, a principal consequ�ncia da perda do grau de investimento se manifesta na economia real, com o aumento dos juros para as empresas que forem captar recursos no exterior.
“O rebaixamento n�o � problema de d�vida p�blica, nem da nossa d�vida externa, que est� baixa. O problema � o que significa para as empresas”, acrescentou o ministro. Por causa das reservas internacionais em torno de US$ 368 bilh�es, o pa�s � credor externo, tendo mais ativos que d�vidas no exterior.
Fazendo uma compara��o com o futebol, Levy cobrou o compromisso do governo em rela��o ao ajuste fiscal para reverter as consequ�ncias do rebaixamento no m�dio prazo.
“Acho importante tomar medidas no �mbito fiscal para reverter as consequ�ncias do rebaixamento. Acho que a gente tem condi��o de trabalhar. Voltar � primeira divis�o d� um pouquinho de trabalho, mas sempre � poss�vel.”
Em rela��o � decis�o do Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, de elevar os juros b�sicos dos Estados Unidos pela primeira vez em nove anos, o ministro disse que, diferentemente do rebaixamento, os efeitos do aumento das taxas j� est� absorvido pela economia mundial. Para ele, a eleva��o foi boa porque elimina incertezas que h� meses pairavam sobre o mercado financeiro internacional.
“Ao contr�rio do rebaixamento, a eleva��o dos juros pelo Fed j� estava precificada. A eleva��o [de 0,25 ponto percentual] indica que futuros aumentos ser�o feitos de maneira gradual. O Brasil estava preparado para isso. Era bom acontecer logo porque a resolu��o de incertezas traz aspectos positivos para a economia mundial.”
Apesar do rebaixamento, o ministro ressaltou que o pa�s continua atrativo para investidores estrangeiros. Ele citou o leil�o de renova��o das concess�es de usinas hidrel�tricas, que rendeu R$ 17 bilh�es que entrar�o no caixa do governo no pr�ximo ano.
“Em rela��o ao setor el�trico, hoje temos tranquilidade maior no setor. H� um ano, todo mundo previa que haveria um apag�o. Foi um ano dif�cil, mas n�o teve apag�o. Conseguimos fazer um leil�o significativo sem que as empresas participantes tivessem de pedir dinheiro para o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social]. O fato de investidores querendo comprar ativos no Brasil � uma vit�ria.”
Levy disse ainda que a Petrobras, embora enfrente dificuldades com a queda do pre�o internacional do petr�leo, est� se recuperando. “No in�cio do ano, as ag�ncias de risco previam que a Petrobras n�o conseguiria nem publicar as contas. Ela publicou as contas e est� com sistema de compliance [cumprimento de normas de transpar�ncia] bastante forte. A verdade � que a Petrobras est� lidando com o desafio da mudan�a do pre�o do petr�leo, que � o principal produto, com estrat�gia de desinvestimento”, concluiu.
