S�o Paulo, 17 - A distribui��o de renda no Brasil � pior do que se imaginava. Um estudo elaborado pela Tend�ncias Consultoria Integrada mostrou que a classe A - fam�lias com rendimento superior a R$ 14.695 - det�m uma fatia ainda maior da massa de renda nacional.
Os economistas chegaram ao novo n�mero sobre distribui��o de renda com base numa esp�cie de Pnad ajustada. O ajuste foi feito analisando a renda de duas formas. Para as fam�lias com ganhos de at� cinco sal�rios m�nimos, foram utilizados os dados tradicionais da Pnad. Para as faixas mais ricas, o estudo levou em conta as declara��es de Imposto de Renda.
“Todo mundo sabia que a desigualdade de renda no Brasil era enorme, mas ela � muito maior do que se imaginava”, afirma Adriano Pitoli.
A vantagem de analisar os dados da Receita para as classes mais ricas � explicada pelo fato de a Pnad ser declarat�ria e, portanto, limitada para mensurar dados envolvendo fontes de renda com ativos financeiros e alugu�is.
“As pesquisas declarat�rias (como a Pnad) s�o ineficientes para capturar a renda de aplica��es financeiras, alugu�is e ganhos de capital”, afirma Pitoli. “Na verdade, ningu�m tem esses n�meros de cabe�a.”
O exerc�cio da Tend�ncias deixa evidente a dificuldade da Pnad em apurar o tamanho da desigualdade brasileira. Nas fam�lias com renda entre cinco e dez sal�rios m�nimos, a massa de renda apurada pela Pnad � 13% menor do que mostra o dado da Receita Federal. A diferen�a � crescente conforme o topo da pir�mide se aproxima.
Na faixa de brasileiros com ganhos acima de 160 sal�rios m�nimos, a massa de renda captada pela Pnad � 97% menor do que os dados obtidos pela an�lise do Imposto de Renda.
“A desigualdade com base nos dados da Pnad � menor do que mostram os dados da Receita”, afirma Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Pol�ticas P�blicas do Insper. “Existe uma dificuldade da Pnad em captar a renda da fatia mais rica da popula��o.”
O estudo da consultoria Tend�ncias tamb�m chegou a outras duas conclus�es relevantes: o abismo entre as classes sociais � maior do que se imaginava e as classes A e B s�o um pouco maiores do que indicavam as pesquisas tradicionais.
Pela Pnad tradicional, a classes A responde por 2% do total das fam�lias brasileiras, e a classe B, por 12,6%. Nos dados ajustados pela consultoria, a fatia das classes aumenta para 3,6% e 15%, respectivamente.
Com rela��o ao distanciamento entre as classes sociais, o estudo da consultoria apontou que a renda das fam�lias da classe A � 40,9 vezes maior do que as da classe D/E. Na Pnad original, a diferen�a apurada era de 23,3 vezes.