Al�m do dinheiro que n�o entra no caixa, a demiss�o tira o sono dos micros e pequenos empres�rios. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), divulgados na semana passada, o com�rcio foi o quarto setor que mais demitiu em 2015, perdendo 218 mil vagas no per�odo. A ind�stria de transforma��o foi o setor que mais demitiu trabalhadores com carteira assinada, com 608 mil demiss�es, seguida pela constru��o civil (-416 mil vagas). Em terceiro lugar aparecem os servi�os, com 276 mil demiss�es em 2015.
Segundo o Sindlojas, no com�rcio em BH s�o 230 mil empregos diretos e a estimativa � de que 10% desses trabalhadores tenham sido demitidos em 2015. E de acordo com dados do Sindicato dos Empregados no Com�rcio de Belo Horizonte e Regi�o Metropolitana (SEC), em 2015, foram 29.234 demiss�es. O n�mero se refere a trabalhadores com mais de um ano empregado. “Muitas pessoas est�o sendo demitidas com menos de um ano no trabalho, isso tem sido comum. Por�m, nossos dados n�o contemplam isso”, comenta Oswaldo Gon�alves, diretor do sindicato.
Para Gon�alves, diante do cen�rio, n�o h� outro resultado a n�o ser a preocupa��o. “As pessoas n�o est�o tendo como gastar, h� a infla��o, o sal�rio m�nimo aumentou. � uma press�o muito grande”, afirma. “Tenho 10 anos de mercado e pago para trabalhar, e n�o h� o que fazer. O banco n�o libera cr�dito, e, se antes vendia 90 carros por m�s, hoje n�o chega a 15. Ningu�m entra para comprar” comenta o dono da Mixcar, �der Eust�quio, acrescentando que a preocupa��o � tamb�m com o quadro de funcion�rios. “Tenho vendedores que t�m fam�lias e dependem das vendas”, lamenta. Segundo Gon�alves, cerca de 90% dos trabalhadores do com�rcio dependem de comiss�es.
Sem perder a esperan�a
Demorou seis meses para a crise bater na porta do comerciante Henrique Nonato, dono da Via Ricco, loja de cal�ados. H� 50 anos no mercado, ele diz que, em agosto do ano passado, ele sentiu a retra��o na economia. “Depois disso, as vendas come�aram a cair todo m�s. E tivemos um dezembro muito fraco, com queda de 30%. Foi um m�s hist�rico”, comenta, acrescentando que neste janeiro as vendas se mant�m em baixa. “� preciso ter f� de que vai melhorar”, aposta.
Quando Rosilene Abad abriu a Ateli�, na Savassi, em 2014, chegou cheia de expectativas e n�o esperava quedas nas vendas. Come�ou, em outubro daquele ano, com duas funcion�rias. Mas, com o ano de 2015 ficou s� com uma e tem visto os vizinhos fecharem as portas. “A crise n�o � algo da Savassi, � geral. A minha loja � uma franquia, e a situa��o � a mesma em S�o Paulo, Esp�rito Santo e Bahia”, compara, dizendo que, por mais que o cen�rio n�o seja favor�vel e que ela volte para casa chateada, h� sempre um outro dia e ela mant�m o bom humor, investindo no bom atendimento. “N�o adianta ficar reclamando com a clientela. Tenho esperan�as que 2016 vai melhorar”, diz. Na avalia��o da economista da CDL Ana Paula Bastos, um plano econ�mico de confian�a a longo prazo do governo federal poderia reaver os �nimos no com�rcio. (LE)