
A desacelera��o da economia mineira vem sendo observadadesde o bi�nio 2011/2012. O �nico setor que cresceu em 2015 foi o de servi�os imobili�rios (1,8%), mas a boa performance n�o foi suficiente para frear a retra��o. A queda do PIB de Minas foi puxada pelo encolhimento da ind�stria, de 9,1%, e dos servi�os, de 2,85%. A ind�stria de transforma��o puxou o freio, ao recuar 12,7%, seguida da constru��o civil, que ficou no vermelho, com taxa negativa de 8,85%.

O pesquisador Gl�uber Silveira, da FJP, lembrou que a queda da produ��o das f�bricas no estado j� � registrada h� quatro trimestres. A produ��o de m�quinas e equipamentos caiu 38% e a de ve�culos automotores, 33%. A C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) esperava a retra��o de 2,8% do com�rcio e da presta��o de servi�os. Em nota, informou que o resultado � fruto do cen�rio macroecon�mico adverso vivido no ano passado, com taxa de juros e infla��o em alta, diminui��o do investimento produtivo e recuo da demanda internacional pelas commodities (produtos agr�colas e minerais cotados no mercado internacional) mineiras. A entidade credita o mau desempenho ao aumento do custo de vida, que afetou o poder de compra das fam�lias.
Outro fator determinante, segundo a CDL, foram os juros elevados, que dificultaram o acesso do consumidor ao cr�dito. “O setor de servi�os reflete o que est� ocorrendo no pa�s como um todo. � o reflexo do desaquecimento do mercado interno, que depende muito do consumo das fam�lias”, afirma Raimundo de Souza. Verificada desde 2013, a estiagem levou os reservat�rios das maiores usinas hidrel�tricas a n�veis cr�ticos, o que impactou no setor de eletricidade e saneamento, que teve queda de 12,2%.
“Minas � a caixa d'�gua do Brasil, mas com a seca, em lugar de exportar, o estado teve que importar energia de outras regi�es, como do Norte do pa�s”, pontua Raimundo. A ind�stria da minera��o, que est� entre os principais setores que sustentam a economia de Minas, sofreu o baque do rompimento da Barragem de Fund�o, em Mariana em 5 de novembro. Enquanto a extra��o de minerais no Brasil cresceu 4,9%, em Minas o setor encolheu 1,1%. O pior resultado foi registrado no quarto trimestre do ano, quando a trag�dia ocorreu. No quarto trimestre de 2015 em rela��o ao terceiro, despencou 10,7%.
DESASTRE POL�TICO O vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais, Pedro Paulo Pettersen, afirma que a queda do PIB aponta processo de esvaziamento significativo da ind�stria mineira. A retra��o nos setores de bens de capital e na ind�stria automotiva tem efeito cascata. “Vai levar um tempo para a economia mineira se recuperar. A grande dificuldade � que parte substancial da crise adv�m da pol�tica, sobre a qual n�o se tem expectativa de solu��o imediata. A cada momento surge um fato novo. Antes de a economia reagir, � preciso uma alternativa para a crise pol�tica.”
Pettersen destaca tamb�m a retra��o no setor de siderurgia, que n�o consegue aumentar as exporta��es. “O setor est� com grande capacidade ociosa e demitiu muito”, afirma. Glauber Silveira, da FJP, ressalta que n�o � poss�vel fazer progn�sticos de recupera��o. As proje��es para o ano s�o de queda do PIB brasileiro em 3,6%, que dever� ser acompanhada pela retra��o da economia mineira.
Freio nas lavouras do caf� ao feij�o
A falta de chuva, que teve impacto nos reservat�rios das hidrel�tricas, afetou, tamb�m, o desempenho da agricultura. Caf�, a��car e feij�o, que t�m o maior peso no setor, apresentaram quedas, respectivamente, de 1,4%, 2,9% e 11,1% em 2015. A coordenadora da Assessoria T�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, afirma que a quest�o clim�tica foi um dos principais fatores para a retra��o do setor. “O efeito da seca dentro das propriedades rurais foi severo. Ao longo de todo o ano, vimos a manifesta��o de produtores. Al�m dos fatores naturais que influenciaram nas safras, o desempenho aqu�m tamb�m se deve ao pre�o das commodities no mercado internacional”.
Diversos munic�pios decretaram estado de emerg�ncia devido ao agravamento da crise h�drica. No entanto, Aline lembra que a queda de outros ramos da atividade econ�mica, como a siderurgia, teve impacto no campo. A menor produ��o nas siderurgias levou � retra��o na silvicultura (produ��o de celulose, madeira e carv�o vegetal). De acordo com a especialista, a Faemg apresentar� o PIB do agroneg�cio, que dever� ser positivo. Segundo ela, a diferen�a em rela��o aos dados da Funda��o Jo�o Pinheiro se deve �s metodologias de apura��o dos dados. Enquanto a funda��o leva em conta a produ��o agr�cola, a federa��o considera toda a cadeia produtiva. (MC)
