
Frutas, verduras e legumes, fundamentais para uma boa alimenta��o, passaram a assombrar consumidores nas feiras e supermercados do pa�s. O mam�o virou pol�mica do caf� da manh� e amargou o “bom dia!” com alta de 43,7% no seu pre�o em Belo Horizonte neste m�s. O tipo hava�, por exemplo, � achado em BH at� por R$ 16,99 o quilo – pre�o superior, por exemplo, ao cobrado pela mesma quantidade de carne ac�m, que chega a R$ 14. Al�m do fruto, a ab�bora ficou 30,69% mais cara e, a uva, 21%. Esses alimentos come�am a sair da mesa dos belo-horizontinos, sem previs�o de voltar t�o cedo. Enquanto isso, o tomate teve queda de 10% e vem perdendo o t�tulo de vil�o da infla��o, pelo menos por enquanto.
� o caso do mam�o, que virou o “novo tomate”. Somente em BH, a fruta sofreu uma alta superior a 40% e, no Brasil, o valor aumentou em 27%. Em estabelecimentos pesquisados pelo Estado de Minas, o hava� chega a custar R$ 16,99 em mercados na Zona Sul. O menor pre�o encontrado para o hava� pela reportagem foi de R$ 9, 98 o quilo. O tipo � o mais caro. Mas o mam�o formoso, antes mais em conta para o bolso do consumidor, j� n�o � visto com bons olhos, uma vez que tamb�m sofreu aumentos, chegando a custar em torno de R$ 8 em BH. “Lembro de quando vendia o hava� a R$ 2. A caixa com o formoso custava, com os fornecedores, R$ 15 e, hoje, est� R$ 55. Temos que repassar e, com isso, as vendas ca�ram 40%”, lamenta o gerente do Pomar Niquelina, Enilson Silva. Por l�, o mam�o hava� est� R$ 9,90 o quilo e o formoso R$ 7,90.

REDU��O DA OFERTA Por se tratar de um alimento em que a colheita se d� o ano inteiro, muitas pessoas est�o sem saber exatamente o porqu� desses valores absurdos. A Associa��o Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex) informou que a falta de chuva nas principais regi�es produtoras de mam�o do Brasil nos �ltimos meses ocasionou a diminui��o da oferta da fruta no mercado e consequentemente uma forte eleva��o nos pre�os.
O Esp�rito Santo, de acordo com a entidade, � maior exportador e segundo maior produtor de mam�o do pa�s. Por�m, a entidade estima que houve uma queda de 50% da produ��o ocasionada pelo n�o desenvolvimento dos mamoeiros que n�o receberam irriga��o suficiente, seja pela falta de �gua em rios e represas, seja pela restri��o da irriga��o por parte do governo.
A coordenadora da assessoria t�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, refor�a a explica��o da Brapex e diz que, em Minas, grande parte do mam�o � proveniente do estado capixaba. “Houve o desastre ambiental na cidade de Mariana, que se alastrou pelo Rio Doce, chegando ao Esp�rito Santo. Por l�, as bombas de irriga��o precisaram ser lacradas. Isso gera um volume de �gua menor. Assim, somado ao clima quente, h� menos oferta do mam�o no mercado”, esclarece.
Em mar�o, o mam�o hava�, de acordo com levantamento do Ceasa, puxou a alta de 13% no grupo das frutas no centro de abastecimento, quando comparado a fevereiro. O quilo no atacado saiu de R$ 2,06 para R$ 3,54, aumento de 71,8%. Segundo o IBGE (veja quadro), em abril de 2015, a iguaria j� tinha subido 20% e, em mar�o deste ano, teve alta de 44,97% em BH. A previs�o � de que, para a fruta, a alta continue nos pr�ximos meses.
Sa�da pode ser troca de itens
Enquanto o susto � grande pelos sacol�es da cidade, a estrat�gia de muitos consumidores � a velha mudan�a de h�bitos. Uma vez que n�o h� previs�o de quando o mam�o voltar� a ter um pre�o mais acess�vel, o Movimento das Donas de Casa de Belo Horizonte recomenda que ningu�m compre a fruta, como forma de pressionar a queda nos pre�os. “Vamos bater na mesma tecla: substitui��o. O mel�o, por exemplo, rende muito mais e o pre�o est� bem melhor”, indica a presidente do movimento, L�cia Pac�fico.
Ela diz que, al�m de cara, a fruta vem sendo vendida nas feiras com m� qualidade. “Nunca vimos o mam�o chegar a um valor desses, ent�o, � hora de o consumidor n�o coloc�-lo no carrinho”. Mas, mesmo assim, L�cia Pac�fico reconhece que os produtos mais em conta ainda s�o caros. Ela comenta que as suas compras j� chegaram a custar R$ 130 por semana e, atualmente, n�o custam menos de R$ 200. “Estou diminuindo a quantidade e optando pelos produtos de �poca para que a conta n�o fique ainda mais alta.”
Uma outra estrat�gia usada por muitos � a troca de estabelecimento. Al�m de cortar o mam�o do carrinho, a arquiteta Juliana Santiago Spezialli diz que mudou de lugar. Antes, ela era cliente de um sacol�o no Bairro Serra e, agora, passou a frequentar outro, no Santa Efig�nia. “A diferen�a � de quase um ter�o da conta. Al�m disso, estou trocando as frutas. Levo a banana-caturra, que � mais em conta e a ma�a gala, tamb�m mais barata. Com crian�as em casa n�o posso n�o incentiv�-las a comer frutas, por isso, a substitui��o foi o melhor caminho.” O mesmo fez a psic�loga Priscila Lopes. “Lembro que na �poca em que o tomate era o vil�o fiquei um bom tempo sem consumi-lo. Hoje tenho um beb� de 1 ano e tento substituir o que est� com o pre�o elevado por algo t�o saud�vel quanto”, diz.
Al�m da substitui��o, o coordenador do curso de Administra��o do Ibmec/MG, Eduardo Coutinho, indica a quem tem necessidade de comprar o mam�o, por exemplo, a buscar ofertas. “Ir �s compras no fim do dia pode ser uma op��o, apesar de correr o risco de comprar algo de baixa qualidade”, diz e acrescenta que para a eleva��o dos pre�os alimentos n�o h� nada conspirat�rio. “A crise pode ter impactado o custeio, mas, provavelmente, o motivo principal para esse cen�rio � a falta dos itens no mercado”, conclui.
Culpa do clima
Alguns produtos devem come�ar a baixar de pre�o com o fim dos efeitos sazonais. Para a cenoura, com alta de 22,53%, a coordenadora da assessoria t�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, prev� queda nos pr�ximos dias. Ela comenta que o vegetal come�ou a ser plantado em janeiro no estado e, agora, come�a a colheita, gerando no mercado uma quantidade maior do produto. “� uma quest�o de sazonalidade e tamb�m organizacional dos produtores, j� que muitos, do Alto do Parana�ba – nosso maior produtor – fizeram o plantio na mesma �poca”, diz.
O engenheiro agr�nomo do IBGE, Humberto Silva, afirma que no caso do vegetal, a chuva no Sul do pa�s atrapalhou a produ��o na regi�o, maior produtora do pa�s. O mesmo, segundo ele, ocorre com as bananas vindas de S�o Paulo. “Os aumentos s�o uma quest�o clim�tica e sazonal. E n�o d� para culpar os supermercados ou produtores. � a lei da oferta, se h� pouco no mercado, a tend�ncia � aumentar o pre�o”, esclarece.
Ele n�o descarta a situa��o econ�mica do pa�s ao dizer que o custo da produ��o aumentou. “O pre�o do adubo e agrot�xico, por exemplo, est�o mais altos. Mas o impacto � clim�tico”, refor�a e diz que a tend�ncia � a regulariza��o dos pre�os. “O tomate, por exemplo, varia de R$ 0,70 a R$ 7 em um ano”, exemplifica.





