Saem as camas e a televis�o, entram mesa e cadeiras para reuni�es. Quartos est�o sendo transformados em escrit�rios na rede hoteleira para reduzir perdas com excesso de oferta e baixa procura por hospedagem em Belo Horizonte. Com aproximadamente 30 mil vagas, a capital tem hoje forte ociosidade tanto em dias �teis como em fins de semana. Al�m da transforma��o do local de dormir em �rea de trabalho, hot�is passaram a ser usados tamb�m para a realiza��o de festas particulares, com DJs inclu�dos como atra��o.
A redu��o no faturamento do setor e a busca por alternativas para elevar receita ocorreu principalmente depois da Copa do Mundo de 2014. Para a competi��o, foram constru�dos na cidade 34 hot�is, que aproveitaram incentivos para se juntarem aos 180 que j� existiam na cidade.
Segundo a Hotel Invest, consultoria que realiza um panorama nacional e latino-americano sobre o setor, o ano ser� dif�cil para os hot�is em todo o Pa�s, mas a situa��o � especialmente grave em Belo Horizonte, onde h� uma clara superoferta. Segundo dados apurados pela Hotel Invest em abril, a taxa de ocupa��o do munic�pio � de 47%, a mais baixa entre as capitais nacionais pesquisadas, como Salvador, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e S�o Paulo. Para uma opera��o ter um ponto de equil�brio, fontes do setor dizem que a ocupa��o precisa girar em torno de 60% dos quartos.
Criatividade
� por isso que os administradores de hot�is na capital mineira est�o em busca de alternativas. "O que preciso � colocar as pessoas dentro dos nossos estabelecimentos", afirma o diretor de marketing da administradora Vert Hot�is, em Belo Horizonte, Bruno Guimar�es. A rede pretende chegar at� julho com 10% dos 545 quartos que tem na cidade sendo utilizados como escrit�rio.
A rede quer oferecer espa�o em um sistema que ficou conhecido como coworking - em que diferentes empresas dividem um mesmo espa�o. Hoje, 40 quartos j� s�o usados com essa finalidade. "Pode parecer pouco, mas � importante ressaltar que, dentro do hotel, as pessoas tendem a utilizar tamb�m o restaurante e outros servi�os, contribuindo para o crescimento do faturamento", ressalta Guimar�es. Os quartos separados para o coworking s�o utilizados principalmente para reuni�es ou realiza��o de cursos.
Hot�is em todo o Brasil sempre alugaram sal�es geralmente dispon�veis no t�rreo dos pr�dios ou nos andares inferiores para reuni�es e congressos. "O problema � que o custo � muito alto para colocar uma �rea como essas para funcionar. Um exemplo de despesa que sobe muito nesses casos � a com ar condicionado", frisa o diretor de marketing da Vert.
Economia
A empres�ria Vanessa Alcice, que atua no setor de treinamento de pessoal, encerrou o contrato de aluguel da sala em que trabalhava e passou a utilizar o sistema de coworking em um hotel de Belo Horizonte. "Al�m da loca��o, pagava tamb�m secret�ria. Havia ainda os gastos com luz e telefone", conta Vanessa. Conforme a empres�ria, que paga R$ 30 por hora no sistema de quartos transformados em escrit�rios, seus custos com a mudan�a na forma de trabalho foram reduzidos em 70%.
A presidente da Abih em Minas Gerais, Patr�cia Coutinho, que � propriet�ria de um hostel em Belo Horizonte, conta que o planejamento que buscou para ampliar receita foi a realiza��o de festas, mesmo para quem est� ou n�o hospedado em seu estabelecimento. "A criatividade tem de ser usada nesse momento", diz.
De acordo com a empres�ria, os pre�os das tarifas de hotel hoje s�o equivalente aos praticados em 2010. "E os custos, principalmente com �gua e luz, aumentaram muito", compara a empres�ria.
Em algumas redes, a sa�da foi usar o terra�o dos pr�dios para a realiza��o de festas - a organiza��o e a contrata��o do DJ fica por conta do pr�prio hotel. O modelo da atra��o j� tem at� nome em ingl�s: "roof top".