Novos indicadores vitais da economia divulgados ontem indicam o agravamento da crise e a dimens�o maior do que se imaginava dos desafios que o governo do presidente em exerc�cio Michel Temer t�m pela frente. O desemprego bateu recorde em 21 estados, neste ano, resultando em baixa do consumo e no menor n�vel de inten��o de gastos das fam�lias desde 2010. Os dois fatores explicam tamb�m a queda de 9,71% da arrecada��o de impostos e contribui��es federais de janeiro a abril, ante a receita apurada no mesmo per�odo do ano passado.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) divulgou ontem as maiores taxas de desocupa��o da s�rie de dados apurados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (PNAD) Cont�nua em 21 das 27 unidades da federa��o. A Bahia � o estado com o maior propor��o de desempregados, influenciado a taxa da regi�o Nordeste. Entre o �ltimo trimestre de 2015 e o per�odo de janeiro a mar�o de 2016, o desemprego naquele estado passou de 12,2% para 15,5% da Popula��o Economicamente Ativa (PEA, o conjunto de pessoas ocupadas e em busca de trabalho). A Bahia ultrapassou o Amap�, que nesse mesmo per�odo viu o desemprego sair de 12,7% para 14,3%.Em Minas Gerais, o desemprego aumentou de 9,3% para 11,1% no primeiro trimestre deste ano, afetando 1,2 milh�o de pessoas. A desocupa��o no estado superou a m�dia registrada no Brasil, de 10,9%. Os dados nacionais j� haviam sido divulgados em abril pelo IBGE, que ontem detalhou as informa��es por grandes regi�es do pa�s. O n�mero de desempregados no Brasil est� estimado em 11,1 milh�es.
“O mercado de trabalho est� vinculado ao desempenho da economia e est� sendo afetado pela situa��o econ�mica atual”, comenta o economista e analista do IBGE Gustavo Fontes. Ele tamb�m acredita que a situa��o mineira tem liga��es com a import�ncia do estado para o setor industrial. “Os n�meros podem ser reflexo da crise do setor produtivo”, observa.
O impacto do alto n�vel de desocupa��o � inevit�vel no consumo. Pesquisa tamb�m divulgada ontem pela Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC) revela queda de 8,7% em maio, perante abril, do n�vel de consumo das fam�lias brasileiras. A maior parte, ou seja, 65,9% est�o comprando menos do que em igual per�odo do ano passado. Outro indicador do estudo, a Inten��o de Consumo das Fam�lias (Icei) retraiu 4,6% em maio, para 69,9 pontos. Desde o in�cio da s�rie de dados em janeiro de 2010 esse foi o n�vel m�nimo hist�rico.
Al�m da eleva��o do desemprego, o recuo dos rendimentos contribui para o cen�rio de restri��o do consumo. A PNAD Cont�nua apurou renda habitual real do trabalho, ou seja, descontada a infla��o, de R$ 1.996 em m�dia no primeiro trimestre deste ano, perante vencimentos de R$ 2.031 entre outubro e dezembro de 2015. Com a turbul�ncia na economia, a Uni�o arrecada menos, num momento em que o pa�s necessita cobrir o rombo das contas p�blicas. A estimativa de d�ficit fiscal neste ano dever� ser conhecida at� segunda-feira.
A equipe econ�mica comandada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ter� de administrar queda real (descontada a infla��o) de 7,91% da arrecada��o da Receita Federal apurada de janeiro a abril. O recolhimento de impostos e contribui��es federais somou R$ 423,909 bilh�es, menor valor para o per�odo desde 2010.Quando analisado apenas o m�s passado, arrecada��o federal foi de R$ 110,895 bilh�es, recuo real de 7,1% na compara��o com o mesmo m�s de 2015. Em rela��o a mar�o, houve alta 15,08%, ainda assim o pior desempenho para meses de abril desde 2010.
RECUO GERAL De acordo a pesquisa da CNC, outros componentes ligados ao consumo tamb�m recuaram, com destaque para as compras a prazo (-5,6% em maio ante abril) e perspectiva de consumo (-4,0%). A economista da CNC Juliana Serapio afirmou que al�m da alta taxa de desemprego, o elevado custo do cr�dito e o alto n�vel de endividamento das fam�lias brasileiras s�o os principais motivadores da queda na inten��o de compras parceladas. Com 42,9 pontos, o componente momento para bens dur�veis recuou 3,7% ante abril. Ainda segundo a CNC, 75,7% consideram o momento atual desfavor�vel para aquisi��o desse tipo de bem, normalmente mais caro.
Pelos dados do IBGE, a ind�stria foi o setor que mais desempregou em Minas, com redu��o de 11,4% nas vagas. O analista Gustavo Fontes, do instituto, chama aten��o para os servi�os de informa��o, comunica��o e atividades financeiras, imobili�rias, profissionais e administrativas, com queda de 9,8% nas vagas no primeiro trimestre de 2016. “Estamos vendo que, al�m da ind�stria, alguns servi�os mais modernos fazem parte do grupo com destaque para o desemprego”, avalia.
MENOS INVESTIMENTO A inten��o de investir dos empres�rios de micro e pequenos empreendimentos do setor de servi�os e do com�rcio caiu em abril para o menor n�vel em 12 meses – pior resultado da s�rie hist�rica iniciada em maio do ano passado, com base em pesquisa realizada pelo Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC Brasil) e a Confedera��o Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com os Indicadores de Demanda por Cr�dito e de Propens�o para Investimentos do Micro e Pequeno Empres�rio (IDCI-MPE), a inten��o caiu de 28,45 pontos em mar�o para 19,96 pontos em abril. Quanto mais os �ndices se aproximam de 100, maior � a disposi��o de investir. No total, apenas 13% dos empres�rios entrevistados est�o interessados em promover investimentos.