A reboque da crise da ind�stria automotiva, que tem reagido � queda das vendas com paralisa��es seguidas das linhas de produ��o para baixar os estoques, as escolas de forma��o de condutores de Minas Gerais perdem faturamento em consequ�ncia da redu��o de at� 40% do n�mero de alunos, demitem e j� h� casos de empresas que fecharam as portas, deixando clientes no preju�zo. O setor est� “a beira do colapso”, como define o presidente do Sindicato dos Propriet�rios de Autoescolas de Minas Gerais (Siprocfc), Alessandro Dias. A retra��o do neg�cio se agravou desde abril e levou a cortes de 20% da frota e de 15% do quadro de empregados, a maioria de instrutores, nas estimativas da entidade representativa das escolas.
A reportagem do Estado de Minas tentou contato, sem sucesso, com Claudiane. “Isso � um problema que est� ocorrendo e, muitas vezes, os cidad�os n�o sabem que podem ficar no preju�zo. Por isso, � importante, antes de contratar o servi�o das autoescolas, estar atento e pesquisar sobre as empresas”, alerta Alessandro Dias. As autoescolas entraram em desespero depois de anunciado o recuo de 25% da produ��o brasileira de ve�culos entre janeiro e abril, frente ao mesmo per�odo do ano passado. At� mar�o �ltimo, o n�mero de alunos havia ca�do 30%, contudo, a expectativa do sindicato � de que a retra��o tenha se aprofundado em maio, tendo alcan�ado 40%.
“Estamos � beira do colapso e isso � reflexo das incertezas na economia”, afirma o presidente da entidade, que atribuiu a baixa na procura pela primeira habilita��o ao desemprego e ao aumento do custo de vida dos brasileiros. Outro problema que as autoescolas enfrentam � a eleva��o das despesas para prestar o servi�o, com destaque para os gastos com a gasolina. Em um ano, o combust�vel teve alta de 18%.
AJUSTES INEVIT�VEIS
At� 2014, o setor empregava 27 mil profissionais em Minas, com base em estat�sticas do sindicato das empresas, e atendia cerca de 500 mil pessoas por ano, sendo que quase R$ 600 milh�es eram gerados para o estado em arrecada��o de taxas pagas pelos alunos. “Mas a crise veio e atingiu com for�a o nosso mercado”, comenta o dono do Centro de Forma��o de Condutores Carmos, Marco Aur�lio Fontes. Ele diz que a empresa amarga queda de 30% na receita e no n�mero de novos alunos.
“No momento, dos meus 13 carros, vendi um e estou com outro parado, e j� penso em parar mais um”, revela Aur�lio Fontes. H� 48 anos no ramo, a autoescola jamais havia enfrentado crise t�o severa, segundo o empres�rio. “T�nhamos, por m�s, 45 novas inscri��es, em m�dia, e isso caiu muito. Reduzimos o quadro de funcion�rios em dois instrutores. Passei a economizar at� no uso do papel.” Outra forma que encontrou para driblar a situa��o foi acertar parceria com outras autoescolas para o uso de simulador.
“Dividimos o custo de R$ 36 por aula. Gasta-se muita energia com esse aparelho e, por isso, a nossa estrat�gia para reduzir as despesas foram as parcerias com outras escolas”, afirma. Fontes tamb�m adotou descontos para pagamento � vista. Para driblar a crise, a autoescola Millenium decidiu apostar em promo��es e alongar o prazo de pagamento parcelado pelos alunos, agora, de at� 10 vezes, em lugar do plano anterior de no m�ximo tr�s presta��es.
O dono da empresa, Rodrigo Ribeiro, diz ter contabilizado redu��o de at� 40% na procura pelas aulas neste ano, o que levou � necessidade de promover ajustes, como a demiss�o de funcion�rios. “A crise se potencializou em fevereiro. Em 2015, o setor vivia de altos e baixos, mas neste ano n�o houve jeito. Demitimos tr�s instrutores e, caso esse cen�rio permane�a, teremos que fazer mais ajustes”. Ribeiro diz que, como sempre investiu na publicidade, conseguiu minimizar o impacto da crise com promo��es feitas nas redes sociais, como aquela em que aluno ganha desconto ao indicar a escola a um amigo.
Longe do tempo em que havia longa fila de espera para ingresso nas turmas da autoescola, Ribeiro reclama do aumento dos custos com combust�vel e energia el�trica, e diz que a conta n�o veja. “Tenho ar-condicionado em todas as salas de aula, e, ao mesmo tempo em que h� uma queda de clientes, as despesas sobem, e estou absorvendo os gastos para nos manter”, afirma. A Millenium passou a atender 40 alunos por m�s, em lugar dos anteriores 70 clientes.