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Estado de Minas

Turismo rural ao sabor da 'marvada'

Produtores de Salinas est�o criando o Circuito Tur�stico da Cacha�a, com visitas guiadas �s fazendas produtoras da regi�o. Ideia � atrair novos apreciadores e ampliar o mercado da bebida


postado em 01/08/2016 00:12 / atualizado em 01/08/2016 09:15

(foto: Paulo Henrique Lobato/EM/D. A Press )
(foto: Paulo Henrique Lobato/EM/D. A Press )

Salinas – Na crise econ�mica que assola o pa�s e anda de m�os dadas com a instabilidade pol�tica  produtores de tradicionais mercadorias com as digitais mineiras, como o queijo e a cacha�a, recorrem a novas estrat�gias para reduzir o custo de produ��o e ao mesmo tempo ganhar mercado. O desafio � grande. J� o clich� t�o batido quanto necess�rio: � preciso enxergar oportunidades em momentos dif�ceis.


Atento ao que ocorre no campo, o Estado de Minas publica hoje e nos pr�ximos domingos a s�rie de reportagens Driblando a crise. Em Salinas, no Norte do estado e a 660 quil�metros de Belo Horizonte, produtores da cidade conhecida como a capital mundial da cacha�a artesanal refor�aram o associativismo e bolam projetos em parceria com outros setores na expectativa de que as vendas cres�am pelo menos dois d�gitos.


A regi�o re�ne cerca de 100 fabricantes de caninha, respons�veis por aproximadamente 15 milh�es de litros anuais – o pre�o de alguns r�tulos supera o de genu�nos u�sques escoceses. A Associa��o dos Produtores Artesanais de Cacha�a de Salinas (Apacs) aproveitou a fama e a qualidade da bebida para atrair novos compradores por meio de uma proposta desenvolvida em parceria com o poder p�blico e a Associa��o Comercial, Industrial e de Servi�os de l�, a Aciss-CDL.


Trata-se do Circuito Tur�stico da Cacha�a, que est� em fase de experi�ncia e ajustes. O projeto busca fidelizar consumidores e atrair um p�blico novo, como quem usa a cidade como dormit�rio nas viagens ao Nordeste. Salinas est� �s margens da BR-25, um dos acessos �s badaladas praias da Bahia. A ideia � manter esse potencial comprador pelo menos um dia no munic�pio, oferecendo-o visitas guiadas �s fazendas.


“H� uma expectativa de que as vendas subam pelo menos 10%. As pessoas conhecer�o canaviais e todo o processo artesanal de fabrica��o da bebida. Ainda conhecer� o Museu da Cacha�a. E, claro, far� degusta��es”, conta, empolgado, Aldeir Xavier, presidente da Apacs e dono da Sabi�, criada pelo av� dele, seu Juca de Marcolina, na d�cada de 1930.


As visitas s�o guiadas por uma turism�loga. O produtor Lucas Mendes est� animado com a promessa de bons ventos naquele semi�rido. “Qualquer bebida precisa ser atrelada ao turismo. Vou aproveitar a estrutura na fazenda, usada para eventos de aluguel, para, quem sabe, servir refei��es”, planeja o dono da Tab�a (com agudo mesmo), criada em 1955.

A Apacs pretende abrir uma loja num posto de combust�vel na BR para servir como isca aos viajantes que abastecem ve�culos. O sucesso da implanta��o do circuito, contudo, depende de outros setores, que tamb�m ser�o beneficiados. Por isso, a associa��o comercial j� est� capacitando donos de hot�is, taxistas, lojistas etc. “� uma das oportunidades para que os demais segmentos ganhem dinheiro. Estamos trabalhando o empreendedorismo”, esclareceu Cezar do Carmo, presidente da Aciss-CDL.

Selo Outra aposta dos produtores da cacha�a contra a crise foi lan�ada na quinta-feira passada. Em parceria com o Sebrae Minas, a Apacs oficializou a marca Regi�o de Salinas. A proposta se baseia no conceito de que os micro, pequenos e m�dios empres�rios precisam caminhar juntos. A marca ser� estampada nos r�tulos dos destilados associados � Apacs, mas tamb�m no de mercadorias de outros g�neros, como o caf� ou o requeij�o.


Neste caso, por�m, � preciso alguns requisitos. O produto de outro g�nero necessita boa qualidade, cuja constata��o ser� feita por t�cnicos da Apacs, e ser fabricado em Salinas ou em cinco cidades vizinhas: Fruta de Leite, Novorizonte, Rubelita, Santa Cruz de Salinas e Taiobeiras. Estes munic�pios s�o ex-distritos de Salinas e formam, juntamente com a capital mundial da cacha�a, o territ�rio reconhecido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) como indica��o geogr�fica na modalidade indica��o de proced�ncia.


Na pr�tica, � um registro que garante a boa qualidade da bebida, pois segue algumas exig�ncias, como o processo de fermenta��o e o cultivo da cana de a��car. O documento j� abriu muitas portas aos produtores. A ideia, com o selo, � que todos os setores de beneficiem fomentando uns aos outros. Uma das propostas � que a bebida tenha como parceria grandes chefes da culin�ria estadual. Esta aposta, no entanto, ainda tem longo caminho a seguir.


“A ideia � construir um movimento regional em torno da ideia de valor do aut�ntico premium, sofisticar a cacha�a da regi�o com autenticidade. E, a partir da�, promover um movimento nacional e at� internacional em torno da ideia de valor, conectando a regi�o de Salinas com o mundo da gastronomia” disse Paulo Vischi, diretor de Estrat�gia da Be. Consuling e um dos idealizadores da marca Regi�o de Salinas.

 

Cr�ticas ao aumento do IPI

 

Em outra frente para reduzir custos da produ��o, os fabricantes de cacha�a em Salinas buscam ajuda pol�tica para que o Pal�cio do Planalto reveja o Decreto 8.512, em vigor desde 1º de dezembro de 2015, que majorou a al�quota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).


“Eu pagava R$ 1,64 por garrafa. Passei a desembolsar R$ 70. � um assalto o que o governo faz conosco”, criticou Cl�ber Santiago, um dos herdeiros de An�sio Santiago, o fundador da Havana, cuja garrafa no alambique da fazenda � negociada a R$ 280 e revendida, em pra�as como Belo Horizonte e S�o Paulo, por mais de R$ 400.


O decreto taxou o imposto da cacha�a e o de mais destilados em 25% do pre�o negociado pelo produtor. Anteriormente, as chamadas bebidas quentes eram classificadas numa tabela a qual levava em conta o volume e o pre�o estipulado pelo produtor.


Na pr�tica, at� o decreto entrar em vigor, o IPI cobrado dos produtores em Salinas girava em torno de R$ 1,50 por garrafa. “A carga tribut�ria � um grande problema. Aumentou muito. Lament�vel!”, reclamou Aldeir Xavier, o presidente da Apacs.

A reclama��o dele procede, pois o governo federal mudou a f�rmula de cobran�a do IPI para refor�ar o caixa, que fechou no vermelho no ano passado. Quando o decreto foi elaborado, a Uni�o estimou arrecadar, em 2016, cerca de R$ 1 bilh�o a mais no pa�s.


O problema � que a elevada carga tribut�ria � uma das portas para a informalidade. O peso dos impostos tamb�m fomenta o desemprego e a alta dos insumos, refletindo em saltos na infla��o

 

 


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