Nos dias atuais, diante da forte concorr�ncia e da for�a das grandes empresas, o associativismo se transformou em uma alternativa para que os pequenos empreendedores possam ter sucesso no mercado, como tem feito os grupos de mulheres, destaca Vanessa Torres Vaz de Melo, analista da Unidade de Educa��o, Empreendedorismo e Cooperativismo do Sebrae Minas. “A coopera��o � t�o antiga como a humanidade, mas sua pr�tica como diferencial competitivo � uma das grandes novidades do nosso tempo”, diz ela. “Os lemas 'a uni�o faz a for�a' e 'cooperar para competir' nunca fizeram tanto sentido como hoje”, completa.
A especialista ressalta que o n�mero de mulheres associativistas no Brasil tem crescido. Por�m, n�o existem estat�sticas oficiais. Segundo Vanessa, “n�o h� no Brasil uma entidade que congregue as informa��es sobre associa��es”. Existem milhares de associa��es formais e informais, das mais diversas naturezas e objetivos e dos mais diversos ramos e segmentos da economia (grupos de ind�strias, com�rcios, servi�os e agroneg�cios).
Vanessa lembra que, atualmente, ficou mais dif�cil para os pequenos empreendimentos sobreviverem e conquistarem espa�o no mercado, diante da competi��o de grandes empresas, que imp�em “padr�es de produtos e rela��es com o mercado nem sempre acess�veis �s micro e pequenas empresas, legisla��es e tributa��es restritivas e complexas, consumidores mais exigentes a cada dia, recursos escassos e concorrentes vorazes. “Com um ambiente assim, a necessidade de trabalhar junto aparece quase como uma consequ�ncia natural”, afirma.
A analista do Sebrae lembra que se por um lado existem muitas oportunidades de neg�cios, por outro s�o grandes os desafios. Da�, a import�ncia do associativismo. “� cada vez mais �bvia a conclus�o de que as pessoas e as empresas que se mantiverem isoladas, agindo sozinhas, ter�o maiores dificuldades em enfrent�-los e em se manter competitivas”, observa. Ela lembra que “o empreendedorismo � uma excelente fonte de gera��o de renda para homens e mulheres, carentes ou n�o”, mas isso, pondera Vanessa, “entendendo que no mundo globalizado, essas iniciativas s� trar�o resultados se houver a coopera��o e uni�o deliberada entre pessoas e empresas”.
O Sebrae incentiva o associativismo e apoia os grupos de mulheres. “O Sebrae sempre acredita na coopera��o como uma das formas das micro e pequenas empresas se desenvolverem e ganharem competitividade. A uni�o de pessoas e de empresas com interesses comuns tem sido a forma escolhida pelo Sebrae para organizar, de forma coletiva, a demanda individual que chega aos nossos pontos de atendimento”, descreve. A especialista destaca, ainda, que recentemente um projeto da entidade, denominado Cultura da Coopera��o, contou com v�rios grupos de mulheres dedicados a trabalhos de bordados, fios e fibras, palha, fibra de bananeira, madeira, entre outros produtos.
Para Francine Oliveira, especialista em gest�o de pessoas e professora da Funda��o Getulio Vargas, o associativismo foi uma ferramenta encontrada pelas mulheres para concorrem com os homens no mercado. “Se olharmos para o passado, conseguimos ver nitidamente a falta de valoriza��o das mulheres no mundo corporativo em compara��o aos homens. Isso levou as mulheres a buscarem um associativismo de maneira a ganhar for�a e poder para ocupar seu espa�o em gest�o de neg�cios, empreendedorismo e pol�tica, com o objetivo maior de desenvolver autonomia e participa��o nas decis�es”, assegura Francine.
A professora da FGV lembra que, “por meio do associativismo as mulheres conseguiram transformar o n�mero de participantes do sexo feminino em diversos segmentos.” Al�m disso, “as mulheres que se unem ao associativismo para garantir espa�o e superar as dificuldades, pensam muito na quest�o de ter mais tempo para a fam�lia e flexibilidade de hor�rio, ter uma renda maior, trabalhar com o que realmente gosta e realizar um sonho, ter oportunidade de liderar e inspirar pessoas”.
Personagem da not�cia
Maria das Dores Vasconcelos
integrante do grupo mulheres do cerrado, em Montes claros
Exemplo de empreendedora local
Moradora de Montes Claros, Maria das Dores Vasconcelos, a Dorinha, conta que ao longo da vida enfrentou grandes dificuldades. Aos 18 anos, come�ou a trabalhar numa fazenda da regi�o, onde morou por 16 anos. Hoje, como integrante do grupo das mulheres do cerrado, ela se dedica � produ��o de granola, feita � base de produtos naturais como gergelim, rapadura e castanha de baru, produtos do extrativismo local. “No Norte de Minas, o baru � t�o importante para a popula��o como a castanha-do-par� para o povo do Par�”, comenta. Dorinha produz tamb�m farinha de jatob� e rem�dios medicinais, e desdobra-se tamb�m em um pequeno restaurante, �s margens da BR-251 (sa�da de Montes Claros para Francisco S�), onde o atrativo � sua comida caseira. Al�m de integrar a cadeia regional de pequenos produtores, ela incentiva o desenvolvimento local ao adquirir hortali�as, verduras e os produtos extrativistas de outros agricultores da regi�o. “Construimos uma cadeia produtiva em que o agricultor familiar vai se desenvolvendo. Para mim, � uma satisfa��o saber que estou contribuindo com a melhoria de vida de outras pessoas”, diz ela.
Saiba mais
Elas no mercado
Conforme os dados do Sebrae, divulgados em 2015 pela Rede Mulher Empreendedora, s�o mais de 7,3 milh�es de mulheres empreendedoras no Brasil, que representam 31,1% do total de 23,5 milh�es de pessoas que t�m neg�cio pr�prio no pa�s. A pesquisa aponta um crescimento de 16% no Brasil em 13 anos. As cinco atividades com maior presen�a feminina est�o relacionadas com com�rcio de alimentos, sa�de, beleza e com�rcio de artigos de vestu�rio, incluindo complementos e cal�ados, informa a gerente da unidade de intelig�ncia Sebrae Minas, Carolina Xavier.