
A despretensiosa marchinha Me d� um dinheiro a�, composta pelos irm�os Ivan, Homero e Glauco Ferreira, acompanha os foli�es h� quase seis d�cadas. Em pleno 2017, a m�sica mant�m como nunca sua atualidade em Belo Horizonte, onde o carnaval ganha corpo, aquece o com�rcio e movimenta a economia. A estimativa � de que a festa momesca gere uma bolada � capital superior a R$ 330 milh�es, segundo a Prefeitura de BH. Afinal, n�o � s� de foli�o que vive o carnaval. Em torno da festa mais aguardada do ano est�o comerciantes �vidos por oportunidades de faturar, m�sicos, aut�nomos, vendedores ambulantes, costureiras e toda uma cadeia produtiva de gente que ganha com a folia.
�s v�speras da festa de Momo, o local est� cheio de artigos carnavalescos feitos por gente que curte a folia em BH. De adere�os para cabe�a a adesivos, mai�s brilhantes e fantasias, os pre�os variam de R$ 10 a R$ 200. A procura tem sido grande, segundo Fabiana. “Depois que o carnaval de BH voltou, pessoas come�aram a fazer fantasias e vender. Antes, o que existia era pontual”, comenta.
Pela primeira vez, as amigas Ana Luiza Gurgel e Marina Ruas, ambas de 20 anos, v�o passar o carnaval em BH. Ass�duas � folia de Itabirito, na Regi�o Central do estado, elas, agora, se renderam � fama da festa na capital. “Vamos ficar aqui porque est� bombando”, diz Marina. Elas vasculham as lojas da Savassi, na Zona Sul da capital, atr�s de uma produ��o impec�vel para o carnaval. Na sacola, re�nem meias coloridas, suspens�rios, brilhos e outros badulaques. “Vamos todas iguais, cada uma de uma cor diferente. Deu R$ 50 por fantasia”, conta Ana Luiza.
A Federa��o do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecom�rcio MG) considera o carnaval de BH uma nova oportunidade de fazer neg�cios. “Antes, empres�rios eram acostumados com uma movimenta��o �nfima. Agora nem se compara. O carnaval est� sendo acrescentado ao calend�rio do com�rcio como uma data boa, com a perspectiva de crescimento gradativo”, afirma a analista de turismo da Fecom�rcio MG, Milena Soares.
O crescimento da folia na cidade, que espera cerca de 2,4 milh�es de foli�es – sendo 500 mil turistas – atra�dos pelos 350 blocos que saem pelas ruas e avenidas, tem animado os empres�rios. O com�rcio informal tamb�m est� pulsando com o carnaval. A Belotur cadastrou quase 9 mil ambulantes para vender bebidas e adere�os nos ensaios de blocos e nos quatro dias da festa.
A lua cheia que tanto brilha/ N�o brilha tanto quanto o teu olhar
Carnaval � �poca para brilhar. O antrop�logo Lucas Bezerra e a namorada dele, a arquiteta Fernanda Chagas, ambos de 26, levaram a can��o � risca e tiveram uma ideia, literalmente, brilhante. A empresa prestadora de servi�os Tele Glitter, criada neste ano pelos s�cios, fornece purpurina, glitter, strass, tinta, c�lios posti�os e outros acess�rios para o foli�o se produzir. Cada tubete de glitter custa R$ 5 e os pacotinhos de 100 gramas, R$ 10. As encomendas chegam de bicicleta no endere�o do cliente.
“Pensamos em ajudar pessoas que n�o t�m tempo de ir ao Centro da cidade para comprar esses produtos. � tamb�m uma a��o para divulgar a Dizzy Express (cooperativa de entregas por bicicleta)”, conta Bezerra, surpreso com o sucesso do Tele Glitter. Os pedidos j� foram encerrados, e em apenas duas semanas somam mais de 100 encomendas, sem contar camisetas e produtos dos blocos que est�o sendo vendidos para ajudar os grupos que retomaram a festa momesca na capital mineira. O faturamento vai garantir os dias de folia.
S� n�o quero que me falte/A danada da cacha�a
O ditado popular diz que “amor de carnaval n�o sobe a serra”, mas Matheus Vesp�cio garante que a m�xima n�o se aplica aos neg�cios de carnaval, que podem ser muito promissores sim, senhor. Na festa de 2015, o bi�logo estava desempregado e resolveu preparar chupe-chupe turbinado com bebidas alco�licas para ele e os amigos levarem durante a apresenta��o dos blocos. Acabou fazendo um pouco a mais e vendeu tudo. No dia seguinte, repetiu a dose e, em vez de gastar, voltou com R$ 200 no bolso.
Menos de um ano depois, Vesp�cio j� estava � frente da Tiki Bike. Numa bicicleta estilizada, ele vende sucos naturais, drinques na garrafinha e os famosos chupe-chupes, com ou sem �lcool. “H� um ano e tr�s meses vivo disso. � profissional, � minha vida”, ressalta. As expectativas para o carnaval est�o altas, com a previs�o de faturar pelo menos R$ 8 mil de hoje a 1º de mar�o.
Nesse per�odo, Vesp�cio j� contratou a prima e ainda conta com a ajuda da noiva e do pai na produ��o das bebidas, que misturam maracuj� e cacha�a, catuaba e morango e os tradicionais mojito e sucos com vodca. Ele fechou parceria com o festival Carnav�lia, que ser� realizado no Parque das Mangabeiras. O �nico receio � em rela��o � venda nas ruas da cidade. Acordo entre a prefeitura e a Ambev, patrocinadora da festa momesca, limitou a comercializa��o de bebidas apenas �s fornecidas pela Ambev. A exce��o � a catuaba. “Vou assumir o risco. A prefeitura tinha que dar uma for�a para o produtor local”, reclama.