Bares e restaurantes sentem os efeitos da concorr�ncia acirrada com ambulantes e temem carnaval de vacas magras este ano, contrariando as expectativas iniciais. Na tentativa de assegurar o faturamento nos dias de folia, donos de botecos na Savassi v�o instalar grades na cal�ada para afastar os vendedores na porta de seus estabelecimentos.
A Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG) questiona a presen�a de 9,4 mil ambulantes cadastrados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), mais que o triplo dos 3 mil registrados no carnaval do ano passado, e cobra mais fiscaliza��o.
Os eventos pr�-carnavalescos nos dois �ltimos finais de semana acenderam o alerta do setor. “H� ambulantes at� mesmo na entrada dos bares”, reclama o diretor-executivo da Abrasel-MG, Lucas P�go. Segundo ele, vendedores de rua est�o descumprindo o chamamento p�blico da PBH, que credenciou os trabalhadores tempor�rios. “At� em locais onde n�o h� bloco tem ambulante. N�o somos contra os ambulantes. Os bares e restaurantes n�o d�o conta de atender todo o p�blico, mas a prefeitura tem que fazer cumprir as regras”, refor�a.
O texto do edital diz que a venda deve ocorrer “no momento dos desfiles, sem ponto fixo, devendo acompanhar todo o percurso dos blocos, desde a concentra��o at� a dispers�o”. Inicialmente, bares e restaurantes estavam apostando as fichas na festa momesca, que este ano, de acordo com a Belotur, deve atrair p�blico de 2,4 milh�es de pessoas, sendo 500 mil turistas – um crescimento de 20% em rela��o a 2016, quando houve 2 milh�es de foli�es. Os blocos chegam a 350, com quase 100 estreantes.
O propriet�rio do Allora Bar, Adriano Marchette, afirma que a concorr�ncia com os ambulantes � injusta. “As cervejarias est�o vendendo a um pre�o menor a bebida para os ambulantes. E eles ainda n�o t�m despesa com cart�o de cr�dito, aluguel”, afirma. Segundo Marchette, o mercado de ambulantes est� sendo dominado por uma “m�fia”. “Eles estacionam aqui com caminh�o e kombi. N�o � um neg�cio pequeno, de fam�lia”, afirma.
Bares no entorno da Pra�a Diogo de Vasconcelos v�o p�r em campo estrat�gia adotada na Copa do Mundo, a instala��o de grades no entorno das mesas. Dono do 80 Bar, Rond Gaspar afirma que � a forma de diminuir o ass�dio dos ambulantes aos clientes. “Eles est�o vendendo nas nossas mesas. Pagamos um licenciamento para as mesas. Se n�o coloco a grade, minha venda cai”, refor�a.
Os estabelecimentos tamb�m contar�o com seguran�as particulares. As grades deixar�o a passagem de pedestre livres. No caso do 80 Bar, clientes n�o pagar�o para ter acesso ao espa�o. Quem consumir recebe uma pulseirinha para ter acesso a banheiros. “Estamos reunindo com a Pol�cia Militar. Isso tamb�m aumenta a seguran�a”, refor�a. A Abrasel n�o aprova a coloca��o de grades.
GANHO MENOR Pesquisa da Fecom�rcio em parceria com a Abrasel-MG havia apontado que 69% das empresas do setor previa aumento de faturamento nesse per�odo. “Pens�vamos num aumento de 40%. Se o carnaval for exatamente como o pr�-carnaval, lotado de ambulantes, o aumento n�o vai passar de 10%”, ressalta P�go, alertando que muitos comerciantes prepararam seu estoque para demanda maior. Logo depois de quarta-feira, a Abrasel-MG pede a cria��o de uma comiss�o tripartite para j� discutir o carnaval de 2018.
Na Rua da Bahia, pr�ximo ao desfile da Banda Mole, o Restaurante Marguerita ficou com estoque de cerveja encalhado no �ltimo s�bado. “Os ambulantes est�o vendendo abaixo do pre�o dos bares. Acabou sobrando mercadoria. Nossa esperan�a s�o os turistas que v�o chegar”, ressalta o gar�om do estabelecimento, Ren� de Castro. No tradicional La Greppia, o investimento foi alto para o per�odo e a expectativa � de retorno. “Contratamos sete pessoas”, afirma o gerente da casa, Walmir Brand�o.
Dono da casa Vir� Espetos, na Savassi, Jos� Mauro Ladeira vai tentar fugir da concorr�ncia da rua com a promo��o de um carnaval particular dentro do estabelecimento. “Cobramos uma entrada que ser� convertida em consumo”, explica o empres�rio, que tamb�m contratou uma grade. “Vamos usar somente em caso de tumulto”, diz.
A Belotur, respons�vel por licenciar os ambulantes, informa que credenciou todos os vendedores interessados em prestar o servi�o durante os eventos pr�-carnavalescos e nos dias oficiais de folia. A Secretaria Municipal Adjunta de Fiscaliza��o (Smafis) esclarece que cerca de 250 fiscais da prefeitura e 150 agentes de campo est�o escalados para trabalhar durante o per�odo de carnaval. A pasta n�o informou sobre as grades.
Com�rcio quer faturar
No embalo da expans�o da festa de Mono na capital mineira, lojistas tamb�m apostam no fluxo de foli�es nas ruas para faturar nos dias de carnaval. O presidente da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) afirmou ontem que esse ser� um bom momento para o com�rcio varejista aquecer suas vendas. “O crescimento do carnaval de rua em BH tem impactos muito positivos para a capital. Ele fortalece e movimenta a economia da cidade como um todo”, analisa.
Segundo a CDL/BH, este ano as lojas v�o funcionar no s�bado, domingo e segunda de carnaval. “Nesse per�odo, os comerciantes poder�o aproveitar o grande fluxo de pessoas na cidade para fortalecerem seus caixas”, frisou Falci. Segundo levantamento da entidade, o com�rcio fatura, em m�dia, cerca de R$ 64 milh�es por dia. “Isso poder� representar um faturamento em torno de R$ 192 milh�es nos tr�s dias de funcionamento durante o carnaval”, ressalta Falci.
Ainda segundo o empres�rio, os setores de suvenires, bijuterias e artesanatos e o de cosm�ticos, produtos de perfumaria e higiene pessoa poder ser os maiores beneficiados com o funcionamento durante a festa de Momo. “Existe uma grande procura por itens desses segmentos nessa �poca”, salienta. Segundo a CDL/BH, juntos, esses dois setores somam 921 estabelecimentos na capital. Al�m do com�rcio, a rede hoteleira e o setor de servi�os tamb�m comemoram a movimenta��o do carnaval.
Os hot�is projetam uma taxa de ocupa��o m�dia de 65% para o per�odo de 25 a 28 de fevereiro. Segundo dados da Belotur, o gasto m�dio di�rio individual do visitante (excursionistas e turistas) em 2016 foi de R$157,61, o que gerou um impacto de R$ 54,7 milh�es na receita tur�stica estimada para o per�odo. Considerando a infla��o do per�odo de 6,36% a estimativa � de que o gasto m�dio em 2017 seja de R$ 167,53, o que deve gerar R$ 335 milh�es durante todo o per�odo carnavalesco na cidade, entre os dias 11 de fevereiro e 1º de mar�o. O ISS gerado para o munic�pio em 2016 com base nesses dados chegou a quase R$ 1,4 milh�o.
ENQUANTO ISSO...
...A gorjeta vai virar lei
O plen�rio da C�mara dos Deputados aprovou ontem o substitutivo do Senado para o Projeto de Lei 252/07, que regulamenta o rateio da gorjeta. A mat�ria ser� enviada � san��o presidencial. De acordo com o substitutivo, a gorjeta cobrada por bares, restaurantes, hot�is, mot�is e estabelecimentos similares n�o � receita dos empregadores e se destina aos trabalhadores, devendo ser distribu�da segundo crit�rios de custeio e de rateio definidos em conven��o ou acordo coletivo de trabalho. Se n�o houver previs�o em conven��o ou acordo coletivo, os crit�rios dever�o ser definidos em assembleia dos trabalhadores. Entretanto, limites s�o definidos pelo projeto.