Grampos da Pol�cia Federal no �mbito da Opera��o Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira, 17, revelam que funcion�rios da BRF chegavam a acessar, dentro do Minist�rio da Agricultura, sistemas de emiss�o de certificados que atestam a qualidade de produtos. As investiga��es miram agentes de fiscaliza��o das Superintend�ncias de Minas e Goi�s, vinculadas � pasta.
A fim de exercer e manter influ�ncia sobre as fiscaliza��es, o executivo, segundo o juiz, ‘alcan�a dinheiro a servidores p�blicos, remunera diretamente fiscais contratados, presenteia com produtos da empresa, se disp�e a auxiliar no financiamento de campanha pol�tica e at� � chamado a intervir em sele��o de atleta em escolinha de futebol’.
As grava��es da Pol�cia Federal autorizadas pela Justi�a d�o conta de di�logos entre Roney Nogueira dos Santos e o fiscal do Minist�rio da Agricultura Daniel Gouv�a Teixeira, denunciante do esquema, sobre a exist�ncia de fiscais da pasta que deixavam funcion�rios das empresas ocuparem suas mesas no �rg�o p�blico, utilizando senhas de acesso para a emiss�o de documentos.
Em um �udio interceptado, o denunciante diz ao empres�rio que uma funcion�ria ficou sozinha, em uma sala do Minist�rio, manipulando os documentos - a senha foi fornecida por um servidor:
DANIEL TEIXEIRA: N�o, n�o. Ela ficou numa sala l� sozinha fazendo. Entendeu?
RONEY: Am t�.
DANIEL TEIXEIRA: Por que, ele foi atender outra empresa, “n�o, voc� vai fazendo a�”. Abriu o sistema e deixou ela trabalhando no sistema. A� foi o que eu falei: n�o, n�o � assim. Nem acompanhando pode. Entendeu? O problema todo � o seguinte, ela t� acostumada a vir aqui, n�, senta ali, faz as coisas no sistema logada como ele. Ele d� a senha dele pra ela trabalhar. Isso � que � foda. At� o nosso sistema. E a� aprova tudo, sai com tudo aqui aprovado. Isso � uma vergonha, isso. E a� ontem, como tinha mais gente: “n�o, n�o, vai fazer ali na outra sala”, a� tirou o estagi�rio do computador e botou ela pra sentar e
trabalhar no computador do estagi�rio.
RONEY: Entendi.
DANIEL TEIXEIRA: A� logou l� o sistema pra ela.
RONEY: �, da� � complicado n�.
DANIEL TEIXEIRA: P�, se imagina. Nem pode.
(…)
DANIEL TEIXEIRA: N�o, n�o precisa, n�o precisa se desculpar, n�o precisa de nada disso. Ela fez, por que t� acostumada a fazer, por que d�o liberdade dela fazer isso. S� que n�o pode. Entendeu? A� chegou no c�mulo do rid�culo de at� logarem o sistema pra ela e deixar ela sozinha trabalhando numa sala. Por muito menos, nego j� foi demitido em Bras�lia, lembra que o cara tinha um assessor l� dentro do DIPOA, dentro da sala do diretor do DIPOA, a JBS? Tinha. Ent�o. Ent�o assim, pra evitar esse tipo de coisa e envolver ela e piorar ainda mais a situa��o.
RONEY: �, t� certo.
DANIEL TEIXEIRA: Por que daqui a pouco nego abre um processo aqui e vai chamar ela aqui pra perguntar, ela vai falar, n�o, eu sempre fiz assim, fa�o assim, fa�o assado, n�o sei o que, t�, t�, t� e essa merda cai na m�dia, vai foder mais ainda pra quem faz isso. Entendeu?”
O gerente de Rela��es Institucionais e Governamentais da Brasil Foods (BRF S/A) Roney Nogueira dos Santos foi preso preventivamente na Opera��o Carne Fraca.
COM A PALAVRA, A BRF S/A:
"COMUNICADO � IMPRENSA
Em virtude do notici�rio acerca da chamada Opera��o Carne Fraca, da Pol�cia Federal, a BRF vem a p�blico esclarecer alguns fatos importantes:
1 - INTERDI��O DA F�BRICA DE MINEIROS (GO)
A f�brica da BRF de Mineiros � uma planta constru�da em 2006 que produz carne de frango e de peru e responde por menos de 5% da produ��o total da BRF. Seus produtos s�o destinados a exporta��es e mercado interno. A planta est� habilitada para exportar para os mais exigentes mercados do mundo, como Canad�, Uni�o Europeia, R�ssia e Jap�o. Isso significa que segue as diferentes normas estipuladas por esses pa�ses.
A f�brica possui tr�s certifica��es internacionais que est�o entre as mais importantes do mundo: BRC (Global Standard for Food Safety), IFS (International Food Standard) e ALO Free (Agricultural Labeling Ordinance). A �ltima auditoria pela qual a f�brica passou foi realizada pelo MAPA e aconteceu entre os dias 25 e 28 de fevereiro de 2017, tendo sido considerada apta a manter suas opera��es em todos os crit�rios.
Apesar de o juiz da opera��o ter considerado desnecess�rio o fechamento da unidade, ela foi interditada, de forma preventiva e tempor�ria, pelo Minist�rio da Agricultura. A medida deve durar at� que a BRF possa prestar as informa��es que atestem a seguran�a e a qualidade dos produtos produzidos, o que deve acontecer em breve, uma vez que a companhia tem confian�a em seus processos e padr�es, que est�o entre os mais rigorosos do mundo.
2 - PRESEN�A DE SALMONELLA NOS PRODUTOS
Sobre esse tema � preciso esclarecer alguns fatos muito importantes para o melhor entendimento da quest�o. Existem cerca de 2.600 tipos de Salmonella, bact�ria comum em produtos aliment�cios de origem animal ou vegetal. Todos os tipos s�o facilmente eliminados com o cozimento adequado dos alimentos.
Em rela��o ao caso da It�lia divulgado na m�dia, � importante esclarecer que a BRF n�o incorreu em nenhuma irregularidade.
O contexto verdadeiro � o seguinte: em 2011, a Uni�o Europeia definiu um novo regulamento (CE 1086/2011) para controle de Salmonella em carne de aves produzidas localmente ou importadas. Segundo este regulamento, produtos in natura n�o podem conter dois tipos de Salmonella: SE e ST (Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium).
O tipo de Salmonella encontrado em alguns lotes desses quatro cont�ineres � o Salmonella Saint Paul, que � tolerado pela legisla��o europeia para carnes in natura e, portanto, n�o justificaria a proibi��o de entrada na It�lia.
Diante desse fato, a BRF discutiu duas iniciativas:
O encaminhamento da mercadoria a outro porto, o de Roterd�, na Holanda.
Este porto holand�s segue � risca o regulamento europeu. O produto obviamente passaria por todos os testes exigidos, com os mesmos padr�es t�cnicos.
A antecipa��o da discuss�o do problema junto ao MAPA, em Bras�lia.
O acordo entre Brasil e Uni�o Europeia para importa��o de produtos aliment�cios determina que n�o-conformidades gerem um “rapid alert” (alerta r�pido) para todos os pa�ses da comunidade, para o produtor e para as autoridades sanit�rias do pa�s de origem. Portanto, a inten��o da BRF foi, antes mesmo da emiss�o do “rapid alert”, antecipar a comunica��o ao MAPA e iniciar sua defesa com argumentos t�cnicos e cient�ficos.
Diante do exposto, a BRF reitera que todas as medidas tomadas pela empresa e seus t�cnicos est�o plenamente de acordo com os mais elevados n�veis de governan�a e compliance e de forma nenhuma ferem qualquer preceito �tico ou legal do Brasil e dos pa�ses para os quais a BRF exporta seus produtos.
3 - USO DE PAPEL�O
N�o h� papel�o algum nos produtos da BRF. Houve um grande mal entendido na interpreta��o do �udio capturado pela Pol�cia Federal. O funcion�rio estava se referindo �s embalagens do produto e n�o ao seu conte�do. Quando ele diz “dentro do CMS”, est� se referindo � �rea onde o CMS � armazenado. Isso fica ainda mais claro quando ele diz que vai ver se consegue “colocar EM papel�o”, ou seja, embalar o produto EM papel�o, pois esse produto � normalmente embalado em pl�stico. Na frase seguinte, ele deixa claro que, caso n�o obtenha a aprova��o para a mudan�a de embalagem, ter� de condenar o produto, ou seja, descart�-lo.
4 - ACUSA��ES DE CORRUP��O
A BRF n�o compactua com pr�ticas il�citas e refuta categoricamente qualquer insinua��o em contr�rio. Ao ser informada da opera��o da PF, a companhia tomou imediatamente as medidas necess�rias para a apura��o dos fatos. Essa apura��o ser� realizada de maneira independente e caso seja verificado qualquer ato incompat�vel com a legisla��o vigente, a BRF tomar� as medidas cab�veis e com o rigor necess�rio. A BRF n�o tolera qualquer desvio de seu manual da transpar�ncia e da legisla��o brasileira e dos pa�ses em que atua.
5 - PRIS�O DE RONEY NOGUEIRA DOS SANTOS
O sr. Roney apresentou-se voluntariamente �s autoridades brasileiras na manh� deste s�bado, vindo da �frica do Sul, onde estava a trabalho, para prestar todos os esclarecimentos necess�rios �s autoridades. A BRF est� acompanhando as investiga��es e dar� todo o suporte �s autoridades.
6 - NOT�CIAS SOBRE “CARNE PODRE”
A BRF nunca comercializou carne podre e nem nunca foi acusada disso. As men��es a produtos fora de especifica��o, no �mbito da opera��o Carne Fraca, dizem respeito a outras empresas, como pode ser comprovado no material divulgado pela Pol�cia Federal. A BRF lamenta que parte da imprensa tenha inserido o seu nome de maneira equivocada em reportagens que tratam desse assunto, confundindo os consumidores e a sociedade.
CONCLUS�O
Em virtude do exposto acima, a BRF vem a p�blico manifestar seu apoio � fiscaliza��o do setor e ao direito de informa��o da sociedade com base em fatos, sem generaliza��es que podem prejudicar a reputa��o de empresas id�neas e gerar alarme desnecess�rio na popula��o.
S�o Paulo, 18 de mar�o de 2017 �s 17h50
Sobre a BRF
A BRF � uma das maiores companhias de alimentos do mundo, com mais de 30 marcas em seu portf�lio, entre elas, Sadia, Perdig�o, Qualy, Paty, D�nica, Bocatti e Vienissima. Seus produtos s�o comercializados em mais de 150 pa�ses, nos cinco continentes. Mais de 105 mil funcion�rios trabalham na companhia, que mant�m 54 f�bricas em sete pa�ses (Argentina, Brasil, Emirados �rabes Unidos, Holanda, Mal�sia, Reino Unido e Tail�ndia)."