Partidos pol�ticos e produtores europeus pedem o fechamento das fronteiras do bloco � carne brasileira, elevando a press�o para que a Comiss�o Europeia adote uma medida tempor�ria contra o produto nacional depois da revela��o da fraude no setor de carnes. O apelo vem de setores e pa�ses com uma tradi��o protecionista e que, por anos, vem solicitando que Bruxelas derrube um acordo com o Brasil no setor de carnes.
Ainda assim, na Irlanda, o partido Sinn F�in foi um dos que apelaram publicamente neste domingo, 19, para o fim das importa��es de carnes brasileiras. O representante do partido para temas agr�colas, o deputado Martin Kenny, alertou que o caso brasileiro revela "as condi��es contra as quais os fazendeiros europeus precisam competir".
"O Brasil � um dos grandes concorrentes da Irlanda pelo mercado europeu de carnes. Mas agora vemos a dimens�o do esc�ndalo", disse, apontando para "aditivos perigosos sendo colocados em carne de frango e carne contaminada com salmonela exportadas para a Europa".
De acordo com o partido de oposi��o, o ministro da Agricultura da Irlanda, Michael Creed, precisa "imediatamente buscar uma suspens�o da importa��o de carne do Brasil para a Europa". "A situa��o � intoler�vel. O governo precisa agir", disse.
Entre os produtores, o caso tamb�m est� sendo usado para justificar novas barreiras. "Vemos outro esc�ndalo acontecendo fora das cercas da fazenda, n�o dentro, e mostra que precisamos ter um controle maior", disse Edmund Phelan, presidente da ICSA, a entidade que re�ne os criadores de gado da Irlanda, um dos maiores fornecedores para o mercado europeu.
Na B�lgica, a Ag�ncia Federal para a Seguran�a da Cadeia Alimentar se apressou a tentar dar garantias aos consumidores locais de que os controles impostos pelos europeus e o volume de importa��o limitariam qualquer risco. "A exporta��o para a Europa se limita a poucas empresas e deve seguir padr�es estritos", disse Philippe Houdart, porta-voz da Ag�ncia. "Trata-se de uma regra diferente daquela que existe no mercado brasileiro", insistiu.
Segundo ele, o controle feito pelos brasileiros "s�o submetidos a auditorias" por parte dos europeus. Uma vez no territ�rio europeu, o carregamento passa por um novo controle. Mas ele admite que, "se problemas emergirem, seria provavelmente na carne de frango congelada, destinada a um tratamento posterior".
O uso da fraude como argumento para fechar as fronteiras n�o ocorre por acaso. Estudos da pr�pria UE estimam que as exporta��es do Mercosul para a Europa poderiam aumentar em 14 bilh�es de euros em dez anos, gra�as a um acordo comercial entre as duas regi�es.
A estimativa aponta que, at� 2025, os europeus ampliariam em 29 bilh�es de euros suas compras de produtos agr�colas de pa�ses envolvidos em acordos comerciais com Bruxelas. Metade viria do Mercosul.
No total, isso representaria um salto em 24% nas exporta��es do Cone Sul para o mercado europeu.
Os ganhos do bloco sul-americano com um acordo, na estimativa dos pr�prios europeus, seriam quase tr�s vezes maiores do que os americanos poderiam obter no setor agr�cola com um eventual tratado de com�rcio com a UE. Segundo as estimativas oficiais de Bruxelas, os exportadores dos EUA registrariam um incremento em 4,8 bilh�es de euros em vendas at� 2025.
Um dos principais ganhos viria do setor de carnes. No segmento de produtos bovinos, o estudo da UE estima que "mais de 80% do aumento de importa��es viria do Mercosul". "A balan�a de com�rcio se deteriorar� profundamente", admitiu a Comiss�o Europeia. O aumento em vendas para o bloco do Cone Sul seria de pelo menos 1,4 bilh�o de euros. Outros 900 milh�es de euros ainda seriam gerados no aumento de espa�o para a carne su�na e frangos do Mercosul no mercado europeu.