Saudade � palavra brasileira para dizer do sofrimento causado pela falta de algo ou algu�m. Mas a saudade tamb�m tem virado um mercado internacional promissor, com o com�rcio de produtos e servi�os tipicamente brasileiros no exterior. Segundo levantamento in�dito do Minist�rio das Rela��es Exteriores, h� cerca de 20 mil micro e pequenos empreendimentos formais de brasileiros no mundo. A maior parte deles est� ligada ao chamado “mercado da saudade”, que vai desde a�a�, tapioca e feij�o a sal�es de beleza e academias de capoeira e jiu-j�tsu. Os Estados Unidos concentram quase a metade deles, com 9 mil. Em seguida est�o o Jap�o, com 1,5 mil, e a Fran�a, com 1.320.
O levantamento do Itamaraty levou em conta os micro e pequenos empreendedores formais, mas h� muitos outros que n�o entraram na estat�stica. Apenas nos EUA, a estimativa � que 48,3 mil brasileiros desenvolvam atividades aut�nomas informais. Antes desse estudo, as �reas consulares n�o ofereciam apoio aos micro e pequenos empreendedores. A inten��o agora � que os cerca de 200 postos consulares sejam uma refer�ncia para quem quer empreender l� fora, dando informa��es sobre o que � necess�rio para abrir um neg�cio no exterior. “Quando se falava em com�rcio internacional, s� se pensava em exporta��o. O microempreendedor no exterior estava navegando em mares desconhecidos. Procuramos ser um ponto de apoio para eles”, diz a ministra.
Mineiro de Belo Horizonte, o professor de jiu-j�tsu Rodrigo Mendanha resolveu navegar por essas �guas desconhecidas. H� cinco anos, ele se mudou com a esposa, Fernanda, e os dois filhos, Gabriela e Andr�, para o Canad�. A ida foi motivada por uma reportagem sobre o processo de imigra��o na prov�ncia do Qu�bec. “O que procuravam �ramos n�s, a nossa fam�lia”, conta Mendanha, que est� � frente da academia Gracie Barra Brossard, na Grande Montreal.
Sempre ligado ao esporte, Rodrigo, publicit�rio de forma��o, tinha uma ag�ncia em BH, e fez do jiu-j�tsu uma profiss�o no Canad�, incentivado por colegas brasileiros. “� muito simples e muito menos burocr�tico. As regras aqui s�o mais claras. As oscila��es no mercado s�o infinitamente menores, o que te d� confian�a para fazer planejamentos a longo prazo”, afirma Mendanha, destacando que, no Canad�, n�o h� espa�o para ilegalidades ou o famoso “jeitinho brasileiro”.
O professor destaca que a Gracie Barra Brossard, em quatro anos, j� formou v�rios campe�es e conta, atualmente, com alunos de 20 nacionalidades. Os brasileiros representam apenas 15% desse total. “Sentimo-nos embaixadores do nosso pa�s. Temos a bandeira do Brasil na parede, a�a� � venda, promovemos churrascos de confraterniza��o com um leg�timo ga�cho comandando a churrasqueira e samba de raiz de fundo, e um jiu-j�tsu brasileiro de alto n�vel”, refor�a o professor.
A�A�
A Peg A�a�, f�brica do fruto brasileiro em S�o Paulo, j� nasceu com voca��o internacional. Logo quando foi lan�ada, a marca participou de um teste cego de a�a�s para a escolha do creme que seria fornecido para os Jogos Ol�mpicos no Rio, no ano passado. A novata ganhou dos concorrentes e a aprova��o no evento internacional acabou credenciando a empresa para voos mais altos. Sem nenhuma loja no Brasil e fornecendo produtos somente para redes de supermercados, em janeiro, a Peg A�a� desembarcou em Miami, na Fl�rida.
O aluguel do escrit�rio, no badalado Biscayne Boulevard, conta com incentivo do governo brasileiro e fica no mesmo espa�o da Ag�ncia Brasileira de Promo��o a Exporta��es e Investimentos (Apex). “Nos EUA, � onde tem mais dinheiro circulante. O mercado da saudade representa apenas 10% do nosso p�blico. Estamos mais associados � cultura do comer bem e de forma nutritiva e saborosa. Queremos ser o novo ‘iogurte grego’”, afirma o diretor de marketing da empresa, Evandro Macedo, em refer�ncia ao iogurte que virou febre no mundo.
No �ltimo s�bado, a empresa enviou seu primeiro cont�iner para os EUA, que vai para uma rede de supermercados no Texas que atende muitos latinos, entre outros destinos. “Ainda somos pequenos, mas estamos estimando um faturamento mensal de R$ 5 milh�es”, diz.