
O ex-presidente e herdeiro do grupo Odebrecht Marcelo Odebrecht deixar� a pris�o em menos de tr�s meses, mas n�o voltar� a assumir cargo oficial no conglomerado que leva seu sobrenome. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, o diretor da Odebrecht respons�vel pelo processo de implementa��o de regras para combate a irregularidades dentro da empresa, Andr� Amaro, garantiu que o empres�rio n�o far� mais parte do corpo diretivo da empresa. No entanto, como a fam�lia se mant�m a principal acionista do grupo, Marcelo Odebrecht pode manter influ�ncia em decis�es do conglomerado. Segundo Amaro, dos 78 executivos que participaram das dela��es, 26 voltar�o a atuar na empresa, mas sem ocupar cargos de lideran�a e com monitoramento de todas suas atividades.
Amaro coordena um grupo de 63 pessoas que acompanha a implementa��o da chamada “pol�tica de conformidade” dentro do conglomerado. Segundo ele, as empresas do grupo j� sinalizaram que n�o far�o mais doa��es para campanhas pol�ticas no Brasil e desde o ano passado os crit�rios na rela��o com agentes p�blicos passou a ser mais rigoroso. Em 2016, a Odebrecht anunciou que alteraria pr�ticas de transpar�ncia e estimularia den�ncias de irregularidades que envolvem desvios �ticos internos.
Sobre o futuro de Marcelo Odebretch, preso em junho de 2015 e condenado pelo juiz Sergio Moro, em mar�o do ano passado, a 19 anos de pris�o por corrup��o ativa, lavagem de dinheiro e associa��o criminosa, Amaro ressalta que o ex-presidente do conglomerado n�o participar� do corpo diretivo da Odebrecht, mas que seu papel dentro da fam�lia ser� definido pelo pr�prio cl� Odebrecht.
“N�o vejo se ele (Marcelo Odebrecht) ter� grande influ�ncia. Existe a fam�lia acionista e enquanto ela n�o vender as a��es continua sendo acionista do grupo. E Marcelo continua sendo membro da fam�lia. Agora, do corpo diretivo da Odebrecht S.A, que tem presidente e diretores, ele n�o participar�. Tamb�m n�o participar� do conselho de administra��o. Agora, o papel dele dentro da fam�lia acionista compete somente � fam�lia”, explica Andr� Amaro.
Desde a homologa��o do acordo de dela��o premiada e de leni�ncia da Odebrecht com o Minist�rio P�blico, em abril deste ano, Em�lio Odebrecht deixou o conselho da empresa, que ficou pela primeira vez sem nenhum membro da fam�lia Odebrecht.
BOA CONDUTA Em janeiro, em meio � reestrutura��o da empresa, a Odebrecht divulgou a inten��o de abrir capital para sua construtora. A entrada na bolsa de valores, no entanto, deve acontecer ap�s a conclus�o de um processo de adequa��o a padr�es r�gidos de boa conduta corporativa e transpar�ncia. Desde o final do ano passado, um comit� de conformidade foi criado pela holding para implementar mudan�as no comportamento de altos executivos e funcion�rios da empresa.
“Implementamos dentro das nossas empresas um sistema baseado na preven��o, no monitoramento e na remedia��o de quest�es que envolvam desvio de conduta �tico. E a corrup��o � um desses desvios”, explica Amaro. Segundo ele, a empresa buscou “inspira��o” em casos internacionais de grandes corpora��es que passaram por esc�ndalos de corrup��o, como a Siemens, na Alemanha. “Rodamos o mundo atr�s de exemplos de empresas que passaram pelo que n�s passamos e encontramos muito conhecimento. A Siemens e a GE passaram por epis�dios grav�ssimos e se transformaram em exemplos de �tica”, diz.
Delatores voltam com 'crach� novo'
Na implementa��o de regras mais rigorosas sobre o comportamento dos funcion�rios da Odebrecht, a empresa colocou no crach� de cada um a lista com os “10 mandamentos” a serem seguidos por todos os trabalhadores do grupo.
Al�m da foto e as identifica��es pessoais dos funcion�rios, os crach�s trazem tamb�m diretrizes como “adotar princ�pios �ticos, �ntegros e transparentes”, “dizer n�o, com firmeza e determina��o, a oportunidades de neg�cio que conflitem com o compromisso de combate � corrup��o” e “jamais invocar condi��es culturais ou usuais do mercado como justificativa para a��es indevidas”.
Os crach�s ser�o usados pelos ex-executivos da empresa que abriram o jogo e contaram detalhes sobre as rela��es corruptas com pol�ticos. Segundo o diretor respons�vel por coordenar o grupo de 63 pessoas que est�o implantando regras contra irregularidades no grupo, Andr� Amaro, dos 78 executivos da Odebrecht que fizeram acordo de dela��o, 26 voltar�o a assumir cargos dentro do grupo nos pr�ximos meses.
Nas dela��es para os investigadores da Opera��o Lava-Jato, os dirigentes da Odebrecht citaram mais de uma centena de pol�ticos, entre eles as principais lideran�as partid�rias do Brasil, como o presidente Michel Temer, os ex-presidentes Jos� Sarney, Fernando Collor, Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e v�rias lideran�as parlamentares, como A�cio Neves e Renan Calheiros. As den�ncias levaram � abertura de 83 inqu�ritos no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Acreditamos que as pessoas podem se regenerar, mudar e aprender. Estabelecemos uma regra em acordo com as autoridades e estamos sendo monitorados. Esses executivos continuar�o na empresa porque eles t�m conhecimento profundo de tecnologias espec�ficas e processos espec�ficos. Mas sobre eles se aplicam regras e monitoramento espec�fico. Inclusive, a empresa monitora as comunica��es dessas pessoas e eles n�o ocupar�o cargos de lideran�a”, explica Amaro.
OUTROS PA�SES O diretor conta ainda que a Odebrecht continua negociando acordos em outros pa�ses para esclarecer den�ncias de corrup��o. Al�m do Brasil, a empresa j� admitiu ter pago propina para agentes p�blicos em outros 11 pa�ses. At� agora, foram fechados acordos de leni�ncia no Panam�, Equador e na Rep�blica Dominicana. Nos outros oito pa�ses as negocia��es est�o em andamento.
“Nossa disposi��o � colaborar com todos eles e reparar todos os il�citos. A puni��o para uma empresa � uma ponta em uma grande teia e, al�m de pagar nossas multas, a empresa pode contribuir revelando informa��es para desbaratar grandes esquemas”, diz Amaro.
Do corpo diretivo da Odebrecht S.A, que tem presidente e diretores, ele (Marcelo Odebrecht) n�o participar�. Tamb�m n�o participar� do conselho de administra��o
>> Andr� Amaro,presidente da Odebrecht Defesa e Tecnologia e respons�vel por coordenar grupo para implantar a pol�tica de conformidade