
Apesar da queda at� pela metade do pre�o de alimentos como arroz, feij�o e batata em Belo Horizonte, a redu��o n�o foi repassada para o prato feito. Donos de restaurantes alegam que os valores no card�pio est�o congelados h� mais de um ano e, em contrapartida ao fato de esses itens terem barateado, o custo aumentou por causa de reajustes no g�s, na energia el�trica e no transporte. Segundo o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) e considerado a infla��o oficial do pa�s, nos �ltimos 12 meses at� agosto o custo da alimenta��o em BH caiu 4,13%.
Dona do Bar e Restaurante das Meninas, na Rua Niquelina, no Bairro Santa Efig�nia, na Regi�o Centro-Sul, Lena de Souza n�o pensa em mudar os valores do card�pio e tem feito o que pode para segurar o pre�o da refei��o. Em dois anos, o aumento foi de R$ 1, passando de R$ 10 para R$ 11 o prato grande. “O feij�o e os legumes baratearam, mas n�o consigo diminuir o pre�o porque ele j� � antigo”, diz Lena, que chega a vender 100 pratos por dia.
H� dois anos, o restaurante PF Cantina do Sorriso, no Bairro S�o Lucas, na Regi�o Centro-Sul de BH, se desdobra para manter o valor do prato feito com arroz, feij�o, bife, batata frita, carne e salada em R$ 16. De l� pra c�, precisou subir o valor dos demais itens do card�pio, mas fez quest�o de congelar o pre�o do PF, batizado de V� Eponina. “Aumentou o pre�o da carne, da �gua, da passagem de �nibus, o sal�rio dos funcion�rios, o material de limpeza”, lista o propriet�rio, Anderson Sorriso.
Ele tamb�m refor�a que, apesar da queda na infla��o de alguns itens, os pre�os ainda est�o altos em rela��o a um ano atr�s. “Ano passado, comprava o saco de feij�o por R$ 2,30. Depois, ele disparou e hoje pago R$ 3,40 no pacote. Quando se trata de qualidade, n�o tem por onde correr.”, diz. Para tentar compensar o aumento do custo, ele come�ou a vender tamb�m cacha�a, queijos artesanais, caf� gourmet e outros produtos. “O neg�cio � ganhar o cliente no sorriso”, diz.
No Caf� Palhares, um dos PFs mais famosos da cidade, a conta n�o � para diminuir o pre�o do prato, mas para n�o deixar ele aumentar. Prata da casa, o kaol (lingui�a, arroz, couve, farinha, ovo e molho), que segue a mesma receita desde 1938, � vendido a R$ 17,80. “O aluguel subiu, a farinha, o �leo e o g�s”, ressalta o gerente da casa, Fernando Ramos. “Desde quando a crise come�ou, a margem de lucro caiu em 20%”, ressalta o dono do restaurante, Luiz Fernando Ferreira Palhares. “Teve a crise do Collor, da carne, mas em nenhuma delas tantas lojas do Centro fecharam como nessa”, comenta.
Enquanto os comerciantes tentam segurar a clientela pela boca, os consumidores correm atr�s do melhor custo/benef�cio na hora de se alimentar. Os gastos com refei��o s�o um peso no or�amento da professora Gabriela Arantes, de 30 anos, e, na hora de escolher o local para almo�ar corre de pre�os salgados. “Almo�o todo dia fora de casa e gasto R$ 15 por dia, no m�nimo, com comida”, afirma, refor�ando que esse valor � o limite que se disp�e a pagar.
SAZONALIDADE
Professor de finan�as da Uni-Horizontes, Paulo Vieira lembra que os pre�os dos alimentos sofrem a interfer�ncia da sazonalidade. “Na �poca do arroz, o pre�o cai. Se teve uma seca ou chuva, tamb�m interfere. N�o h� um padr�o durante todo o tempo”, explica. Al�m disso, ele refor�a que a mat�ria-prima do setor aliment�cio n�o consiste apenas em alimentos. “Insumos como empregados e material de limpeza influenciam no prato de comida. O pre�o final nem sempre retrata o do supermercado”, comenta.
Do prato feito para o custo de vida em geral, de acordo com o professor, se considerada a conjuntura econ�mica, a tend�ncia � de queda na infla��o. “As fam�lias est�o recuperando um pouco o poder de consumo. Mas temos que analisar se � porque realmente est�o recuperando a renda ou se, por terem parado de comprar durante tanto tempo, qualquer movimento que fa�am acuse como uma rea��o”, ressalta.