H� pouco mais de um m�s, o executivo Daniel Faccini Castanho, presidente do Grupo Anima Educa��o, partiu de Belo Horizonte rumo � gelada Finl�ndia, terra dos vikings e da fabulosa Aurora Boreal, fen�meno que enche os c�us escandinavos de cores e luzes.
“Precisamos olhar e aprender com os melhores do mundo”, diz ele. O executivo gostou do que viu. Tanto � que a Universidade da Finl�ndia ir� aprimorar a qualifica��o de 40 professores da Anima por um ano, que se atualizar�o por meio de aulas online e presenciais, aqui mesmo no Brasil.
A parceria est� em est�gio inicial, mas a ambi��o � grande. A Anima, com mais de 95 mil alunos, mant�m 3,1 mil docentes em seu quadro. “O mundo est� mudando e o ensino mudando mais rapidamente ainda”, destaca.
A declara��o de Castanho n�o � uma for�a de express�o. Nos �ltimos anos, a Anima tem reformulado todo o seu sistema de ensino, buscando se adaptar �s novas necessidades do mercado trabalho, �s evolu��es do mundo acad�mico ou mesmo �s demandas individuais dos pr�prios alunos.
O que antes eram livros, quadros negros e extensas aulas mon�tonas dentro de quatro paredes se transformou em modelos de aprendizado muito mais din�micos. “Os alunos n�o precisam mais ir � universidade para aprender porque o conhecimento n�o est� centralizado, como antigamente.
O conhecimento est� em todo lugar”, afirma Castanho. “Atualmente, com todos os recursos tecnol�gicos existentes, podemos utilizar intelig�ncia artificial, realidade virtual, sistema de tecnologia para acompanhamento de cada aluno, al�m de todos os dispositivos que est�o ao nosso alcance para tornar a aula mais eficiente.”
A adapta��o do modelo de ensino do Grupo Anima, que faturou R$ 960 milh�es no ano passado com suas oito institui��es (Una, S�o Judas, Unisociesc, Unimonte, HSM, Ebradi, UniBH e Alis Educacional), � mais do que necess�ria para garantir a longevidade do neg�cio.
Um estudo elaborado pelo World Innovation Summit for Education (Wise), da Funda��o Catar, elaborado com a participa��o de 645 especialistas, apontou que, para 93% dos pesquisados, a inova��o (social, tecnol�gica e pedag�gica) ser� a base do crescimento do sistema educacional nos pr�ximos anos.
“Em um futuro pr�ximo, as escolas ter�o formatos h�bridos e o professor n�o ter� um papel protagonista no processo de aprendizagem”, afirma o especialista em sistemas de ensino da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Leandro Tessle.
O desafio � proporcional ao tamanho da mudan�a. Especialistas afirmam que as universidades brasileiras n�o podem apenas replicar modelos pr�-definidos de outros pa�ses, sem levar em conta caracter�sticas espec�ficas do Brasil.
“Um aprendizado personalizado � aquele que considera e respeita os instrumentos culturais que fazem parte do mundo dos alunos e, de forma equilibrada, traz tudo isso para dentro da sala de aula”, afirma Maria Bianconcine, professora da Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo. “� perda de tempo impor um modelo de ensino em que professores ditam as mat�rias para alunos que vivem e se informam pelas redes sociais.”
A julgar pelo desempenho das a��es das empresas de educa��o na Bolsa de Valores – um dos term�metros que medem a percep��o do mercado em rela��o � capacidade das empresas em se adaptarem aos novos tempos –, os grupos de ensino est�o se saindo bem em suas estrat�gias.
Segundo os n�meros da consultoria Econom�tica, os papeis da Anima negociados na Bolsa acumulam a impressionante alta de 92,67% neste ano – at� o dia 5 de dezembro. A valoriza��o s� ficou atr�s do avan�o da cota��o da Est�cio, que alcan�ou 95,75% no mesmo per�odo. A Ser Educacional valorizou-se 60,65%, enquanto a Kroton subiu 36,14% no mesmo intervalo. Como compara��o, a Bolsa de S�o Paulo, a B3, subiu aproximadamente 20%.
A bonan�a do setor educacional come�ou depois de fortes tempestades nos �ltimos anos. Uma das causas das tormentas foi a decis�o do ministro da Educa��o, Mendon�a Filho (DEM-PE), de alterar, em 2016, as regras do Fies, colocando como exig�ncia a nota m�nima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) e teto de renda para os candidatos.
Com mais dificuldade em obter cr�dito, desenhou-se um quadro de estagna��o do sistema privado do ensino superior. No ano passado, as a��es da Anima recuaram cerca de 5%.“Eu tenho a percep��o clara de que a crise econ�mica afeta os �nimos e a disposi��o de jovens de se matricular. As fam�lias empurram os filhos para que possam ajudar na renda familiar, o que dificulta os planos de acesso � educa��o superior”, rebateu o ministro.