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Estado de Minas

"A reforma da Previd�ncia � crucial", avalia ex-presidente do Banco Central Arm�nio Fraga

Ex-presidente do Banco Central diz que mudan�a � necess�ria para melhorar contas p�blicas


postado em 14/12/2017 12:00 / atualizado em 14/12/2017 13:36

"O pr�ximo governo, no in�cio de 2019, vai encontrar um colossal desafio mesmo que se aprove essa reforma da Previd�ncia", ex-presidente do Banco central Arm�nio Fraga (foto: Insper/Divulga��o)

S�o PauloEconomista, s�cio da G�vea Investimentos e ex-presidente do Banco Central (BC), Arminio Fraga � um conselheiro importante daqueles que levam a economia brasileira a s�rio.

Neste momento, sua aten��o est� voltada � aprova��o da reforma da Previd�ncia, que ainda � alvo de um cabo de guerra entre governo e oposi��o no Congresso Nacional.

Para Fraga, o projeto desenhado pelo governo tem uma s�rie de qualidades e resolveria metade dos problemas do pa�s.

O economista alerta que a reforma previdenci�ria, al�m de precisar ser aprovada agora para melhorar as contas p�blicas e, consequentemente, o �nimo dos empres�rios brasileiros para que voltem a investir, ainda vai exigir do pr�ximo governo muita ousadia diante dos ajustes que precisam ser feitos.

Nesta entrevista, Fraga mostra sua preocupa��o com o ambiente eleitoral de 2018, defende a discuss�o sobre um modelo que mude a participa��o do governo no capital da Petrobras e alerta para a necessidade de destravar os investimentos do setor produtivo, tanto da ind�stria quanto de servi�os, para que a economia volte a crescer e a taxa de desemprego recue de forma mais consistente.

Que papel tem a reforma da Previd�ncia na recupera��o da economia brasileira?
Existe hoje uma certa consci�ncia de que do jeito que as coisas est�o n�s vamos acabar muito mal. No caso da Previd�ncia, que � o que mais cresce dentro do or�amento e absorve recursos de outras �reas vitais, olha a dificuldade que se est� tendo para aprovar a reforma, que talvez resolvesse metade dos nossos problemas. D� medo desse quadro, que ainda apresenta muita dificuldade nessas quest�es. Em alguns casos, por falta de investimento, em outros por quest�es de natureza pol�tica. Mas o fato � que o pr�ximo governo, no in�cio de 2019, vai encontrar um colossal desafio mesmo que se aprove essa reforma da Previd�ncia. Ser� necess�rio fazer muito mais.

A reforma da Previd�ncia apresentada hoje � muito t�mida?
N�o, de jeito nenhum, est� longe de ser t�mida. � uma proposta excelente, s� n�o resolve o assunto de maneira definitiva. � um passo importante, mas n�s vamos precisar de muita ousadia para chegar l�. Seria um passo important�ssimo.
 
Este � o momento para discutir privatiza��es no Brasil? Como tornar ativos como Eletrobras e BR Distribuidora atraentes, principalmente para investidores estrangeiros, em um momento ainda de desconfian�a em rela��o ao pa�s e de aumento de taxa de juros nos Estados Unidos?
As privatiza��es j� est�o acontecendo, seja por meio de leil�es, de concess�es, ou dessas opera��es como a da Eletrobras e BR Distribuidora. No caso da Eletrobras, � onde hoje se explora um novo modelo na medida em que na privatiza��o existe a venda de controle. Sem a venda de controle, o assunto � outro. O momento � bom, em fun��o do que aconteceu com todos os esc�ndalos. O assunto est� quente, portanto eu terminaria a resposta com uma pergunta. Se n�o agora, quando?
 
Os investidores estrangeiros v�o ter apetite por esses ativos?
Tudo depende de um contexto maior, portanto v�rias dimens�es t�m de ser incorporadas � an�lise. Depende do setor, da qualidade da regula��o, dos riscos em geral, tanto macroecon�micos quanto pol�ticos. � natural que qualquer tipo de investidor incorpore essas quest�es nas suas avalia��es. Em se tratando de investidores grandes, com recursos para analisar e que est�o aqui contemplando investimentos de muito longo prazo, mais ainda. Mas isso � normal, n�o � diferente do que acontece em outros pa�ses.

De uma forma geral, o Brasil tem sido conservador no que diz respeito a concess�es e privatiza��es?
Acho que n�o. O Brasil viveu um processo a partir do governo Collor, depois no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso se acelerou, especialmente quando naquele momento houve um redirecionamento das prioridades do Estado. Entendeu-se que o Estado n�o deveria estar t�o envolvido em atividades produtivas, mas focado em temas t�picos do governo, como educa��o, sa�de, alguma coisa de infraestrutura, mas no �mbito regulat�rio. O Estado n�o tem capital, o nosso hoje, inclusive, tem menos, e nem capacidade de gest�o.
 
Que modelo de privatiza��o o senhor considera ideal?
Uma terceiriza��o supervisionada faz todo o sentido com o modelo regulat�rio. Esse modelo foi abandonado por quest�es ideol�gicas, e deu no que deu, abrindo-se um balc�o de neg�cios dentro do Estado em v�rias �reas, com resultados dram�ticos, como a depress�o que o pa�s viveu e ainda vive sob certo modo, j� que o desemprego continua muito alto.
 
Privatizar a Petrobras � um caminho natural?
� um caso mais complicado pelo tamanho da empresa, pela sua import�ncia. Mas certamente isso deveria ser discutido. N�o acredito em vender a Petrobras para quem quer que seja, p�blico ou privado, se for para entregar o monop�lio. O setor teria de ser redesenhado pensando em concorr�ncia. O que � bom para os consumidores � que o mercado seja competitivo, porque � isso que produz maior bem-estar. A n�o exist�ncia de n�cleos de monop�lio for�a a concorr�ncia, o que melhora a qualidade dos produtos e dos servi�os.
 
Mas e no caso espec�fico da Petrobras?
No caso da Petrobras, seria preciso pensar nisso com cuidado, para que se construa um setor que vai entregar aquilo que a sociedade quer, e n�o grupos espec�ficos que se beneficiam de uma coisa ou outra. Dentro disso tem muita coisa interessante, como o papel da pesquisa, que � crucial, mas que o mercado sozinho n�o entrega.

O eleitor deve levar em considera��o essas quest�es econ�micas? Ou as campanhas eleitorais dever�o se preocupar em explicar melhor o que est� acontecendo?
O Brasil tem sido v�tima hist�rica do populismo, que prometeu o imposs�vel, como a felicidade sem esfor�o ou sem “sacrif�cio”, entre aspas, porque o n�o ajuste sacrifica ainda mais. O populista diz “tenho aqui duas possibilidades, a felicidade ou o ajuste”. Isso � falso. Hoje, o Brasil se encontra num estado tal que ou se faz ajuste sacrificando a felicidade ou vamos ver uma situa��o ainda pior que essa. O eleitor com frequ�ncia surpreende a gente. N�o descarto que ele associe esse desastre pol�tico que aconteceu com a gest�o econ�mica e pol�tica do pa�s. Espero que isso ocorra. N�o vou dizer que sou otimista, n�o sou. Essa n�o � minha �rea de especializa��o, mas essa � a minha torcida. Mas devemos esperar um processo complexo, interativo, com um lado tentando atingir o outro.

Os candidatos populistas oferecem que tipo de amea�a?
Tenho bastante medo que o debate continue a ser populista e, se for o caso, quem chegar l� ser� sem um mandato para fazer o que for necess�rio. � s� ver o vocabul�rio que se ouve agora, com as pessoas dizem “ah, est�o fazendo maldade”. Maldade � o que est� acontecendo agora, com essa queda de 10% no PIB (Produto Interno Bruto) per capita. Arrumar a economia, ter uma vida organizada mais previs�vel, isso, sim, � bom. No fundo � um desafio de convencimento dif�cil.
 
Os investidores estrangeiros devem ficar mais irrequietos em 2018 do que est�o hoje?
� fazendo o dever de casa, administrando bem as coisas aqui dentro. Mas eu me preocupo muito mais com os investidores locais do que com os estrangeiros, porque o investimento aqui no Brasil parou. Est� se investindo pouqu�ssimo e a maior parte � feita por n�s mesmos. Eles t�m um certo peso na forma��o da taxa de c�mbio, mas o que vale � o que acontece aqui dentro. Se arrumarmos as coisas aqui dentro, os de fora v�m juntos. Em geral, eles t�m sido mais otimistas do que os de dentro.
 
O que foi decisivo para travar os investimentos no Brasil?
Foi o desastre econ�mico da administra��o do PT que deixou o pa�s nesse estado. O PT e seus partidos parceiros, diga-se de passagem, incluindo ainda boa parte do setor privado. Esse per�odo bagun�ou tudo, deu tudo errado. Esse momento incluiu uma parcela significativa das lideran�as pol�ticas do pa�s, que optaram por esse modelo e deu no que deu. V�rios foram presos, n�o foi s� ver a economia derreter. Eles se envolveram em muita encrenca, o que acabou levando � Opera��o Lava-Jato, o que � extremamente bom.
 
Chegamos no que era poss�vel de redu��o na taxa b�sica de juros?
N�o tem nada na base estrutural que impe�a o pa�s de construir o caminho para juros ainda mais baixos. N�o � uma quest�o da natureza insuper�vel do nosso pa�s. Olhando para o longo prazo, n�o d� para dizer. Se houver uma agenda de reformas sendo trabalhada e com sucesso, n�o h� por que o Brasil ter um juro parecido com o Chile ou o do M�xico. No curto prazo, � uma quest�o mais conjuntural.
 
Podemos esperar para o pr�ximo ano uma gera��o de postos de trabalho mais consistente?
Vai depender muito de como o debate vai evoluir durante a pr�-campanha eleitoral e quais sinais as pesquisas v�o dar a partir de um certo momento. Essa incerteza pode ou n�o desaparecer ao longo do caminho. Uma recupera��o mais forte dependeria disso. Hoje, o consenso � de que vai haver um pouco mais de crescimento, vai ser uma recupera��o de natureza c�clica, com muita capacidade ociosa, algum espa�o para aumentar o consumo. Mas ainda est� carente da perna do investimento. Tamb�m est� dif�cil contar com um grande salto no investimento, t�o rapidamente. A parte que se deve investir, basicamente em infraestrutura, � lenta, com muita complexidade, como licen�as. Mesmo que em determinado momento pare�a um c�u de brigadeiro, leva um tempinho para engrenar. Mas em um ambiente de elei��o, com algu�m com uma base de reformas adequada, as coisas come�am a andar bem r�pido.

 


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