Por que a Fiemg defende que a reforma da Previd�ncia seja feita agora e n�o fique para o pr�ximo governo?
Defendemos que seja feita agora porque ela deveria ter acontecido h� muito tempo, dada a sua import�ncia para o Brasil e para os brasileiros. E o que vemos agora � que mais uma vez estamos perdendo tempo e uma boa oportunidade, j� que o presidente Temer se disp�s a fazer a reforma e n�o vai colher nenhuma vantagem no governo dele. Se a reforma n�o for feita agora, ser� cada vez mais dif�cil. Mas n�o tem jeito, porque ela ter� de ser feita em algum momento, n�o tem como fugir.
E o que pode acontecer sem a reforma?
N�s temos um desiquil�brio de contas que fatalmente ser� pernicioso, principalmente para quem hoje j� � aposentado. Por isso a federa��o e as entidades de classe, n�o s� de Minas, mas da maioria do Brasil, t�m batido muito nesse tema para mostrar a deputados e senadores qual � a import�ncia disso para o Brasil.
Como as entidades da ind�stria t�m feito o corpo a corpo para sensibilizar os parlamentares?
Os deputados, pelo envolvimento com os grandes temas brasileiros, sabem da import�ncia de fazer esse ajuste e � nessa tecla que temos batido. Mas n�s tamb�m sabemos que, por tr�s desse debate todo, h� interesses em jogo. Muitas pessoas gostariam que a reforma fosse protelada. S�o pessoas que se locupletam com a Previd�ncia do tamanho que est�. Para o cidad�o que paga a Previd�ncia, ficar do jeito que est� s� traz riscos. Al�m de pagar caro por uma previd�ncia prec�ria, com um sal�rio de R$ 5 mil de teto, o cidad�o sofre com um pa�s pior.
Mas h� uma campanha grande para que os deputados n�o votem agora, do contr�rio sofreriam poss�veis efeitos nas elei��es de outubro. Como convenc�-los?
Os deputados t�m ci�ncia do que est� acontecendo e n�s tamb�m, por isso temos feito uma campanha para esclarecer, principalmente funcion�rios das ind�strias e do com�rcio. A divulga��o que o governo fez sobre a reforma n�o foi bem colocada no come�o e acabou trazendo uma s�rie de d�vidas para quem est� aposentado. Por isso temos deixado claro que quem j� � aposentado � que corre mais risco de n�o receber se faltar dinheiro. Tem uma s�rie de distor��es por corpora��es que t�m outros interesses e que colocam isso para cima dos deputados. Mas os que est�o conscientes sabem que, se a reforma n�o passar, o pa�s vai ter muitos problemas.
O o empres�rio ganha ao apoiar a reforma da Previd�ncia?
O empres�rio s� se limita a descontar o INSS do sal�rio do trabalhador e repass�-lo ao governo. Ele n�o ganha nenhum tost�o de vantagem sobre esse valor. Mas se o Brasil n�o passar a imagem de credibilidade, com uma Previd�ncia s�lida, baseada em novas regras, corremos o risco de nos transformarmos em uma Gr�cia ou Portugal, sujeitos a juros mais altos por n�o sermos considerados um pa�s s�rio, que se preocupa com suas contas. O pr�prio Banco Mundial j� falou sobre esse risco.
E se a reforma passar?
Se fizermos nossos ajustes, a produ��o brasileira vai poder concorrer em condi��es mais favor�veis no mercado internacional. A Previd�ncia, mesmo que de forma indireta, influencia nisso. E o trabalhador que n�o faz parte dessas corpora��es ou � funcion�rio p�blico, n�o vai tomar um calote quando chegar na �poca da sua aposentadoria. Outro problema � que quem n�o recolheu para o INSS de repente est� recebendo aposentadoria de algu�m que pagou gra�as a algumas pol�ticas dos �ltimos 10, 15 anos. Essa conta � do Tesouro Nacional. � um emaranhado de interesses pol�ticos e quem vai pagar a conta � aquele que trabalhou que recolheu por mais de 30 anos. Quando o deputado � assediado e corre risco de n�o se reeleger, no seu interesse particular ele pode achar que n�o est� na hora de mexer com a reforma. Mas se esse adiamento acontecer, tudo vai ficar ainda mais dif�cil.
A aprova��o da reforma da Previd�ncia pode acelerar a retomada da recupera��o da economia?
Essa � a maior vantagem para o empres�rio e a popula��o brasileira. Com a reforma da Previd�ncia, o mercado fica mais disposto a investir, a criar novas oportunidades, lan�ar novos produtos e atrair investidores estrangeiros. Do jeito que est�, n�o pode continuar, pois o pa�s s� passar� por mais dificuldades. Mas a� vemos o Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil) fazendo amea�a ao dizer aos deputados que, se houver reforma, ser�o punidos pela popula��o. Est� tudo errado. Deveriam estar preocupados em aumentar o volume de neg�cios no pa�s para arrecadar mais e melhorar as contas p�blicas.
A ind�stria registrou em dezembro um ensaio de recupera��o da atividade. Quando isso vai se refletir na gera��o de empregos, que � um dos problemas que mais t�m afligido o brasileiro?
Isso deve acontecer quando a capacidade de produ��o estiver com uma ocupa��o maior. Aqui em Minas Gerais j� come�amos a ver essa recupera��o do emprego em algumas cidades. Em Nova Serrana, por exemplo, que � polo de fabrica��o de cal�ados, h� uma oferta maior de empregos do que de trabalhadores desempregados. Isso aconteceu porque eles conseguiram crescer o volume de vendas. Mas o processo de recupera��o � lento. N�o fizemos 12 milh�es de desempregados de um dia para o outro. Ficamos quase 10 anos desempregando gente, criando dificuldades, quebrando empresas, por isso n�o d� para esperar que essa situa��o mudar� de um dia para o outro. Mas esperamos que 2018 seja melhor que 2017.
Existe a expectativa de um ano melhor mesmo com as elei��es de outubro? O que � poss�vel esperar em um ano eleitoral? H� espa�o para n�o pol�ticos?
O nosso papel como eleitor � que grande parte dos problemas que estamos passando foram originados nas m�s escolhas pol�ticas que fizemos. Temos a oportunidade e a obriga��o de pensar mais em quem vamos votar. Podemos conversar com cada trabalhador para ter mais consci�ncia e n�o votar em algu�m porque � amigo, mas porque � competente e honesto. Precisamos colocar gente melhor sim. E muitos est�o no meio pol�tico. Precisamos dar valor para quem tem valor e trazer gente nova, que n�o pensa s� em vantagem. Desde que o candidato tenha preparo, n�o vejo porque s� os que est�o a� devam ser ungidos como salvadores da p�tria. Precisamos de quem tenha vontade e dom para unir o pa�s, fazendo um pacto em prol de uma grande na��o. O mal que est� a� foi feito pela falta de compromisso, mas isso precisa ser revertido logo.
A Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) divulgou um estudo em que mostra que mais da metade da ind�stria brasileira sofre com a defasagem tecnol�gica em rela��o aos competidores estrangeiros, o que compromete muito o desempenho no mercado internacional. Como resolver esse problema?
Com investimento em educa��o. A ind�stria vive de engenheiros e t�cnicos, por isso � preciso dar aten��o � forma��o dessas pessoas, desde a faculdade at� os cursos t�cnicos. Com pessoas bem preparadas, n�s podemos melhorar o parque fabril, apesar de toda a obsolesc�ncia. A ind�stria 4.0 n�o deve ser temida, desde que haja determina��o, regras claras e acesso a cr�dito. O governo, quando est� sem dinheiro, s� enxerga a possibilidade de faturar, mas precisa gerar condi��es para o Brasil ser mais competitivo e se colocar nas mesmas condi��es de outros pa�ses.
Perfil
Olavo Machado Junior � presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Mineiro de Belo Horizonte, engenheiro, empres�rio do setor industrial, tamb�m ocupa o cargo de diretor regional do Servi�o Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Servi�o Social da Ind�stria (Sesi). � diretor da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI). J� presidiu o Sindicato da Ind�stria de Aparelhos El�tricos, Eletr�nicos e Similares do Estado de Minas Gerais (Sinaees), foi diretor da Associa��o Brasileira da Ind�stria Eletro-eletr�nica (Abinee/MG e Abinee/SP), diretor e vice-presidente do Centro das Ind�strias das Cidades Industriais de Minas Gerais (Cici/MG), vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) e presidente do Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (Ciemg). No setor p�blico, foi presidente da Funda��o Centro Tecnol�gico de Minas Gerais (Cetec/MG), secret�rio-adjunto da Ind�stria e Com�rcio do Estado de Minas Gerais e integrante do Conselho Curador da Funda��o de Amparo � Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Como empres�rio, fundou, em 1974, a Machado Correa Engenharia (Macorim), � s�cio da IG Constru��es El�tricas de equipamentos el�tricos e diretor da Orteng MCT Transformadores Ltda.