
S�o Paulo – Uma das grandes transforma��es culturais do s�culo 21 � a digitaliza��o do entretenimento. As pessoas n�o querem mais esperar o hor�rio de seu programa de TV favorito. Elas fazem a sua pr�pria programa��o – e assistem na hora e no lugar que desejarem. A mudan�a de comportamento do consumidor tem obviamente profundos impactos nos neg�cios. Enquanto o streaming e o v�deo sob demanda avan�am, a TV por assinatura perde clientes. Segundo especialistas, a tend�ncia � irrevers�vel e obrigar� as empresas a se ajustarem aos novos tempos.
Os n�meros divulgados recentemente pela Netflix n�o deixam d�vidas. O mercado de streaming � o grande neg�cio do presente e provavelmente continuar� sendo no futuro. Nos �ltimos 12 meses, as receitas da empresa cresceram 43%, o maior avan�o em duas d�cadas. No primeiro trimestre, a Netflix faturou US$ 3,7 bilh�es (cerca de R$ 12,6 bilh�es), ante US$ 2,6 bilh�es no mesmo per�odo do ano passado.
Fundada nos Estados Unidos em 1997, a companhia se tornou um fen�meno global presente em todos os continentes. Seus resultados mostram inclusive que o mercado americano deixou de ser o principal alvo do neg�cio. De janeiro a mar�o, a Netflix ganhou 8,2 milh�es de assinantes, dos quais quase 6 milh�es vieram de fora dos Estados Unidos. No total, a empresa contabiliza 118,9 milh�es de clientes.
O Brasil tem papel importante no avan�o dos servi�os de streaming. No pa�s desde 2011, a Netflix tem mais de 6 milh�es de assinantes brasileiros e faturamento em torno de R$ 1,2 bilh�o. N�o � toa a empresa tem investido em s�ries com forte apelo para o p�blico nacional. � o caso de O mecanismo, produ��o original baseada nos acontecimentos reais da Opera��o Lava-Jato e que estreou h� menos de um m�s.
Uma das metas da empresa para os pr�ximos anos � aumentar a audi�ncia das produ��es originais. Recentemente, o presidente Reed Hastings anunciou que investir� US$ 8 bilh�es em 2018 para fazer s�ries com o selo Netflix. Elas n�o t�m o mesmo sucesso dos programas de terceiros. Segundo levantamento da 7Park Datada, 80% das transmiss�es da plataforma s�o originadas por s�ries adquiridas, como Friends e Breaking Bad. T�tulos pr�prios como Stranger Things contribu�ram para diminuir essa diferen�a, mas uma rela��o equilibrada (50% das s�ries com a marca Netflix e 50% de terceiros, conforme ambi��o da empresa) ainda est� longe de acontecer.
Apesar de a Netflix ser a refer�ncia do mercado de streaming, ela n�o � a �nica a ter planos ambiciosos para o segmento. Grandes conglomerados de m�dia como Disney, HBO, Sony e Fox seguem o mesmo caminho. A Disney fez sua estreia no ramo de conte�do sob demanda h� uma semana, com o lan�amento do canal ESPN+, que disponibiliza 10 mil eventos esportivos ao vivo, al�m de document�rios sobre atletas e treinadores. Para acessar o servi�o, a pessoa ter� que baixar o aplicativo da ESPN e pagar uma mensalidade de US$ 5.
Tamb�m h� pouco tempo, a HBO apresentou o HBO Go, que pode ser assinado diretamente pela internet ou em lojas como AppStore e Google Play. Lan�ado no in�cio de abril, o Fox Mais oferece a programa��o de 11 canais do grupo. O Crackle, da Sony, traz ao Brasil s�ries exibidas nos canais AXN, al�m de filmes produzidos por diferentes est�dios.
Uma compara��o simples demonstra o potencial do streaming. De acordo com os �ltimos dados dispon�veis, as TVs por assinatura est�o presentes em 25% dos lares do pa�s. J� as empresas de internet chegam a 90% dos brasileiros, seja por banda larga fixa ou m�vel. H� um ano, as TVs por assinatura tinham 18,6 milh�es de clientes. Atualmente, s�o 17,8 milh�es – ou 800 mil consumidores a menos.
. Em alta
Os indicadores positivos da Netflix
» 8,2 milh�es de novos assinantes entre janeiro e mar�o
» US$ 3,7 bilh�es de faturamento no primeiro trimestre, alta de mais de 40% ante igual per�odo do ano passado
» US$ 290 milh�es de lucro l�quido entre janeiro e mar�o, 62% acima do registrado em 2017
» US$ 8 bilh�es de investimentos em s�ries pr�prias em 2018, recorde na hist�ria da empresa
. Em queda
A redu��o do n�mero de clientes
das TVs por assinatura
Quando Assinantes
Fevereiro de 2017 18,6 milh�es
Dezembro de 2017 18 milh�es
Janeiro de 2018 17,9 milh�es
Fevereiro de 2018 17,8 milh�es