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Estado de Minas

Modelo digital e confian�a impulsionam Banco Inter

Sem ag�ncias e com contas gratuitas, institui��o v� n�mero de clientes avan�ar mais de 1.000%


postado em 08/05/2018 12:00 / atualizado em 08/05/2018 08:42

Desafio agora é tornar a companhia um bom negócio também para os acionistas(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press.)
Desafio agora � tornar a companhia um bom neg�cio tamb�m para os acionistas (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press.)

Jo�o Vitor Menin caminha pela sede do Banco Inter, em Belo Horizonte, como se fosse um funcion�rio qualquer. Ele est� sem palet� e gravata e traz no peito o crach� pendurado, exibindo com orgulho a marca que ajudou a construir. H� um clima de ruidosa excita��o nas salas e corredores da institui��o financeira. Apenas dois dias antes, o Inter tinha aberto oficialmente o capital na B3, a Bolsa de Valores brasileira. Jo�o – � assim que todos o tratam ali – est� euf�rico, e n�o esconde isso de ningu�m. “Demos um passo importante, mais um nesses anos de tantas mudan�as”, diz ele.

Aos 36 anos, o filho ca�ula de Rubens Menin, fundador da construtora MRV, n�o tem a pose dos banqueiros nem a afeta��o dos que lideram neg�cios em franco crescimento. Ele percorre os departamentos do banco e pede licen�a ao rapaz do jur�dico para mostrar o setor ao visitante. Faz o mesmo no pequeno est�dio onde s�o gravados v�deos paras as redes sociais. Sorri para cada empregado que o cumprimenta. N�o raro, coloca o m�o no ombro do interlocutor, numa proximidade inesperada. E assim vai abrindo espa�o, conquistando a confian�a de subordinados, clientes e parceiros de neg�cios.

Jo�o parece ter moldado o Inter � sua imagem e semelhan�a. Se o presidente e acionista gosta de transmitir simplicidade, o Inter assumiu como uma de suas miss�es descomplicar a vida dos clientes. Se o executivo � jovem e impetuoso, o banco parece n�o carregar o fardo das institui��es que s�o tradicionais demais para ousar. Se o l�der tem pressa para fazer acontecer, o Inter cresce r�pido, e os n�meros est�o a� para provar isso.

Os �ltimos dias foram de fortes emo��es para Jo�o e seus quase mil funcion�rios. Depois de pouco mais de quatro meses de prepara��o, tempo recorde encurtado pelas festas e f�rias de fim de ano, o Inter abriu o capital, captando R$ 722 milh�es no mercado. Como empresa aberta, o banco vive agora os desafios da transi��o – fazer de uma companhia familiar um bom neg�cio tamb�m para os acionistas. “� um jeito novo de trabalhar, mas nos preparamos para isso”, garante Jo�o. Para todos os efeitos, foi a primeira fintech brasileira a se arriscar no mercado acion�rio, abrindo passagem para muitas outras que certamente vir�o.

O IPO n�o foi o �nico motivo para colocar o Inter no centro do notici�rio. Na sexta-feira, apenas quatro dias depois de abrir o capital, o site especializado em tecnologia Tecmundo afirmou que os dados de correntistas que estavam armazenados no sistema de nuvem da Amazon foram acessados por um hacker, que teria pedido dinheiro para n�o divulgar as informa��es. Como era de se esperar, a not�cia provocou certo nervosismo no mercado e exigiu resposta imediata na institui��o. Em comunicado, o banco declarou que “n�o houve comprometimento da seguran�a no ambiente externo e nem danos � sua estrutura tecnol�gica” e que “foi v�tima de uma tentativa de extors�o.” Segundo o Inter, a investiga��o corre em sigilo.

O epis�dio � a comprova��o definitiva de que o Inter n�o � mais um banco regional. Gra�as ao not�vel crescimento nos �ltimos dois anos e � abertura de capital, todas as suas movimenta��es passaram a receber o escrut�nio p�blico. “Sempre fomos muito cuidadosos com tudo o que fizemos e por isso a exposi��o n�o me preocupa”, diz Jo�o. “Mas ser cuidadoso e trabalhar com responsabilidade nunca significou falta de iniciativa.”

De fato, poucas institui��es financeiras tiveram tanta iniciativa – e mudaram tanto em t�o pouco tempo – no Brasil. O Inter surgiu em 1994, mas como financeira especializada em financiamentos imobili�rios. Chama-se Intermedium e foi fundada pela MRV Engenharia, construtora criada por Rubens Menin, pai de Jo�o. Em 2008, o Intermedium virou banco. “Aproveitamos o crescimento do mercado imobili�rio, porque a gente j� conhecia a fundo essa �rea”, diz Jo�o. “Isso representou uma enorme vantagem competitiva.”

Pioneiro

Em 2014, pouco antes de se tornar presidente, Jo�o, ent�o com 32 anos, teve a ideia de transformar o banco em um neg�cio digital. “Apresentei o projeto no conselho e o pessoal disse que achava dif�cil competir com os caras grandes do mercado, que tinham marcas muito fortes, com milhares de ag�ncias e tal, mas eu consegui convenc�-los que havia pouco risco nessa transforma��o”, diz o executivo.

N�o demorou para a decis�o se revelar acertada. O banco se tornou pioneiro entre os bancos digitais do Brasil e passou a ser reconhecido como um dos grandes inovadores do mercado financeiro. Outra novidade marcou a investida digital do banco: as contas 100% gratuitas. Lan�ada no final de 2015, a conta digital e gratuita chegou a 50 mil clientes ativos em poucos meses.

Atualmente, j� s�o 600 mil correntistas, o que representa um salto extraordin�rio de mais de 1.000%. At� o final do ano, a meta � chegar a 1 milh�o de contas cadastradas. “O Inter vem ganhando espa�o porque os clientes perceberam que ele � um parceiro de neg�cios”, diz Marco T�lio Guimar�es, vice-presidente da �rea comercial. “N�s oferecemos uma experi�ncia positiva ao cliente”, diz Alexandre Riccio de Oliveira, vice-presidente de opera��es. “Proporcionamos simplicidade e dinamismo na execu��o de servi�os financeiros.”

Isso � o suficiente para crescer tanto? Segundo Alexandre, h� uma palavra-chave nessa equa��o: confian�a. A conta gratuita � gratuita mesmo – sem pegadinhas, como gosta de dizer o presidente Jo�o Vitor Menin. Transfer�ncias banc�rias, emiss�o e pagamento de boletos, pagamentos de t�tulos e compras e saques s�o totalmente gratuitos. “N�s n�o vamos lan�ar uma conta gratuita para depois da d�cima TED (transfer�ncia) passar a cobrar um determinado valor”, diz ele. “N�o adianta colocar uma taxa em algum lugar e n�o ser transparente com o cliente.”

Painel

As tarifas banc�rias t�m um peso importante nos neg�cios nos bancos. No ano passado, os brasileiros pagaram R$ 27 bilh�es em tarifas, um recorde. Em 12 meses, elas subiram 40%, enquanto a infla��o oficial ficou em torno de 3%. Sob qualquer �ngulo que se olhe, trata-se de um estorvo para os correntistas, fardo esse que fintechs como o banco Inter querem combater. Na fachada da sede do banco em Belo Horizonte h� um painel eletr�nico que contabiliza os valores economizados pelos clientes ao n�o pagar as tarifas banc�rias. At� o come�o de maio eles somavam R$ 132 milh�es.

Como ganhar dinheiro e competir com os bancos tradicionais sem cobrar tarifas? Jo�o Menin explica a l�gica de seu neg�cio. Enquanto os bancos tradicionais t�m milhares de ag�ncias e empregam dezenas de milhares de pessoas, as fintechs se organizaram a partir de estruturas enxutas. O Banco Inter n�o possui uma ag�ncia sequer, e nem precisa. O cliente resolve tudo pela internet ou aplicativo de celular.

Mas essa � apenas uma parte da explica��o. O dinheiro do neg�cio vem dos mais de 10 produtos financeiros oferecidos aos clientes, de cr�dito imobili�rio ao seguro do carro, da opera��o de c�mbio � recarga do celular. Parcerias com marcas consagradas, como Mastercard e Liberty Seguros, tamb�m s�o fontes relevantes de receitas. Assinado em novembro do ano passado, o acordo com a Liberty prev� o desenvolvimento de produtos exclusivos para os clientes digitais do banco.

Lucro

A julgar pelos resultados de 2017, o modelo digital � um sucesso. No ano passado, o lucro l�quido subiu quase 90%, para R$ 48,2 milh�es. O n�mero de transa��es via celular e internet banking somou 13,9 milh�es, uma disparada de 1.252% sobre as movimenta��es de 2016. Em valores monet�rios, as transa��es somaram R$ 12,1 bilh�es, 128% acima do per�odo anterior. A base de clientes com cart�o de cr�dito avan�ou 94,7%, totalizando 88,8 mil usu�rios.

O ano passado ficou marcado por uma mudan�a importante. Em junho de 2017, o Banco Intermedium passou a se chamar apenas Banco Inter. A iniciativa tamb�m � resultado da estrat�gia digital. Para acessar o site ou baixar o aplicativo, � mais f�cil digital apenas Inter. Al�m disso, marcas curtas pegam melhor e fixam-se rapidamente na cabe�a dos clientes.

Se nos bancos tradicionais a inova��o � vital, nas fintechs ela � ainda mais necess�ria. Recentemente, o Inter lan�ou o sistema de pagamento Interpag. Funciona assim: em vez de fazer uma transfer�ncia de valores com o n�mero da conta, os clientes usam o QR Code (semelhante a um c�digo de barras), sem precisar de cart�o ou maquininha. Basta enquadrar o QR Code na tela do celular e confirmar a opera��o. Trata-se de uma iniciativa em sintonia com as mudan�as globais. Na China, um dos pa�ses mais conectados do mundo, os pagamentos via QR Code j� movimentam US$ 10,5 trilh�es, ou duas vezes e meio os valores transacion ados com cart�o de cr�dito.

O futuro � mesmo digital. Em dezembro de 2014, funcionavam 23,6 mil ag�ncias banc�rias no pa�s. Em dezembro de 2017, elas eram 21,8 mil. Enquanto isso, o percentual de brasileiros que utilizam smartphones saltou de 29% em 2014 para cerca de 70% em 2017. A revolu��o digital resultou at� em um movimento global chamado “Cashless Cities”, ou cidades sem dinheiro em esp�cie. No Brasil, Jo�o Vitor Menin quer fazer de Belo Horizonte a primeira cidade sem dinheiro da Am�rica Latina at� 2028. “A ideia � trazer toda a sociedade para o projeto, consumidores, empresas, Banco Central, prefeitura”, diz o executivo. “O mundo est� mudando rapidamente e n�s n�o podemos assistir � hist�ria passar.”


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