
S�o Paulo – No caminho oposto do que fez a Cambridge Analytica na campanha de Donald Trump ao usar irregularmente os dados dos usu�rios do Facebook para direcionar propaganda pol�tica e assim ajud�-lo na elei��o presidencial dos Estados Unidos, h� uma s�rie de empresas no Brasil e no mundo que se valem do bom uso das informa��es que est�o dispon�veis na internet para ampliar ganhos, melhorar a oferta e reduzir desperd�cios, no caso de munic�pios. � o chamado Big Data, conjunto enorme de dados armazenados no mundo da internet, que come�a a ser explorado por companhias de diversas �reas de atua��o e que v�o desde lojas de varejo a bancos, passando por setores da ind�stria, da educa��o e da sa�de, at� a gest�o de �rg�os e p�blicos.
“N�s conseguimos fazer estimativas dos valores que um munic�pio pode deixar de gastar a partir de dados p�blicos, como os disponibilizados pelo IBGE. A� ent�o comparamos cidades com IDH (�ndice de Desenvolvimento Humano) parecido, n�mero similar de popula��o e de crian�as em idade escolar, por exemplo. A partir da�, chegamos a algumas conclus�es sobre a efici�ncia da atual gest�o”, diz Gabriel Renault, presidente-executivo da Mais. “Depois que somos contratados, passamos a usar os micros dados reais que existem dentro dos �rg�os, a maioria deles nem sequer considerados, e interpretamos as informa��es para identificar os gargalos”, completou o executivo.
Entusiasta do bom uso dos dados, Renault afirma que a sociedade s� vai se “empoderar” de fato quando houver a apropria��o dos dados p�blicos, que poder�o ser usados para pressionar os pol�ticos. “Usar dados de forma eficiente faz com que o recurso p�blico seja melhor aplicado, com menos desperd�cio e mais racionaliza��o”, diz ele.
H� in�meras aplica��es do Big Data na iniciativa privada. Marcelo Vitali, diretor da consultoria de neg�cios internacionais Orbiz, salienta que a companhia que conseguir prever o que o consumidor espera em termos de novos produtos certamente ter� vantagens em mercados cada vez mais din�micos e competitivos. Ele lembra ainda que o uso das informa��es p�blicas que est�o dispon�veis na rede para o aperfei�oamento da oferta � uma tend�ncia mundial, e deve crescer muito nos pr�ximos anos.
Segundo o especialista, o varejo � um dos setores que mais se utiliza da leitura de dados para melhorar e aperfei�oar suas opera��es. Na pr�tica, assim como os investidores financeiros usam informa��es do passado para prever o desempenho futuro do mercado de a��es, as an�lises preditivas v�o auxiliar cada vez mais os varejistas a fazer suposi��es sofisticadas sobre suas vendas, margens de lucratividade, compras, descontos, custos, estoques, prazos de pagamento e fluxo de caixa.
A Amaro, loja online que vende roupas, utiliza o grande volume de informa��es de compra obtidas em seu site para direcionar a produ��o e evitar o ac�mulo de estoques. “Conseguimos saber qual cor vende mais em cada estado, qual tecido � mais aceito e qual comprimento de saia a mineira, a paulista ou a ga�cha gostam mais. Dessa forma, sabemos quase de forma exata quantas pe�as temos de produzir para atender a demanda e tamb�m conseguimos montar as cole��es certeiras de acordo com as informa��es que temos”, detalhou o su��o Dominique Oliver, fundador da Amaro e que tem a carreira marcada por passagens em grandes bancos de investimentos estrangeiros.
Os n�meros da marca demonstram que a f�rmula tem dado certo. Fundada em 2012, e com vendas exclusivamente pelo site, a marca passou a abrir pontos f�sicos, chamados de guide-shops, a partir de 2015, nos quais as consumidoras podem conhecer as pe�as ofertadas pessoalmente, prov�-las e fazer a compra por meio de um dispositivo eletr�nico. A sacola com os itens, no entanto, � entregue diretamente na casa da cliente. Se o endere�o for na capital paulista, os produtos chegam em at� 2h30. Nas demais regi�es, a entrega n�o ultrapassa 48 horas.
"Usar dados de forma eficiente faz com que o recurso p�blico seja melhor aplicado, com menos desperd�cio e mais racionaliza��o"
.Gabriel Renault,
presidente-executivo da Mais Partners
O que � Big Data
Big Data � um termo que define um grande volume de dados gerados em alta velocidade e variedade, que necessitam de tecnologias avan�adas para processar, organizar e armazenar informa��es com o objetivo de melhorar a tomada de decis�es. Atualmente, al�m de empresas especializadas em garimpar dados p�blicos na rede para atender �reas espec�ficas, grandes provedores de servi�os na internet tamb�m oferecem plataformas prontas para se trabalhar com Big Data. A Amazon comercializa uma plataforma chamada Amazon Web Services. Microsoft (Windows Azure) e Google (Google Big Query) t�m produtos parecidos.