
O presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Fl�vio Roscoe, estima em R$ 6,6 bilh�es o preju�zo do setor produtivo provocado nos primeiros seis dias da greve dos caminhoneiros. Segundo ele, se o movimento se estender por mais uma semana, haver� desabastecimento generalizado e a sociedade mergulhar� no caos, com pessoas dispostas a saquear para conseguir alimentos. “Nem o Ex�rcito dar� conta quando faltar comida. Entraremos no caos e o tecido econ�mico ser� fatalmente atingido”, disse.
"Nem o Ex�rcito dar� conta quando falar comida. Entraremos no caos e o tecido econ�mico ser� fatalmente atingido"
Fl�vio Roscoe, presidente da Fiemg, em reuni�o com representantes de 100 sindicatos patronais
Al�m do setor financeiro estar travando o cr�dito ao sistema produtivo, nem as seguradoras est�o aceitando cobrir as cargas. “A crise tem v�rias vertentes. A vertente financeira, a vertente do sistema produtivo, a vertente do ciclo de produ��o (ciclos longos n�o podem ser prontamente restabelecidos) e a vertente do caos em que vai se mergulhar a popula��o. Como as pessoas v�o reagir com o desabastecimento?”, afirmou Roscoe.
Em reuni�o ontem � tarde com representantes de 100 sindicatos patronais de todo o estado – 50 deles da regi�o metropolitana e 50 do interior, participando por videoconfer�ncia –, a Fiemg divulgou carta � sociedade. “Vai faltar p�o! Estamos na imin�ncia do caos”, sustentou o documento, que exigiu a desobstru��o das estradas e a normaliza��o do transporte de carga no Brasil. “Entendemos que a paralisa��o � leg�tima em seus objetivos, mas deve ser encerrada uma vez que as principais reivindica��es dos caminhoneiros foram atendidas com a redu��o do pre�o do diesel e com o estabelecimento de novos crit�rios para reajustes futuros”, acrescentou.
Considerando o momento “grav�ssimo”, Roscoe sustentou ser hora de interromper a movimento. “Os preju�zos a partir daqui ser�o irrecuper�veis e ningu�m saber� dizer quais ser�o os desdobramentos na hora que faltar comida”, disse. Ontem, ele se reuniu com o governador Fernando Pimentel (PT) para levar o balan�o da Fiemg e solicitar o apoio do estado e o emprego das for�as policiais para a desobstru��o das estradas. “N�o podemos mais aceitar que um setor coloque toda a sociedade em risco. Estamos a um passo do caos”, disse.
POL�TICA DE PRE�OS Toda a crise volta a expor a depend�ncia nacional de um �nico modal para o transporte. Mas tamb�m demonstra a inadequa��o da pol�tica de pre�os adotada por Pedro Parente na Petrobras. “N�o concordamos com o reajuste di�rio dos combust�veis. Nenhum segmento da economia tem esse privil�gio. Isso realmente foi uma exacerba��o de uma pol�tica de pre�os”, disse Roscoe, defendendo reajuste no m�ximo mensal. “Essa pol�tica de pre�os di�rios � equ�voco, pois � commodity da economia e as pessoas precisam ter previsibilidade”, acrescentou. Ele tamb�m criticou o que chamou de “monop�lio da Petrobras” e defendeu a privatiza��o da empresa.
GRAVIDADE No mesmo tom, a Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) afirma em nota que o pa�s est� na imin�ncia de problemas ainda mais graves do que foram vistos at� agora. E conclama as autoridades a buscar uma solu��o imediata para essa situa��o. “O abastecimento de �gua para uso humano est� comprometido porque n�o est�o sendo entregues produtos qu�micos para tratamento”, assinalou a CNI.
“N�o se trata apenas de distribui��o de combust�veis. Sem ra��o, j� foram sacrificadas 100 milh�es de aves. Al�m de deixar as fam�lias brasileiras sem ovos e sem carne, h� um grave risco � sa�de p�blica e ao meio ambiente. N�o h� sequer como enterrar as carca�as desses animais. Desde o in�cio da paralisa��o, foram jogados fora 300 milh�es de litros de leite”, afirma a nota, acrescentando ainda que “h� risco de ficarmos sem comunica��o, pois os grupos geradores, que suprem energia para as telecomunica��es na aus�ncia da energia el�trica, necessitam de diesel e podem parar de funcionar”.