
Os �ltimos aumentos dos pre�os dos combust�veis e o desabastecimento gerado com a greve dos caminhoneiros fizeram explodir em Minas Gerais um mercado que vinha crescendo desde o in�cio do ano, mas sem imaginar tamanha proje��o: os servi�os de convers�o de ve�culos para o g�s natural veicular, o GNV. Desde segunda-feira, a demanda por or�amentos nas oficinas especializadas cresceu cerca de 50% e j� h� filas de espera de 30 dias para a adapta��o dos kits.
Diante da pol�mica pol�tica de pre�os da Petrobras, e dos reajustes seguidos dos pre�os nas bombas das revendas, cada vez mais motoristas tem optado pelo uso do GNV. Nos �ltimos seis meses, a Companhia de G�s de Minas Gerais (Gasmig) contabilizou mais de 1,6 mil convers�es feitas no estado.
A corrida para adaptar os ve�culos, nesta semana, foi tanta que algumas oficinas funcionaram ontem, feriado de Corpus Christi, para conseguir atender � demanda. Foi o caso da Automec�nica Instala��o Xavier, em Betim, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. O dono, Thalles Alexander Santos Xavier, conta que a procura aumentou 150%. A empresa, que geralmente recebe de sete a oito carros por semana, fez o servi�o em 20 ve�culos durante os dias cr�ticos do movimento grevista dos caminhoneiros. “Tem que trabalhar no feriado, sen�o n�o consigo. A oficina est� lotada, sai um carro e entram dois”, comemora.
Segundo Thalles Xavier, o cen�rio de aumentos sucessivos dos pre�os da gasolina tem empurrado os motoristas � busca de alternativas. “Encareceu demais a gasolina e, com isso, cresceu a demanda para instalar o kit para a convers�o. O g�s � mais barato e rende um pouco mais que o combust�vel l�quido”, disse. O dono da mec�nica observa que o metro c�bico do g�s custa, hoje, cerca de R$ 2,70, enquanto o litro da gasolina custa quase R$ 5. Al�m disso, um carro que percorre de 8 a 10 quil�metros com um litro do combust�vel tradicional rodaria de 10 a 13km com quantidade proporcional de g�s.
“� o medo de ficar sem combust�vel e a previs�o de que a gasolina vai aumentar que est� trazendo as pessoas”, avalia. Na Gasflex, em BH, a procura tamb�m explodiu nesta semana e n�o foi poss�vel nem atender a todos os pedidos. Da m�dia di�ria de 70 telefonemas em que o consumidor busca informa��es sobre o GNV, a oficina passou a atender em torno de 300 liga��es por dia.
“Estou fazendo m�dia de 10 carros por dia. Nossa agenda do m�s j� est� completa, s� temos vaga para julho”, conta o dono da empresa, Mauro Bopp. Segundo ele, desde dezembro, quando os aumentos da gasolina ficaram mais frequentes, a busca por converter os ve�culos tem crescido e o faturamento da Gasflex j� cresceu mais de 100%.
Bopp diz que o g�s costumava ser um combust�vel marginalizado nma vis�o do consumidor, com fama de provocar defeito nos motores, mas essa cultura j� est� mudando. “Isso n�o � verdade, porque o kit atual funciona na gasolina e quando o carro esquenta passa para o g�s. O carro continua bicombust�vel, rodando a gasolina, �lcool e g�s”, explica. A convers�o feita na Gasflex custa, hoje, R$ 4,5 mil para os carros de passeio. Na mec�nica de Thalles Xavier, o custo � de R$ 3,8 mil. Se a op��o for o kit antigo, para carros fabricados antes de 2000, o valor � R$ 1,8 mil.
O Kit comum, usado em carros antigos, � mais barato por ser uma adapta��o. O novo e mais caro, chamado de 5ª gera��o, segundo os mec�nicos, consiste numa central pr�pria computadorizada e o carro reconhece melhor o sistema, por isso, o equipamento n�o afeta tanto a pot�ncia do carro.
Na balan�a
O empres�rio Wellington Mayrink Dias, 49 anos, recebeu ontem o carro Polo Sed� convertido para o g�s da oficina que contratou para o servi�o. Ele tentou contato em sete empresas da Grande BH at� conseguir uma vaga. “J� queria fazer h� algum tempo, para economizar um pouco. Logo que come�ou essa greve (dos caminhoneiros), os pre�os aumentaram muito e surgiram as filas, resolvi n�o adiar mais”, disse. Mayrink conseguiu comprar um kit usado por R$ 2 mil e a instala��o custou ao redor de R$ 650.
Para o empres�rio, o investimento vale a pena. “Voc� faz economia de mais ou menos 30% na despesa com combust�vel e n�o fica ref�m, todo dia, de aumentos de gasolina e, agora, tamb�m dessas filas” disse. A desvantagem � que, para quem tem carro hacth, cerca de 70% do espa�o do porta-malas ser� perdido. Nos ve�culos sed�, ser� 30% de perda. H� quem considere tamb�m a desvaloriza��o do ve�culo porque � preciso furar a lataria, alterando as caracter�sticas originais do carro.
Carro el�trico
A procura por informa��es sobre o carro el�trico, outra op��o para quem n�o quer ficar ref�m da gasolina, aumentou, da mesma forma, em Belo Horizonte na loja da Toyota, que comercializa o �nico ve�culo do tipo vendido no Brasil, o Prius. “A gente recebeu liga��es, esta semana, de gente procurando se informar. Muitos pensam que o carro funciona s� na base da eletricidade e, na verdade, n�o � assim. Ele precisa tamb�m de combust�vel, e a gente explica que s�o dois motores, um el�trico e outro a combust�o, sendo que um alimenta o outro”, explica o executivo de grandes contas da revendedora, Wellington Ac�cio Vieira da Silva.
Segundo ele, a Toyota comercializa o Prius desde 2013 – o carro custa de R$ 120 mil a R$ 128 mil – e deve trabalhar com um Corolla el�trico a partir de 2020. A expectativa � de que o pre�o baixe se a press�o feita junto ao governo federal para reduzir a taxa da importa��o do ve�culo surtir efeito. “Enquanto as outras montadoras investem em motores menores e turbo, a Toyota est� indo para esse lado mais sustent�vel de motores h�bridos. Tem crescido muito o interesse por eles”, afirma.

Campanha d� b�nus a motorista
A Companhia de G�s de Minas Gerais (Gasmig) lan�ou campanha de incentivo � convers�o dos ve�culos para o GNV em dezembro do ano passado. A promo��o GNV Roda Mais oferece R$ 2 mil de b�nus em dinheiro creditado no cart�o para os primeiros 4 mil ve�culos que fizerem o procedimento em uma das oficinas convertedoras parceiras, homologadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) – atualmente s�o 10 em MG e h� mais 4 em processo de homologa��o. At� agora, a ades�o foi de 1,6 mil ve�culos, sendo que 73% dos participantes s�o motoristas de aplicativos, taxistas, frotistas, representantes comerciais e profissionais liberais.
Belo Horizonte conta, hoje, com 21 postos que fornecem o GNV e uma frota de 11.335 ve�culos movidos a g�s. Em todo o estado, s�o 54 postos que fornecem combust�vel 24 horas por dia, j� que o abastecimento � feito por meio de gasodutos. De acordo com a Gasmig, o volume de vendas de GNV cresceu cerca de 26% nesses �ltimos dias. O recorde do volume di�rio de vendas foi observado na segunda-feira, quando foram comercializados 162,4 mil metros c�bicos.
O Rio de Janeiro teve os mesmos 50% de aumento na procura pela convers�o dos ve�culos nesta �ltima semana e, em S�o Paulo, o incremento foi de 50%. De acordo com a Associa��o Brasileira das Empresas de G�s Canalizado (Abeg�s), o consumo m�dio do combust�vel em abril chegou a 5,9 milh�es m³/dia em todo o Brasil, representando crescimento de 12,7% em rela��o ao mesmo m�s do ano passado.
A Abeg�s faz algumas recomenda��es ao consumidor que deseja converter seu ve�culo para o abastecimento a g�s. � preciso instalar o Kit GNV em oficinas homologadas pelo Inmetro e se informar sobre qual o modelo mais adequado para o ve�culo. Depois de instalado o equipamento, � preciso fazer a inspe��o veicular e retirar o certificado de seguran�a, depois da vistoria. Com isso, e o documento original do ve�culo em m�os, � preciso atualizar a documenta��o junto aos Detrans (os departamentos estaduais de tr�nsito). (JC)