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Estado de Minas ENTREVISTA/JOS� RICARDO RORIZ COELHO

"Como vai estar o pa�s em 2019, 2020? Ningu�m sabe", diz presidente da Fiesp

Para o novo presidente da maior federa��o empresarial do pa�s, faltam propostas concretas dos candidatos � Presid�ncia. Aus�ncia de clareza sobre pol�tica e economia afeta investimentos


postado em 10/07/2018 06:00 / atualizado em 10/07/2018 12:33

(foto: Fiesp/Divulgação)
(foto: Fiesp/Divulga��o)

S�o Paulo – Jos� Ricardo Roriz Coelho � o presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (Fiesp) desde 5 de junho, depois que Paulo Skaf se licenciou do cargo para disputar o governo paulista pelo MDB. Skaf disputa com Jo�o Doria Junior a lideran�a nas pesquisas de inten��o de votos no estado e, caso seja eleito, deixar� Roriz na presid�ncia da entidade at� 2020.

Atual presidente da Abiplast, associa��o que re�ne as ind�strias de pl�stico, Roriz � velho companheiro de Skaf e ocupa uma vice-presid�ncia na Fiesp desde 2007. Quem tamb�m estava no p�reo para liderar a federa��o era o empres�rio Benjamin Steinbruch, da CSN, que pode ser candidato a vice de Ciro Gomes (PDT) na disputa presidencial.

� frente da maior entidade empresarial do pa�s, ele tem se desdobrado para atender a uma agenda cheia com ministros, pol�ticos, empres�rios, banqueiros, al�m de dar conta das demandas internas da casa. “� tudo muito corrido”, diz. Sobre o atual momento da economia, ele aponta a capacidade ociosa de 30% nas ind�strias, percentual que se mant�m desde a paralisa��o dos caminhoneiros, como um dos principais problemas a serem resolvidos pelo setor.

A greve, que acabou derrubando a atividade industrial de maio em mais de 10%, e as incertezas com o atual quadro econ�mico foram motivo de uma reuni�o com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, na semana passada. Toda essa turbul�ncia tamb�m acabou fazendo com que a Fiesp revisse todo o planejamento para este ano e reduzisse as expectativas de crescimento do PIB de 2% para 1,5%.

O dirigente tamb�m est� preocupado com o cen�rio pol�tico, que interfere diretamente na decis�o de investimento dos empres�rios, fundamental para a retomada do crescimento. A seguir, os principais trechos da entrevista.

A queda na atividade industrial, que em maio chegou a 10,9%, vai afetar as previs�es para a economia em 2018?
Temos de considerar que maio foi um m�s com feriados e com a greve dos caminhoneiros. Mas realmente foi uma queda grande. Antes da paralisa��o dos motoristas est�vamos prevendo um crescimento de at� 2% (no come�o do ano, as previs�es e alta do PIB chegaram a 2,8%), mas agora com todos esses problemas, devemos chegar a 1,5%.

O que esperar neste segundo semestre?
Ainda � cedo para dizer que essa combina��o de greve de caminhoneiros com queda do PIB, que j� vinha acontecendo antes do movimento, afetar� muito este segundo semestre. O quadro pol�tico tamb�m interfere nessas proje��es de cen�rios para 2018. Quando se fala em crescimento, depende muito de investimentos que est�o aguardando uma situa��o mais clara sobre o que acontecer� no pr�ximo governo. A partir do momento em que o cen�rio ficar mais claro, pode ser que os investimentos sejam retomados.

"S�o poucos aqueles que ter�o um ano de 2018 com crescimento do n�vel de emprego"


Na pr�tica, o que os empres�rios est�o fazendo?
Tivemos de rever todo o nosso planejamento, n�o s� pela freada no crescimento econ�mico, mas tamb�m por conta de outras vari�veis que n�o estavam previstas, como o c�mbio, que est� totalmente fora do que se imaginava no fim do ano passado. Estamos avaliando essas vari�veis e adaptando a essas novas condi��es de mercado para este segundo semestre de 2018.

Mas o c�mbio n�o ajuda o exportador?
Ajuda nas exporta��es, mas o maior problema do c�mbio � a instabilidade. Muitas empresas t�m seus insumos e suas mat�rias-primas referenciados em d�lar, o que tamb�m representa custo e � l�gico que a parcela de exporta��o � menor do que a de importa��o.

Este cen�rio pol�tico indefinido tamb�m compromete os investimentos?
Sim, porque o que leva � decis�o de investimento, na maioria das vezes, � o cen�rio favor�vel de m�dio e longo prazo. Hoje, por exemplo, as empresas est�o com mais de 30% de capacidade ociosa. Elas v�o investir em aumento de capacidade para vender para quem? Se responder a essa pergunta, passa para a segunda fase, que � de an�lise do investimento. Como vai estar o pa�s em 2019, 2020? Ningu�m sabe. O fato � que o crescimento econ�mico n�o ser� o que se esperava porque a greve dos caminhoneiros deixou as empresas 20 dias paradas e a pr�pria Copa do Mundo reduziu muito a produtividade.

"O candidato que o empres�rio deseja � aquele que nos conven�a de que as a��es que ser�o tomadas sejam aquelas que coloquem o Brasil de volta na rota do crescimento"



Mas j� estamos em julho.
Sim, mas come�amos o m�s com feriado e v�rios dias de jogos que puxaram a produtividade para baixo. No m�s de junho, as empresas ter�o um faturamento menor. Somando greve dos caminhoneiros com um resultado menor em junho, as empresas ter�o dificuldade financeira para fazer investimentos. Outro fato negativo foi a revers�o do otimismo. Come�amos 2018 com um otimismo muito grande, de que seria um ano da retomada do crescimento e do emprego. Estamos com um desemprego perto de 14 milh�es de pessoas e naturalmente as fam�lias ficam preocupadas, deixam de consumir e isso reflete na ociosidade das empresas. S�o poucos aqueles que ter�o um ano de 2018 com crescimento do n�vel de emprego.

Qual ser� o papel dos empres�rios da ind�stria nas elei��es e qual a expectativa em rela��o ao candidato vencedor?
O que o empres�rio quer � que o Brasil volte a investir, a crescer, para poder empregar. Sem crescimento n�o teremos novos empregos. Sem emprego n�o se tem renda, consumo e produ��o. O candidato que o empres�rio deseja � aquele que nos conven�a de que as a��es que ser�o tomadas sejam aquelas que coloquem o Brasil de volta na rota do crescimento.

Os empres�rios preferem um candidato de centro?
Acho que o Brasil est� muito dividido e isso � muito ruim. Os extremos nunca s�o convergentes. O candidato de centro � aquele que procura apoio nos dois lados para que possa ter uma base parlamentar forte, que consiga implementar as a��es importantes para fazer um bom governo. O que estamos vendo at� agora � uma elei��o curta, onde vai haver uma exposi��o bem menor dos candidatos em rela��o �s elei��es anteriores. � cedo para dizer qual seria o candidato mais vi�vel, porque metade dos eleitores ainda n�o se definiu e outra metade � composta de pequenos grupos que acompanham os jornais, os debates e o que est� sendo proposto pelos candidatos. Muitos candidatos est�o falando o que a popula��o gostaria de ouvir. O importante � ele falar como podemos voltar a crescer. Isso ainda n�o aconteceu, por isso essa falta de confian�a para investir.

"As empresas est�o com mais de 30% de capacidade ociosa. Investir em aumento de capacidade para vender para quem?"



O que se pode esperar do novo governo?
Este novo governo tem que arrumar a casa, porque hoje o que est� errado no Brasil � o setor p�blico, n�o � o privado. O setor privado precisa de um ambiente de neg�cios favor�vel ao investimento e muitas vezes esse ambiente n�o � feito com regras claras. Outro problema � do ponto de vista financeiro do setor p�blico. Esses d�ficits grandes acabam encarecendo o custo do capital. Pelas nossas proje��es de endividamento, se n�o forem feitas as reformas, como a da Previd�ncia, com urg�ncia, o Brasil vai ficar insolvente em pouco tempo. Tudo que vem do governo � ineficiente e muito caro.

O que esperar das reformas?
O Brasil hoje est� cheio de diagn�sticos, mas existe um consenso de que precisamos fazer reformas. Por exemplo, as reformas da Previd�ncia e tribut�ria. Mas tem coisas que dependem do Congresso, e a gente sabe que o nosso Legislativo � lento nas respostas e com uma complexidade muito grande para fazer um alinhamento que permita que as propostas sejam aprovadas. Mas tem outras coisas que n�o precisam do Congresso, como a concentra��o banc�ria no Brasil, que faz com que o pa�s tenha o maior spread do mundo. Por que n�o se tem uma flexibiliza��o na regulamenta��o para a entrada de mais bancos estrangeiros no Brasil, para que as fintechs funcionem melhor para reduzir a concentra��o banc�ria? Isso depende de resolu��o do Banco Central.

"Tudo que vem do governo � ineficiente e muito caro"



Alguns pr�-candidatos t�m afirmado que v�o rever alguns pontos da reforma trabalhista.
Isso cria uma inseguran�a jur�dica enorme. Toda vez que isso acontece, os ativos das empresas brasileiras valem menos. Essa reforma foi discutida e aprovada pelo Congresso. Voltar a falar nisso agora � trazer mais um componente que tira a atratividade de novos investimentos. Al�m disso, essa reforma criou condi��es para haja negocia��es coletivas entre empregado e empregador sem interfer�ncia do governo. Temos de virar essa p�gina, a lei j� foi aprovada.

Como o senhor avalia as cr�ticas de alguns empres�rios que dizem que Paulo Skaf tem utilizado a estrutura da Fiesp para fazer pol�tica?
N�o tem utilizado, at� porque eu estou aqui como presidente e estamos totalmente focados nessas quest�es trazidas pela crise. Ele � uma inquestion�vel lideran�a do setor industrial. Tudo que � feito aqui na Fiesp tem aprova��o da diretoria. Todas as decis�es s�o compartilhadas com os conselheiros, diretores e fazem parte do processo decis�rio. O que o Paulo fez est� totalmente de acordo com o entendimento da diretoria.




 


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