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Estado de Minas

Busca por cr�dito para setor de aves e su�nos aumenta 5 vezes

BNDES ofereceu uma linha emergencial depois da greve dos caminhoneiros, em maio, com o objetivo de minimizar as perdas dos produtores, que enfrentam tamb�m queda nas exporta��es


postado em 28/09/2018 10:40 / atualizado em 28/09/2018 11:11

Exportações brasileiras de carne de frango caíram 20% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2017. Preços também tiveram queda de 5% a 10% no mercado global(foto: PAULO WHITAKER/Reuters 13/10/11)
Exporta��es brasileiras de carne de frango ca�ram 20% no segundo trimestre em rela��o ao mesmo per�odo de 2017. Pre�os tamb�m tiveram queda de 5% a 10% no mercado global (foto: PAULO WHITAKER/Reuters 13/10/11)

S�o Paulo – Na esperan�a de um ano menos traum�tico, empres�rios ligados ao setor de produ��o de aves contam os dias para que 2018 termine logo. Desde abril, as exporta��es de 20 frigor�ficos brasileiros para a Uni�o Europeia est�o suspensas devido a problemas fitossanit�rios.

Um m�s depois, veio a greve dos caminhoneiros e os efeitos sobre a produ��o nacional, com pelo menos 70 milh�es de animais mortos. Em junho, foi a vez de a China anunciar a ades�o ao direito antidumping sobre as importa��es de frango do Brasil, com uma taxa adicional de 18,8% e 38,4% sobre o valor dos embarques.

O reflexo dessa fase ruim � o aumento da procura por linhas de cr�dito junto ao BNDES. Levantamento do banco, que tamb�m incluiu os su�nos, feito a pedido da reportagem, mostra que entre julho e agosto deste ano a quantidade de consultar foi 5,6 vezes maior do que no mesmo per�odo de 2017. Passou de R$ 95 milh�es para R$ 535 milh�es.

J� o volume de desembolsos n�o acompanhou o mesmo desempenho e aumentou 11% na compara��o entre julho e agosto de 2017 e 2018, passando de R$ 231 milh�es para R$ 255 milh�es. O levantamento do BNDES levou em considera��o todos os produtos, programas e linhas voltadas ao setor de aves e de su�nos.

O reflexo da crise pela qual passa o setor foi sentido nos embarques internacionais. As exporta��es brasileiras de carne de frango ca�ram 20% no segundo trimestre deste ano em compara��o ao mesmo per�odo de 2017. Outro complicador foi a queda nos pre�os globais das aves nesse per�odo – retra��o de 5% para o frango inteiro e de 10% para os cortes de coxa, um desempenho que refletiu as oscila��es de oferta de no pre�o das exporta��es, segundo relat�rio divulgado recentemente pelo Rabobank.

Ainda segundo o banco, quem tirou vantagem at� agora da m� fase dos produtores brasileiros de aves foram a Ucr�nia, que exportou 155 mil toneladas no primeiro semestre e viu seus pre�os aumentarem 15%. J� a Tail�ndia apresentou uma alta de 11% nos embarques internacionais.

Para o Rabobank, o Brasil dever� ter neste ano uma queda de 1% a 2% na produ��o de aves. Hoje, segundo a institui��o financeira, especializada em agroneg�cio, existe uma amea�a adicional aos produtores brasileiros com a possibilidade de surtos de influenza avi�ria, com a proximidade do inverno no Hemisf�rio Norte, al�m de surtos de peste su�na africana na China. A doen�a poderia contribuir para aumentar a oferta de carne su�na no mercado, derrubando os pre�os e reduzindo a concorr�ncia com a carne de frango no segundo semestre.

J� para 2019, a perspectiva � que haja diminui��o na oferta de su�no, resultado da alta dos pre�os internos, favorecendo assim a demanda por carne de aves. Outro empurr�o poderia vir da China, que poder� ter de aumentar as compras de carne su�na no mercado internacional, pressionando para cima os pre�os dessa prote�na no cen�rio global e favorecendo o mercado de aves indiretamente.

AUTOMA��O Grandes produtores de frango t�m investido no aumento da automa��o com o objetivo de melhorar a produtividade no setor. Em um momento em que o Brasil vem sofrendo golpes sucessivos, tanto no mercado internacional quanto no local, essa poderia ser uma forma de minimizar as perdas.

Mas por causa de uma regulamenta��o publicada h� duas d�cadas, parte desse ganho n�o pode ser colocada em pr�tica. A Portaria 210, de 1998, do Minist�rio da Agricultura (Mapa), determina que seja respeitada nas linhas de abate de aves a dist�ncia de 1 metro para cada auxiliar do Servi�o de Inspe��o Federal (SIF) e o tempo m�nimo de 2 segundos de inspe��o por ave. Com isso, s� � poss�vel fiscalizar at� 12 mil animais por hora.

Na fiscaliza��o, os animais abatidos t�m suas v�sceras e carca�as inspecionadas, tanto interna quanto externamente. Segundo o Minist�rio da Agricultura, isso s� � poss�vel ser feito de forma segura se os equipamentos forem calibrados para funcionarem a uma velocidade que n�o ultrapasse as 12 mil aves por hora. “A velocidade de abate � limitada pelo tamanho da linha de inspe��o e pelo n�mero de inspetores. Atualmente, h� um projeto de revis�o dos crit�rios de inspe��o ante e post mortem que o Mapa solicitou o apoio da Embrapa para desenvolver. At� que se tenha o resultado do estudo n�o h� nenhuma previs�o de mudan�a”, informou o Departamento de Inspe��o de Produtos de Origem Animal, ligado � Secretaria d e Defesa Agropecu�ria.

De acordo com o Mapa, qualquer revis�o sobre o processo de inspe��o de aves levar� em considera��o uma an�lise de risco para alterar a velocidade de abate. “Est�o sendo levantados os riscos e n�o existe nada conclusivo. At� porque o projeto da Embrapa dever� ser conclu�do no final de 2019”, informou por meio de nota.

Hoje, as grandes empresas do setor, como a BRF, j� fazem o abate e o processamento das aves em equipamentos que poderiam girar a uma velocidade de at� 15 mil animais por hora, dependendo de ajustes, mas como as regras do SIF t�m de ser obedecidas, esse aumento de produtividade n�o � colocado em pr�tica.

Pesquisador da Embrapa de Corc�rdia (SC), Gerson Neudi Scheuermann explica que a automa��o tende a favorecer o retorno econ�mico. “Este impacto se deve principalmente ao elevado custo trabalhista envolvido para a gera��o de empregos no Brasil. N�o somente as empresas desembolsam continuamente os custos regularmente previstos, como se obrigam a dispender consider�vel soma de recursos para cobrir imprevistos, os lit�gios trabalhistas. Por outro lado, sem d�vida, a automa��o reduz a m�o-de-obra necess�ria para realizar o mesmo trabalho, o que pode ser bom ou ruim, dependendo de quem fizer a an�lise”, explica.

A revis�o da Portaria 210, segundo Scheuermann, tende a modernizar a inspe��o. “O objetivo n�o � exatamente o de aumentar do n�mero de aves inspecionadas por hora, mas sim de otimizar o trabalho dos t�cnicos oficiais focando sua atividade nas quest�es de sa�de p�blica com base em pr�via an�lise de risco e nos dados de acompanhamento de cada lote. Assim, o foco poder� voltar-se aos problemas cujo risco � mais real”, afirma.

Ainda de acordo com o pesquisador da Embrapa, “problemas voltados � qualidade de produto que n�o impliquem em risco � sa�de p�blica tendem a ser responsabilidade de cada empresa. O projeto exige um exaustivo trabalho de an�lise de risco, que ainda est� em fase inicial”.

Respons�vel pela opera��o da Marel Poultry no Brasil, fabricante de equipamentos para automa��o de abate animal com sede na Holanda, Lambert Rutten diz que h� pelo menos oito anos seus equipamentos t�m condi��es de fazer o abate de 13,5 mil animais por hora. Desde o in�cio deste ano, esse n�mero passou a ser de 15 mil por hora.“� uma forma de produzir a um custo menor, por isso defendo que o SIF se junte � ind�stria para fazer as mudan�as na regulamenta��o”, afirma.

Para o executivo, o custo de produ��o poderia ser de 10% a 15% menor com o aumento do n�mero de aves abatidas por hora. Com essa defesa, Rutten espera ajudar a convencer o mercado brasileiro sobre a import�ncia das novas tecnologias e, � claro, aumentar as vendas no pa�s, onde tem uma f�brica, no interior de S�o Paulo, al�m da opera��o da Sulmaq, comprada no ano passado. No entanto, por enquanto, o executivo da Marel tem de se contentar com o servi�o de assist�ncia t�cnica, que est� em alta. Segundo ele, as vendas de equipamentos novos no mercado brasileiro (incluindo de seus concorrentes) devem cair pela metade em 2018 por conta dos problemas enfrentados pelo setor e a sobreoferta de aves no mercado internacional.

Ricardo Santin, vice-presidente e diretor de mercados da Associa��o Brasileira de Prote�na Animal (ABPA), a altera��o na portaria do SIF deveria exigir como contrapartida um aumento das atribui��es dos produtores. “O controle j� � feito desde o campo, por exemplo, com a an�lise da causa da morte de animais”, afirma. J� Rui Vargas, vice-presidente e diretor t�cnico da entidade, diz que o aumento da automa��o das unidades de abate depender� do desenho das plantas. “O problema � que hoje as grandes empresas est�o optando por ter v�rias plantas, segundo o tamanho do animal, para evitar problemas sanit�rios, relacionados ao tratamento de efluentes, de res�duos. Por isso nem sempre � poss�vel dizer que a automa��o ser� efiacaz”, avalia.

Indon�sia fecha portas para o frango

 

Na �ltima quarta-feira, a delega��o brasileira cobrou durante uma reuni�o do �rg�o de Solu��es de Controv�rsias que a Indon�sia aceite e coloque em pr�tica a decis�o da Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC) para suspender as barreiras � entrada da carne de frango do Brasil.

O pa�s conseguiu a vit�ria junto ao organismo multilateral em agosto do ano passado. Por conta disso, esperava exportar at� US$ 100 milh�es para aquele mercado em 2018. Os planos, no entanto, ter�o de ser adiados por conta de algumas manobras do parceiro comercial.

Os indon�sios tinham at� 22 de junho deste ano para suspender as barreiras ao frango brasileiro, o que foi feito, mas em um processo com muitas falhas. O pa�s n�o alterou a regra segundo a qual o frango importado s� pode ser utilizado para determinados fins e vendido em locais espec�ficos. Al�m disso, a Indon�sia n�o aceita a certifica��o sanit�ria do Brasil. Agora, os negociadores brasileiros devem endurecer no di�logo para que prevale�a o que foi decidido pela OMC.

 


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