
S�o Paulo – No in�cio de novembro, a Apple comemorou uma marca hist�rica: foi a primeira empresa privada a ter valor de mercado superior a US$ 1 trilh�o. Naquele momento, nada parecia ser capaz de deter o avan�o da companhia criada por Steve Jobs, que continuava seduzindo legi�es de consumidores com iPhones e produtos inovadores.
A resposta parece f�cil: as vendas dos novos iPhones n�o corresponderam �s expectativas. Em se tratando de uma corpora��o com n�meros superlativos, qualquer deslize representa um tombo monumental. De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Longbow Research, a Apple est� diminuindo entre 20% e 30% as encomendas do Iphone Xs Max e do Iphone XR, enquanto tem aumentado as vendas de modelos antigos, como Iphone 8 e iPhone 8 Plus.
Para uma empresa que vive essencialmente de inova��o, trata-se de uma p�ssima not�cia. Significa que os consumidores n�o est�o satisfeitos com os lan�amentos, e preferem os produtos do passado aos neg�cios do presente.
“Isso pode ser bastante perigoso para uma empresa como a Apple”, diz Eduardo Tancinsky, consultor especializado em marcas e tecnologia. “A renova��o do portf�lio de produtos � que o mant�m a empresa no imagin�rio dos consumidores, que aguardam cada lan�amento como se ele fosse mudar o mundo. Se a Apple n�o vender mais essa ilus�o, ela poder� ser ultrapassada pelos concorrentes.”
O relat�rio da consultoria Longbow Research n�o � a �nica not�cia negativa para a Apple. Segundo o banco de investimentos JP Morgan, o modelo XR ser� respons�vel por 39% das vendas de iPhones no mundo. Detalhe: a expectativa anterior era de que ele responderia por quase a metade dos neg�cios.
Al�m de apontar a diminui��o do n�mero de pedidos de iPhones, o JP Morgan tamb�m afirmou que a Apple est� enfrentando dificuldades para ampliar sua margem de lucro. Os fornecedores da Apple j� sofrem com a queda do ritmo de vendas. Ontem, a divis�o de iPhone da Foxconn informou que ir� eliminar cerca de 10% do pessoal n�o t�cnico em raz�o da diminui��o da demanda pelos aparelhos. A Foxconn Technology Group � a maior montadora de aparelhos iPhone.
Respons�vel pelo fornecimento da tecnologia de reconhecimento facial dos iPhones, a Lumentum � outra empresa parceira da Apple a rever suas proje��es. H� alguns dias, informou que diminuiu suas expectativas de rendimentos e lucros para o atual trimestre fiscal, alegando que isso se deve � queda do n�mero de pedidos “de uma grande empresa do ramo de tecnologia”. De um jeito nada sutil, a Lumentum escancarou que se trata da Apple.
A diminui��o de vendas levanta uma quest�o: a Apple n�o estaria cobrando caro demais por seus smartphones? O modelo mais barato do novo iPhone custa cerca de US$ 800, enquanto aparelhos com caracter�sticas parecidas de fabricantes como Samsung e Xiaomi s�o vendidos pela metade do pre�o.
Outra preocupa��o dos investidores diz respeito � capacidade dos servi�os on-line da empresa, como ApplePay, Apple Music e App Store, gerarem receitas substanciais. Segundo relat�rio recente, a meta � que o segmento seja capaz de movimentar algo como US$ 50 bilh�es at� 2020, mas a Apple por enquanto est� distante de alcan�ar essa marca. Outra d�vida envolve o suposto ingresso da empresa na ind�stria de sa�de, o que ainda � incerto e que s� tem gerado especula��es.
A Apple n�o foi a �nica empresa de tecnologia a tomar sustos no mercado de a��es nos �ltimos dias. Na semana passada, os pap�is da Alphabet, a companhia controladora do Google, ca�ram 10%. Em novembro, as a��es do Facebook e da Amazon acumularam tombos em torno de 20%. Segundo especialistas, a queda pode ser resultado da valoriza��o excessiva dessas empresas no passado recente, e o mercado estaria agora fazendo um ajuste natural.