
A Ford � uma entre tantas montadoras globais que seguem no esfor�o de avan�ar com os carros que dispensam a figura do condutor e tamb�m descobrir novas formas de melhorar a performance dos carros el�tricos e h�bridos. Para o setor automobil�stico, essa decis�o � crucial para a sobreviv�ncia.
Para o especialista, a pr�xima grande onda de mudan�a no segmento ser� a do carro el�trico, que a partir deste ano dever� ter uma oferta mais significativa tamb�m no Brasil. Mas para esse tipo de ve�culo acelerar no pa�s, acredita Brossi, s� mesmo com algum tipo de incentivo governamental, al�m do investimento em infraestrutura, como a instala��o de postos e de estacionamentos com fontes para o carregamento das baterias. Do contr�rio, os potenciais consumidores n�o v�o se sentir confiantes em trocar o modelo a gasolina e etanol.
"N�o acredito que o Brasil consiga fugir dessa tend�ncia. A previs�o � que em 10 anos o pa�s tenha de 20% a 30% de ve�culos el�tricos em sua frota. Com esse aumento nas vendas e o aperfei�oamento das tecnologias, a tend�ncia � que o pre�o caia"
Lucas Brossi, s�cio da Bain & Company
“Apesar desses detalhes, n�o acredito que o Brasil consiga fugir dessa tend�ncia. A previs�o � que em 10 anos o pa�s tenha de 20% a 30% de ve�culos el�tricos em sua frota. Com esse aumento nas vendas e o aperfei�oamento das tecnologias, a tend�ncia � que o pre�o caia. E vai pesar na decis�o do motorista o fato de ser um ve�culo muito mais econ�mico”, explica o executivo da Bain.
L�der do setor automotivo da KPMG, Ricardo Bacellar tamb�m destaca que a inova��o tem sido o principal pilar dessa ind�stria. Ele lembra que em uma hist�ria de pouco mais de 100 anos, poucas mudan�as significativas foram feitas. Nos �ltimos anos, no entanto, por press�o do mercado consumidor, esse comportamento dos fabricantes teve de mudar.
“A ind�stria percebeu que os consumidores estavam ficando cada vez mais tecnol�gicos. Os primeiros ve�culos come�aram a absorver tecnologia de dentro para fora, por exemplo, com c�mbio autom�tico e freios mais eficientes. Depois veio a evolu��o com o kit multim�dia e a tela touch-screen. A tecnologia tem aparecido de forma ainda mais enf�tica, com ve�culos el�tricos e aut�nomos. A ind�stria n�o vai poder parar, ou perder� espa�o para os novos competidores”, explica Bacellar.
O executivo da KPMG se refere a empresas que surgiram nos �ltimos anos j� com a proposta de investir em ve�culos mais inovadores. O maior exemplo � o da Tesla, de Elon Musk, que apesar de ainda n�o ter 100% da confian�a dos investidores, tem conseguido avan�ar com uma das plataformas mais tecnol�gicas dessa ind�stria.
“� uma quest�o fundamental para a ind�stria automobil�stica fazer investimentos em inova��o, com ciclos cada vez mais r�pidos. Afinal, o usu�rio vai querer sempre mais do que tem hoje. A grande quest�o � a velocidade com que as montadoras conseguir�o atender a esse desejo por produtos mais inovadores”, pondera o especialista.
Nos �ltimos dez anos, segundo Bacellar, o ciclo de inova��o nessa ind�stria caiu de cinco para tr�s anos. E a tend�ncia � que esse per�odo seja encurtado ainda mais � medida que o risco � seguran�a do usu�rio recuar – inclusive digital, j� que a medida que os carros s�o mais conectados, tamb�m ficam mais expostos � ataques virtuais.
NOVO COMPORTAMENTO Mas toda essa transforma��o pela qual vem passando a ind�stria n�o tem a ver apenas com a press�o dos consumidores por ve�culos mais inovadores, mas tamb�m pela mudan�a de comportamento que tem se acentuado nos �ltimos anos. As gera��es mais novas est�o cada vez menos preocupadas em ter – seja um carro ou um im�vel – e t�m optado pela experi�ncia do compartilhamento e at� o uso de outros meios de transporte. Com isso, tem crescido as empresas de aplicativo de transporte, como Uber e a brasileira 99, e ainda de forma t�mida o conceito de “car sharing”, de uso compartilhado de carros. E n�o � s� da� que vem a amea�a �s montadoras, lembra Bacellar. Tamb�m os “novos” meios de transporte, como bicicletas e patinetes el�tricos, em que se paga por tempo de uso, representam uma concorr�ncia adicional aos carros.
“Se todos est�o avaliando as vantagens poss�veis com a mobilidade, n�o d� para as montadoras pensarem apenas em fabricar e vender carro, como se fazia at� outro dia”, destaca o executivo.
Estudo divulgado no in�cio do ano passado pela PwC aponta que at� 2030, um em cada tr�s quil�metros rodados ser� percorrido por carros aut�nomos. Influenciar�o esse crescimento aspectos como a autonomia dos ve�culos, a eletrifica��o, a conectividade e o compartilhamento.
“A maioria das montadoras j� se apresenta como provedora de mobilidade, tanto por conta da evolu��o tecnol�gica quanto pela mudan�a da cabe�a dos consumidores, que adquire novos h�bitos”, explica Marcelo Cioffi, da PwC. O especialista no setor acredita que esse era um comportamento esperado, h� que o autom�vel � o segundo maior custo no or�amento familiar.
Mas n�o � apenas o compartilhamento e o tipo de energia para o funcionamento do carro que v�o mudar. Tamb�m v�o crescer os servi�os prestados por empresas de outros setores. Cioffi lembra que a Amazon, por exemplo, j� testa uma fechadura residencial que pode ser aberta por seus funcion�rios na hora da entrega da mercadoria em uma resid�ncia. “Por que n�o imaginar que esse mesmo tipo de tecnologia pode ser usado para que uma empresa tenha acesso ao porta-malas e deixe ali uma encomenda?”, diz. O executivo da PwC resume o que vem por a�: “O ve�culo do futuro ser� el�trico, compartilhado, conectado e altamente atualiz�vel.”
ABB triplica vagas para especialistas em rob�tica

Em Guarulhos, na Grande S�o Paulo, foi conclu�do recentemente o projeto de amplia��o de uma escola diferente. Nada de aulas de portugu�s, geografia ou hist�ria. O espa�o foi preparado para formar especialistas em rob�tica. Foi a estrat�gia encontrada pela multinacional ABB para preparar m�o de obra especializada em trabalhar com seus produtos, os rob�s.
Por ano, s�o vendidos no Brasil por volta de 1,5 mil rob�s industriais. O pa�s tem uma m�dia muito baixa de robotiza��o de seu parque industrial. S�o 10 rob�s industriais a cada 10 mil habitantes. O n�mero da m�dia global de rob�s para cada 10 mil trabalhadores � 85, segundo a Federa��o Internacional de Rob�tica. J� em grandes economias, o volume � bem mais relevante. Na Alemanha e no Jap�o, os n�meros variam de 700 a 800 m�quinas desse tipo a cada 10 mil habitantes.
Para empresas como a ABB, investir em inova��o – tanto no desenvolvimento de equipamentos quanto na forma��o de profissionais – � uma forma de perpetuar o neg�cio.
At� inaugurar a amplia��o do laborat�rio de rob�tica, a ABB oferecia cursos apenas para empresas com quem tinha rela��o comercial. Cassio Scarpi Brochado, chefe global de servi�os e treinamento da rob�tica da companhia, acredita que essa seja uma forma de aproveitar o potencial que o Brasil tem nessa �rea. Com a amplia��o do Centro de Treinamento, o objetivo � triplicar o n�mero de vagas – de 500 para 1.500 – ainda em 2019.
"No Brasil, um dos empecilhos para o crescimento do n�mero de rob�s � a falta de m�o de obra qualificada para esse tipo de trabalho, por isso, achamos importante investir em mais vagas para treinamento e abrir para o mercado como um todo"
Rodrigo Scarpi Brochado, chefe global de servi�os e treinamento da rob�tica da ABB
O crescimento do e-commerce tem sido uma das �reas que tem impulsionado novos neg�cios nesse segmento. A cada rob� industrial instalado, � preciso ter profissionais que programem as m�quinas, instalem e fa�am a manuten��o durante sua vida �til. “No Brasil, um dos empecilhos para o crescimento do n�mero de rob�s � a falta de m�o de obra qualificada para esse tipo de trabalho, por isso achamos importante investir em mais vagas para treinamento e abrir para o mercado como um todo”, detalha o executivo da ABB.
A iniciativa da ABB � apenas um exemplo de como a ind�stria acredita que investir em inova��o � imprescind�vel, al�m de ser uma decis�o sobre a qual n�o se pode voltar atr�s.
Durante o treinamento, os alunos aprendem, por exemplo, a identificar falhas do equipamento em tempo real, a trabalhar com ambiente virtual. Parte da atividade � feita com a ajuda do software RobotStudio. Com essa tecnologia, � poss�vel simular uma r�plica exata da f�brica no mundo virtual, prever e resolver problemas t�cnicos com anteced�ncia.
Os alunos tamb�m t�m contato com o YuMi, o primeiro rob� colaborativo de dois bra�os do mundo. O equipamento tem sensores de movimento antichoque e tecnologia antiesmagamento, o que aumenta a seguran�a de quem trabalha por perto. Ele permite v�rias aplica��es, como a dobradura para embalagens de doces e a montagem de smartphones.