Para fugir dos aumentos, pais trocam e reciclam material escolar

Negociar em grupos de pais de alunos no whatsApp, reutilizar livros usados, pagar � vista com desconto, unir os amigos para comprar de forma coletiva e comparar pre�os. Para economizar na despesa com a lista de material escolar, consumidores tentam de tudo, at� apelar para o Papai Noel. Com raz�o: al�m do gasto maior do que o verificado no ano passado, as varia��es de pre�os nas papelarias da capital mineira ultrapassam os 400%, aponta o site de pesquisas Mercado Mineiro.

Para tirar a fam�lia do sufoco, J�lia Pil�, de 10 anos, antecipou-se e colocou o bom velhinho na jogada. “Pedi o material escolar como presente de Natal, para ajudar o bolso da minha m�e, porque sei que � bem caro”, conta. A m�e dela, a advogada Patr�cia Pil�, de 47, ficou rindo de orelha a orelha com a iniciativa da filha. Ainda assim, precisou adotar outras estrat�gias.

Ela comprou livros usados para o primog�nito, Gabriel, de 13 anos, adquiridos pela metade do pre�o no grupo de WhatsApp de pais de alunos do col�gio em que os filhos estudam. “Com isso, fiz economia de R$ 800. Estou calculando gastar R$ 1.200 com a lista da J�lia, que precisa dos livros novos para fazer os exerc�cios, e R$ 350 na do Gabriel”, afirma. Outra t�tica foi comprar o material escolar antes do Natal, pois os pre�os estavam mais baixos, al�m de pesquisar em tr�s estabelecimentos, para ent�o efetuar a compra.

Quem vende e compra livros did�ticos usados consegue poupar de 30% a 40%, de acordo com o dono da papelaria Jo�o Paulo II, Jo�o Paulo Azevedo. O estabelecimento tem a troca como carro-chefe de neg�cios. S�o negociados livros a partir do 6º ano do ensino fundamental. O cliente consegue vender seu exemplar pelo valor equivalente a 25% a 33% da obra nova, que passa por avalia��o da papelaria. Tamb�m compra o exemplar usado 40% a 50% mais barato que o novo.

“A cada ano que passa aumenta a procura por livros usados. Nos �ltimos dois anos, houve um boom, por causa da queda do poder aquisitivo do brasileiro, mas tamb�m porque as pessoas est�o se conscientizando mais e reutilizar os livros”, observa. O com�rcio de usados s� n�o � maior devido � revis�o das edi��es, ao uso de apostilas por v�rios col�gios e ao fato de os anos iniciais do ensino fundamental definirem exerc�cios nos pr�prios livros.

Alternativas

Ao vender os livros usados, a administradora Ana Cristina Zechlinski, de 46, conseguiu cr�dito de R$ 280 para gastar como quiser. Ela s� n�o conseguiu economizar mais porque os filhos mudaram para col�gios que usam apostilas. “H� muitos grupos de m�es que vendem os livros entre elas. Vou comprar cadernos com o cr�dito. Estou calculando gastar em torno de R$ 500 para o restante da lista”, conta Ana Cristina, que, com tr�s filhos em idade estudantil, tem que buscar v�rias alternativas. “A mais velha estuda medicina em faculdade particular, ent�o tem que economizar”, diz.

A filha da jornalista Fernanda Cruz, de 34, tem somente seis anos, mas o pre�o da lista de materiais est� longe de ser brincadeira. A m�e calcula que gastar� mais de R$ 2 mil com os itens, que v�o de dados a fita adesiva. Segundo ela, o que mais pesa s�o os livros did�ticos, que n�o podem ser adquiridos de segunda m�o, porque as crian�as fazem as atividades no pr�prio exemplar.

“Consegui 15% de desconto por causa da escola, � o que consegui pra economizar”, diz Fernanda. H� papelarias que tamb�m est�o oferecendo desconto para grupos de m�es. “Acima de 10 pessoas, damos um desconto maior do que os 10% no pagamento � vista”, diz L�cia Ferreira, gerente da papelaria Bikas.



Grafite de R$ 1,40 a R$ 7,50

Com varia��es de mais de 400% nos pre�os do mesmo material em diferentes papelarias, os pais precisam pesquisar antes de comprar o material escolar. � o que aponta o site de pesquisas Mercado Mineiro, que comparou os pre�os em 10 principais lojas da capital mineira. A lista do col�gio teve aumento significativo em diversos itens, conforme apontou o levantamento.

“Os materiais est�o mais caros do que no ano passado, principalmente no papel”, afirma o coordenador do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. “O consumidor tem que pesquisar em dois ou tr�s lugares antes de comprar ou tentar comprar em conjunto”, aconselha.

O grafite foi o item com maior varia��o, de 435%, podendo custar de R$ 1,40 a R$ 7,50, dependendo do estabelecimento.

Os pre�os da tesoura variam de R$ 3 a R$ 3,89, aumento de 29%.  A r�gua barateou de pre�o, de, em m�dia, R$ 2,54 para R$ 2,19, valor 13,78% menor. A pesquisa levantou os pre�os de 82 produtos em 10 estabelecimentos de BH, entre 2 e 6 deste m�s.