
S�o Paulo – Alex Szapiro, principal executivo da Amazon do Brasil, navega pelo novo site da companhia e chega at� a p�gina com produtos de beleza. Para mostrar a funcionalidade das ferramentas, abre o conte�do com produtos e dicas para cabelos crespos e cacheados, conta que durante o processo de discuss�o sobre o novo neg�cio aprendeu o que significa o bad hair day (quando os cabelos n�o amanhecem bonitos de jeito nenhum) e se lembra de quando era jovenzinho e lutava para exibir um penteado liso.
NOVAS LOJAS Desde a 0h de hoje, a Amazon passou a ter tamb�m, al�m da loja pr�pria on-line de beleza (com um sub-canal espec�fico para cabelos crespos, ondulados e cacheados), uma de cuidados pessoais, outra com itens para beb�s (com uma ferramenta chamada ‘lista do beb�’, para quem quer montar a rela��o on-line de presentes para a crian�a) e uma loja de brinquedos.
Estes s�o canais novos no e-commerce da Amazon, que tamb�m vai trabalhar como plataforma para a venda de produtos de seus parceiros/vendedores nesses novos segmentos, assim como j� faz com os livros. A partir de hoje, a empresa passa a oferecer em seu site cerca de 20 milh�es de produtos em 15 categorias – incluindo itens comercializados e entregues pela Amazon e por vendedores parceiros.
At� agora, a companhia do bilion�rio Jeff Bezos, que desembarcou no pa�s em 2012, atuava com opera��o pr�pria apenas na venda de livros e de seus Kindles, do dispositivo Fire TV Stick, no servi�o de streaming Prime Video, na ferramenta de publica��o de e-books KDP e com a Amazon Web Services (AWS), uma plataforma de infraestrutura em nuvem para empresas. Os demais itens oferecidos em seu site eram todos de vendedores que utilizam a plataforma para vender de moda �ntima a barraca de camping.
CENTRO DE DISTRIBUI��O Para dar conta dessa amplia��o dos neg�cios no Brasil, Szapiro viabilizou o aluguel de um centro de distribui��o (CD) de 47 mil metros quadrados – segundo o executivo, essa �rea � equivalente a cerca de 10 campos de futebol. O valor do investimento para adequar o espa�o ao neg�cio n�o � divulgado pela empresa, que nos Estados Unidos � listada na bolsa de valores.
O local escolhido pela multinacional � Cajamar, na Grande S�o Paulo. Falava-se das negocia��es para o aluguel do espa�o h� cerca de um ano, mas a empresa vinha negando a informa��o para evitar o movimento da concorr�ncia.
Na nova �rea, n�o h� rob�s transitando pelo espa�o, como em outros 26 CDs espalhados pelo mundo, mas Szapiro garante que h� muita tecnologia embarcada para dar agilidade � opera��o, garantir pre�os de frete mais competitivos que a concorr�ncia e rapidez no prazo de entrega.
CONCORR�NCIA Esse poder� ser o diferencial da Amazon na briga pelo cliente que faz suas compras pelo e-commerce. A companhia j� oferecia o frete gr�tis para compras de livros acima de R$ 99. Para os novos canais, a op��o gratuita vale para despesas acima de R$ 149, mas com prazo de entrega mais flex�vel.
Na conversa com o Di�rios Associados, Szapiro n�o deixar transparecer a press�o sofrida pela alta competitividade no varejo brasileiro, especialmente nas vendas virtuais. N�o se altera nem mesmo quando � perguntado sobre um de seus concorrentes, o Magazine Luiza – apontado como exemplo de agilidade e boa presta��o de servi�o no com�rcio eletr�nico por especialistas em varejo e pelos analistas do mercado financeiro.
Seu CEO, Frederico Trajano, j� disse publicamente que a gigante americana ter� problemas para crescer no Brasil. Em abril do ano passado, em um evento do Ita� Unibanco, Trajano chegou a afirmar que “a Amazon ter� dificuldades para crescer no Brasil pelo fato de a realidade do pa�s ser diferente do mercado no exterior”. Completou o racioc�nio sobre a concorrente Americana dizendo que “existem tr�s jabuticabas brasileiras que s�o barreiras � atua��o de empresas de e-commerce internacionais no Brasil: a infraestrutura log�stica, a estrutura tribut�ria e o custo de capital.”
Sobre a ‘alfinetada’ do advers�rio, Szapiro lembra que a companhia tem mais de 20 anos de experi�ncia, em pa�ses com diferentes perfis e desafios. Pode ser mais f�cil a opera��o de log�stica nos Estados Unidos e em muitos pa�ses da Europa, admite, mas o mesmo n�o se pode dizer da �ndia, onde muitas casas nem sequer t�m CEP, ou da Austr�lia, tamb�m repleta de desafios por causa das suas dimens�es.
TECNOLOGIA DESDE O CLIQUE “Desde que chegamos, entregamos milh�es de livros, do Oiapoque ao Chu�. N�o temos essa preocupa��o com a log�stica, temos muita tecnologia envolvida na opera��o desde o momento em que o cliente aperta o clique para concluir a compra. Colocamos os produtos na caixa e despachamos o mais r�pido poss�vel”, conta Szapiro.
Nesse neg�cio, encurtar o prazo de entrega pode passar pela decis�o de abrir m�o da transportadora com melhor pre�o e escolher uma que cobre mais, contanto que a mercadoria chegue o quanto antes no endere�o do cliente.
Em alguns mercados internacionais, a Amazon j� consegue fazer esse percurso da compra, do clique � porta do consumidor, em uma hora. No Brasil, por ora, o menor prazo � de um dia.
"Desde que chegamos, entregamos milh�es de livros, do Oiapoque ao Chu�. N�o temos essa preocupa��o com a log�stica, temos muita tecnologia envolvida na opera��o desde o momento em que o cliente aperta o clique para concluir a compra"
Alex Szapiro, CEO da Amazon no Brasil
“Adotamos no CD os mesmos procedimentos e tecnologias dos outros centros da Amazon no mundo, mas o mais importante � a intelig�ncia nesse neg�cio. Por isso, para n�s, a encrenca di�ria n�o � a log�stica, mas n�o entregar o que o consumidor quer”, avisa o executivo da companhia.
Szapiro n�o adianta quando dever� ampliar o n�mero de categorias com opera��o pr�pria nem qual � a atual taxa de ocupa��o do CD. Mas se a companhia seguir na opera��o pr�pria a mesma velocidade que teve na expans�o de canais de produtos para seus vendedores, a expans�o dever� ser r�pida. “Posso garantir que n�o vamos parar por a�”, avisa.
NADA DE MACROECONOMIA A dire��o da Amazon tomou a decis�o de ampliar os neg�cios no pa�s em um momento em que s�o esperadas muitas defini��es, tanto na esfera pol�tica quanto na econ�mica. Mas para o executivo da opera��o brasileira, as incertezas sobre qual ser� o rumo do pa�s n�o afetam a opera��o.
“Dentro da Amazon a gente ignora a macroeconomia e a pol�tica. Olhamos � para o consumidor e o que pode facilitar a vida dele. Se tomarmos decis�es olhando para o curto prazo, provavelmente veremos uma esp�cie de montanha-russa, por isso temos de observar tend�ncias para per�odos muito mais longos e correr em busca de um bom servi�o para o consumidor”, afirma.