
S�o Paulo – Desde a �ltima ter�a-feira, a plataforma de com�rcio eletr�nico Zoom passou a ser dona do concorrente Buscap�. O valor do neg�cio n�o foi revelado e depende agora da aprova��o do Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade). A empresa de compara��o de pre�os do e-commerce foi vendida pelo fundo de investimentos sul-africano Naspers, � frente do neg�cio desde 2019.
J� o Zoom come�ou a operar em 2011 e � uma empresa investida pela Mosaico, companhia de investimentos especializada em tecnologia, pertencente a Guilherme Pacheco, Jos� Guilherme Pierotti e Roberto Malta, fundadores do Bondfaro e ex-s�cios do Buscap�. Tamb�m fazem parte da aquisi��o Bondfaro, QueBarato e Modait.
Esse neg�cio dar� ao Zoom, somando os n�meros do Buscap�, 30 milh�es de usu�rios por m�s, um volume de vendas (GMV) de R$ 5 bilh�es j� em 2019, gerado para cerca de 2.000 lojistas clientes. A previs�o dos gestores � que a transa��o seja conclu�da j� no segundo semestre. S� o Zoom tem em sua plataforma por volta de 16 milh�es de ofertas de 600 lojas. J� o Buscap� registra por m�s cerca de 15 milh�es de usu�rios.
Apesar de reduzir seus investimentos no Brasil, o fundo sul-africano informou por meio de nota que continua apostando no pa�s. “A Naspers tem orgulho de ter ajudado a tornar o Buscap� uma das marcas l�deres do e-commerce no Brasil. A Naspers continua comprometida com o Brasil e continuar� a operar e investir nesse importante mercado nos setores de classificados online, delivery de comida, pagamentos e fintech, entre outros, por meio de empresas como OLX, iFood e PayU”, informou Pat Kolek, COO da Naspers.
Quem observa o com�rcio eletr�nico brasileiro de perto sabe que o potencial de crescimento ainda � muito grande, mesmo que se compare o desempenho do pa�s ao de economias menores. Ainda que haja uma s�rie de resist�ncias a esse tipo de canal de compras, suas taxas de expans�o nos �ltimos anos, mesmo em per�odos de baixa atividade econ�mica, t�m crescido descoladas do comportamento do varejo f�sico.
Em 2011, de acordo com dados da Associa��o Brasileira de Com�rcio Eletr�nico (ABComm), o faturamento foi de R$ 21,44 bilh�es. Em 2018, foram R$ 69,9 bilh�es de receita. Para 2019, a expectativa de crescimento projetada pela entidade � de 16%, o que poder� levar o faturamento a R$ 79,9 bilh�es.
A alavancagem desses n�meros tem acontecido gra�as � disparada do n�mero dos chamados e-consumers ativos, que eram 19,14 milh�es em 2011 e chegaram a 40,92 milh�es em 2018. Esse desempenho levou os marketplaces, que respondiam em 2011 por 11% dos neg�cios do varejo, a uma participa��o de 31% no ano passado. No entanto, o t�quete m�dio do meio digital caiu na compara��o entre esses dois per�odos: R$ 363 contra R$ 310.
Entrevista/ THIAGO FLORES - CWEO DO ZOOM
“Poderia haver mais buscas e vendas com promo��es”
Segundo Thiago Flores, CEO do Zoom, n�o h� planos para acabar com alguma das marcas ap�s a aprova��o da aquisi��o do Buscap� pelo Cade. A expectativa do executivo � que a avalia��o do neg�cio seja feita pelo �rg�o ainda no segundo semestre de 2019. Em entrevista ao Estado de Minas, Flores avaliou os impactos da economia enfraquecida no com�rcio eletr�nico e como isso tem refletido no comportamento das redes varejistas que, segundo ele, t�m trabalhado com estoques menores e menos promo��es.
Por que o mercado de comparadores de pre�o tem poucos competidores?
Esse mercado de comparadores de pre�o n�o existe. O mercado, na verdade, � de e-commerce, com varejistas querendo gerar venda por meio de plataformas como o Zoom. Esses varejistas, por sua vez, t�m canais para aquisi��o de tr�fego, com m�dia online, por exemplo, por meio do Google, do Facebook e de outros players de m�dia. Eles compram tr�fego para gerar venda. H� uma concentra��o em termos globais, com 80% da verba publicit�ria no mundo, que n�o � muito diferente do Brasil, nas empresas gigantescas, que recebem bilh�es de d�lares.
Como evitar o risco de o Cade avaliar o neg�cio como uma concentra��o de mercado?
Isso est� sendo discutido com os advogados, n�o podemos adiantar nada. Mas a aprova��o do neg�cio � muito prov�vel.
O que mudou na empresa em termos de tecnologia e de ganhos de efici�ncia nos �ltimos anos?
Estamos em um mercado que cresce muito mais do que a m�dia do varejo. No varejo total, a representatividade do e-commerce � muito abaixo de economias como a dos Estados Unidos e do Reino Unido. Essa � uma �rea que cresceu mesmo em anos de crise. No ano passado, por exemplo, o com�rcio eletr�nico brasileiro cresceu 12% e a previs�o para este ano � de 15%. O Zoom cresce acima dessa taxa do e-commerce. A tecnologia nos permite ter escala, mas o n�mero de usu�rios de uma forma geral ainda � baixo. Com uma popula��o de cerca de 210 milh�es de habitantes, apenas 110 milh�es s�o internautas e em torno de 60 milh�es s�o compradores no e-commerce. Ou seja, quase 50% n�o compram on-line. A renda no Brasil � baixa e os planos de dados de banda larga ainda s�o caros. Tem tamb�m a quest�o cultural, as pessoas est�o se acostumando com esse canal e passando por cima do medo de fazer compras online por causa da seguran�a.
O investimento em conte�do foi o grande pulo do gato nos �ltimos anos?
Esse foi um dos pulos do gato, mas n�o foi o �nico nem o de grande impacto. H� diversas iniciativas no Zoom. Temos olhado para o prop�sito de levar o consumidor brasileiro a tomar uma decis�o consciente de compra. Para isso, tamb�m geramos conte�do. Mas tamb�m investimos na atra��o de lojas confi�veis, na possibilidade de consulta do hist�rico de pre�os para que o cliente saiba se � o melhor momento de comprar. Al�m disso, oferecemos a garantia dele ser ressarcido se houver algum problema com a compra.
Grandes varejistas s�o clientes do Zoom e eles, por sua vez, passaram a atuar como marketplace. O Zoom � um marketplace dos marketplaces?
N�o. O Zoom � um lugar onde se encontram compradores e vendedores. Nesse conceito, sempre a empresa sempre foi um marketplace. Mas com melhorias e ganhos de margem, os varejistas passaram a listar produtos de terceiros. O que o Zoom fez foi colocar esses vendedores na sua plataforma, adaptando-a para pequenos e m�dios, criando o marketplace 2.0. Somos uma plataforma de com�rcio eletr�nico que gera tr�fego para os varejistas.
O desempenho da economia brasileira tem afetado as buscas e as vendas?
Sim, afeta a taxa de crescimento do com�rcio eletr�nico como um todo. Se estiv�ssemos num ciclo mais positivo de economia, o com�rcio eletr�nico cresceria mais e a inten��o de compras seria maior. Ainda assim, esse setor tem apresentado taxas muito maiores do que o varejo f�sico, mas j� foi melhor at� 2015, quando crescia a uma taxa de 20% ano. Com a crise, em 2015 e 2016, as taxas foram de 7% e 8%. No ano passado, j� subiu para12% e neste ano a previs�o para o mercado � de 15%.
Na pr�tica, como esses efeitos s�o percebidos?
Quando tem crise, a inten��o de compra � menor. Ao mesmo tempo, o f�lego do varejo de comprar mais e fazer negocia��es mais atrativas acaba caindo. O exemplo que vimos com o Walmart, que encerrou sua opera��o de com�rcio eletr�nico na semana passada, al�m de algumas opera��es que t�m reportado preju�zo, mostra que h� desafios. Na pr�tica, vemos que poderia haver mais buscas e as vendas poderiam ser maiores se os varejistas oferecessem mais promo��es, maior sortimento e log�stica eficiente. Mas o fato � que hoje h� menos empresas fazendo promo��es por conta do momento econ�mico.
� poss�vel pensar na gera��o de receitas alternativas para driblar os problemas da economia do pa�s?
O nosso modelo de neg�cio continua o mesmo, tanto com a gera��o de cliques para os varejistas quanto para o marketplace. Hoje n�o h� a necessidade de criar outro modelo de receita, temos crescido a taxas superiores as apresentadas pelo e-commerce brasileiro.
Quais s�o os planos depois da aquisi��o? As marcas ser�o mantidas?
As duas marcas v�o ser mantidas de forma independente e posicionamento distintos. Mas neste momento nada muda at� que o Cade aprove o neg�cio. S�o empresas com prop�sitos diferentes e vamos debater como diferenci�-las.
Mobile banking � o canal preferido para pagar contas
A migra��o do meio f�sico para o digital n�o cresce apenas no com�rcio eletr�nico. A Pesquisa de Tecnologia Banc�ria 2019, divulgada recentemente pela Febraban, federa��o que representa os bancos, mostra que as transa��es banc�rias feitas pelo smartphone em 2018 aumentaram 24% em rela��o ao ano anterior.
O levantamento, feito pela Deloitte, mostra que os aplicativos dos bancos s�o hoje o canal preferido no Brasil para pagar contas, fazer transfer�ncias de dinheiro e outras transa��es financeiras. As transa��es com movimenta��es financeiras por meio do celular aumentaram quase 80% em 2018.
De acordo com a Febraban, de cada dez transa��es, com ou sem movimenta��o financeira, seis s�o feitas por meios digitais, seja pelo celular ou pelo computador. O mobile banking, pela primeira vez, passou o internet banking na prefer�ncia do brasileiro para pagamentos de contas e transfer�ncias (incluindo DOC e TED), chegando a 2,5 bilh�es de opera��es desse tipo.
A pesquisa mostra ainda que houve um aumento expressivo de abertura de contas por meio do mobile banking no ano passado. Foram 2,5 milh�es, ante ao total de 1,6 milh�o em 2017. A procura pela abertura por meio do internet banking tamb�m cresceu: 434 mil contas no ano passado, contra 26 mil em 2017.