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Estado de Minas EONOMIA

Empreendedores v�o � luta para driblar os duros efeitos da crise

Com a retra��o do pa�s e a falta de emprego, brasileiros buscam formas de vencer as dificuldades investindo no neg�cio por conta e nas permutas de produtos e servi�os


postado em 03/06/2019 06:00 / atualizado em 03/06/2019 18:16

A decisáo de aderir a clube de trocas, estratégia crescente no país, permitiu a Pedro Guerra Bezerra garantir, sem desembolsar, publicidade, bebida e seguranças para o salão de festas que montou em BH (foto: Jair Amaral/ EM/D.A Press )
A decis�o de aderir a clube de trocas, estrat�gia crescente no pa�s, permitiu a Pedro Guerra Bezerra garantir, sem desembolsar, publicidade, bebida e seguran�as para o sal�o de festas que montou em BH (foto: Jair Amaral/ EM/D.A Press )

Wericson Souza não se abateu após distribuir currículos com a formação de técnico e criou produção de chocolate(foto: Juliana Flister / Agência i7 )
Wericson Souza n�o se abateu ap�s distribuir curr�culos com a forma��o de t�cnico e criou produ��o de chocolate (foto: Juliana Flister / Ag�ncia i7 )
Diante da crise econ�mica e do alto e persistente desemprego no pa�s, n�o s� cresce o n�mero de brasileiros que se aventuram no trabalho por conta pr�pria quanto o universo de patr�es que buscam trocar servi�os para diminuir custos e evitar desembolso num momento de inseguran�a com o futuro.

� se virar para tentar vencer as dificuldades impostas por um Brasil que andou para tr�s no primeiro trimestre do ano, com encolhimento de 0,2% da economia e a press�o de 13,2 milh�es de pessoas sem ocupa��o, segundo os dados divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

 

Trabalhadores como Wericson Souza, de 23 anos, refletem bem a estat�stica preocupante. Depois de ter conclu�do o ensino m�dio, ele se matriculou no curso t�cnico de administra��o vinculado ao Sebrae. Com o diploma em m�os, espalhou curr�culos durante tr�s meses, mas nunca chegou sequer a ser entrevistado.

Resistindo � frustra��o, decidiu antecipar a realiza��o do sonho de empreender. “Comecei a produzir trufas, barras de chocolate e chup-chup cremoso, tudo com uso de mat�ria-prima nobre. Rebatizei os produtos com nomes criativos e criei a marca Provocatto Cacau.”

 

Dono de neg�cio pr�prio j� estabelecido, o empres�rio Fl�vio Mendes Guimar�es fez duas festas infantis para o filho sem tirar um centavo do bolso. E j� est� com passagens emitidas para uma viagem � �frica do Sul, no mesmo esquema. Ele apelou para uma receita mais requisitada num cen�rio marcado por arrocho financeiro e que se resume em duas palavras: permuta corporativa.

 

Duas das plataformas digitais mineiras especializadas na intermedia��o de permutas entre empres�rios e profissionais liberais contabilizam cerca de 1,6 mil associados. Tanto a Trokz quanto o Clube da Permuta adotam o mesmo sistema: o associado oferece seu produto ou servi�o, e a cada contrato acertado ele fica com um cr�dito correspondente ao valor de mercado, que pode ser usado para troca direta ou adquirir algo de um terceiro associado.

 

Seja por necessidade ou para aproveitar uma oportunidade, o n�mero de pequenos empreendedores vem crescendo no pa�s. Os trabalhadores por conta pr�pria somam 23,9 milh�es e esse contingente cresceu 4,1% entre fevereiro e abril deste ano, frente ao mesmo per�odo de 2018, de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domic�lios (Pnad) Cont�nua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Nesse per�odo, 939 mil pessoas passaram a engrossar esse grupo da popula��o.

 

Esse fen�meno tem sido mais presente nas estat�sticas desde o in�cio da recess�o que o pa�s enfrentou entre 2016 e 2017. O IBGE j� havia observado incremento de 5,5% entre 2015 e 2017, quando o contingente de patr�es do pr�prio neg�cio passou de 7,3 milh�es para 7,7 milh�es de pessoas.

Wericson Souza, que produz cerca de 1 mil unidades de trufas, barrinhas e chup-chups por m�s, diz que trabalhar 10 horas por dia, em m�dia, e que uma das dificuldades do neg�cio � se organizar para dar conta de muitos pap�is: produzir, comercializar, fazer a gest�o financeira, mas ele pensa grande: “Quero investir mais em capacita��o com o objetivo de, num futuro breve, levar a marca a ficar famosa, quem sabe at� transform�-la em uma franquia”, conta.

Transforma��o

Para Felipe Brand�o, gerente de Intelig�ncia Empresarial do Sebrae Minas, n�o s� o Brasil, mas o mundo passam por mudan�a expressiva no mercado de trabalho.

“O avan�o tecnol�gico est� transformando os modelos de neg�cios, reduzindo a necessidade de m�o de obra em muitos setores, mas abrindo oportunidades para novos empreendimentos”, destaca.

 

Outro dado que aponta para a tend�ncia de crescimento de pequenos neg�cios no pa�s vem da formaliza��o. Nos quatro primeiros meses do ano, s� em Minas Gerais, mais de 2 mil empreendedores se cadastraram no programa Microempreendedores Individuais (MEI). Segundo o Sebrae, o Estado acumula mais de 941 mil empreendedores formalizados, 11% dos MEIs do pa�s.

 

“A tend�ncia engloba tanto pessoas que empreendem por necessidade, para gerar uma alternativa de renda frente ao desemprego, quanto �quelas que enxergam um nicho de neg�cio e optam por trocar o mercado formal por uma nova oportunidade”, afirma B�rbara Castro, analista de Intelig�ncia Empresarial do Sebrae.

 

Ainda como resultado da op��o oferecida pela permuta de servi�os,  Pedro Guerra Bezerra j� garantiu publicidade, bebida e seguran�as para o sal�o de festas que montou na capital. Propriet�rio da Casa do Sol, ele entrou no Clube da Permuta h� dois anos, e desde ent�o n�o s� “vendeu” festas infantis, mas conheceu produtos e servi�os que, segundo ele, puderam agregar ao seu neg�cio, sem falar nos novos clientes que conquistou desde ent�o.

Integra��o

O empres�rio ressalta que cerca de 10% de seus gastos hoje s�o feitos por meio de permuta. Na vis�o de Pedro Bezerra, al�m de propiciar uma integra��o entre o empresariado, � poss�vel compartilhar experi�ncias de neg�cios.  Indicado por um cliente que praticava a permuta, Fl�vio Mendes Guimar�es, da Aluclass – empresa de esquadrias e instala��es –, pontua economia de 12% nas compras efetuadas pela empresa.

 

Atualmente, 7% das negocia��es s�o feitas por interm�dio de plataforma de trocas corporativas. O produto comercializado por Fl�vio Mendes atende basicamente construtoras, mas com os cr�ditos que acumula j� adquiriu apartamento, fez festas para o filho, comprou material de limpeza, alimenta��o para funcion�rios e produtos de supermercado. “As possibilidades s�o grandes. Basta fazer bom uso delas”, ensina.

Renovar � chamariz de clientes

Dairlane Torres e Silvana Ramos investiram em brechó 'consciente', que atraiu a consumidora Angelina Rios(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Dairlane Torres e Silvana Ramos investiram em brech� 'consciente', que atraiu a consumidora Angelina Rios (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Alternativas de empreendedorismo relacionadas ao com�rcio e ao consumo mais sustent�vel tamb�m despontam no cen�rio de crise e desemprego. Exemplo emblem�tico vem do segmento moda: no lugar de lojas que vendem cole��es novas a cada mudan�a de esta��o, os brech�s apostam na revenda de produtos seminovos (ou muitas vezes nunca usados), com descontos expressivos.

 

Formada em rela��es p�blicas, Dairlane Decler Torres, de 44, deixou o emprego formal para investir no segmento. Em 2016, montou o brech� Quase Tudo Bazar na garagem da casa dos pais, em um espa�o de 46 metros quadrados no Bairro Santa Tereza.

“Sempre gostei de moda e cheguei a emprestar o espa�o para a realiza��o de bazares de fim de semana, quando mirei a possibilidade de abir o pr�prio neg�cio. Muitos falaram para eu n�o arriscar, n�o abrir m�o de um emprego fixo. Mas tive certeza do sucesso do neg�cio diante de um cen�rio em que est� todo mundo cada vez mais apertado de dinheiro e v� no reuso de pe�as uma oportunidade para renovar o visual sem gastar muito.”

 

Este ano, Dairlane fez parceria com outra empreendedora, Silvana Ramos, do Meu brech� Silvana. Juntas, montaram um estoque atraente, com a m�dia de 1 mil produtos femininos entre pe�as de vestu�rio, cal�ados e acess�rios, cujos pre�os variam de R$ 7 a R$ 140.

A bi�loga Angelina Rios, de 28 anos, se tornou cliente ass�dua do espa�o. “Os pre�os s�o muito mais vi�veis que no mercado tradicional. Diante da crise e das vacas magras, o brech� � uma alternativa que vale a pena. Hoje, digo que gasto m�dia de R$ 60 e compro de quatro a cinco pe�as. Uma cal�a jeans que custaria R$ 120 na loja, por exemplo, custa R$ 30 no brech�. E a qualidade � a mesma”, justifica. (LV)

Gastos reduzidos

Quais s�o as vantagens de aderir �s permutas corporativas? A resposta est� na ponta da l�ngua: “O empres�rio economiza seu caixa, pois n�o precisa desembolsar dinheiro. Ele ainda consegue diluir os custo fixos, ao pagar com o servi�o.

H� ainda a possibilidade de criar uma rede de relacionamentos no mercado. Tem pessoas que est�o conosco h� sete anos, desde o in�cio, e j� conseguiram fazer um volume interessante de neg�cios”, comemora Leonardo Bortoletto, pioneiro no mercado de trocas corporativas. Ele contabiliza 19 franquias em nove estados brasileiros, apenas sete anos depois de ter criado o Clube de Permutas.

 

Todas elas t�m o mesmo modelo de neg�cio: al�m da anuidade paga � associa��o, a plataforma recebe 10% sobre o valor de cada transa��o feita sob seu interm�dio. “Criamos um ambiente dentro da plataforma para as pessoas juntarem os seus cr�ditos. A troca n�o precisa ser feita automaticamente, e � poss�vel comprar de outras empresas, o que chamamos de permuta multilateral”, diz Leonardo.

 

Outra empresa que gerencia e faz a intermedia��o de permutas corporativas multilaterais por meio de plataforma digital pr�pria � a Trokz. Os associados t�m acesso a bens e servi�os de diversas empresas sem, contudo, onerar o caixa, equilibrando estoques em �pocas de ociosidade e promovendo sua marca entre as empresas associadas, explica Francisco Diniz, s�cio da plataforma.

 

Bruno Vereza se associou a uma plataforma h� apenas seis meses, mas j� sentiu a diferen�a no caixa da empresa: conseguiu reduzir os gastos em dinheiro da Studio 3K em 20%, e ainda contabiliza um aumento no faturamento entre 25% e 30%, gra�as � nova rede de relacionamentos.

H� cinco anos, com os primeiros sinais de crise econ�mica no pa�s, o empres�rio Alexandre Elias Penido, propriet�rio da construtora Vers�til, aderiu ao sistema de permutas. “Hoje temos como pr�tica, antes de adquirir qualquer servi�o ou bem, consultar a plataforma. Mesmo que o mercado hoje j� esteja melhor, sempre ser� uma pr�tica constante nossa.”


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