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Estado de Minas

Empresas aplaudem acordo entre Mercosul e UE

Tratado entre os dois blocos deve resultar num impacto positivo no PIB, de US$ 125 bilh�es em 15 anos. Otimistas, empres�rios fazem as contas para saber de que forma v�o lucrar com isso


postado em 05/07/2019 06:00 / atualizado em 05/07/2019 09:31

(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press 8/8/14)
(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press 8/8/14)
 
S�o Paulo – Uma semana depois do an�ncio do acordo de livre com�rcio entre Mercosul e Uni�o Europeia, empres�rios e executivos brasileiros fazem as contas para dimensionar com mais propriedade e exatid�o as perspectivas de neg�cios diante do hist�rico tratado comercial.

Um dos mais empolgados � o diretor-executivo da Associa��o Nacional dos Exportadores de Sucos C�tricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto. Pelos seus c�lculos preliminares, os produtores brasileiros – como Cutrale, Citrosuco e LDC Juice (do grupo Louis Dreyfus) – ter�o economia imediata de cerca de US$ 100 milh�es nas vendas para pa�ses europeus, e de US$ 195 milh�es entre sete e 10 anos.

Isso porque a atual tributa��o imposta pela UE ao suco de laranja Made in Brazil, de 12,2% em m�dia, vai cair pela metade assim que o acordo estiver ratificado, chegando a zero daqui a uma d�cada.

Heitor Klein, presidente-executivo da Abicalçados(foto: Abicalçacados/Divulgação)
Heitor Klein, presidente-executivo da Abical�ados (foto: Abical�acados/Divulga��o)

“Ainda estamos elaborando estudos mais detalhados sobre os efeitos em volume e pre�o, mas j� podemos concluir que se trata de um cen�rio sensacional para o aumento da competitividade brasileira l� fora”, garante Netto, que participou da elabora��o de parte do acordo em rodadas de negocia��es nos �ltimos dois anos, desde que o tema voltou � mesa do governo do ex-presidente Michel Temer. “� algo, sem d�vida, muito relevante para n�s. Cerca de 70% de tudo que o Brasil exporta em suco de laranja vai para a Europa, com receita m�dia de US$ 1,6 bilh�o por ano.”

Os n�meros do executivo da CitrusBR podem at� estar subestimados. Na matem�tica feita pelo governo brasileiro, as exporta��es para a UE dever�o crescer em at� US$ 100 bilh�es dentro de uma d�cada. Embora o conte�do do acordo ainda n�o tenha sido publicado, sabe-se que produtos industriais e agr�colas ter�o as tarifas de importa��o simultaneamente – e de forma escalonada – reduzidas at� zero, como frutas, caf�, peixes, carne, cal�ados, pe�as industriais e metais.

Itens brasileiros considerados pelos europeus como mais competitivos tamb�m chegar�o � tarifa zero, mas sob regime de cotas anuais, como a carne vermelha, com 99 mil toneladas; frango, com 180 mil toneladas; e arroz, com 60 mil toneladas. Se forem superados esses volumes, haver� cobran�a de tarifas, mas sem percentual definido, por enquanto.

“O acordo Mercosul-Uni�o Europeia � bastante contempor�neo”, afirma Francisca Grostein, professora do curso de gest�o de com�rcio exterior da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Al�m de abordar quest�es comerciais, contempla temas como sustentabilidade ambiental e compras governamentais.”

Diante desse cen�rio positivo, n�o apenas as grandes companhias se preparam para uma disparada em suas exporta��es, mas tamb�m as pequenas e m�dias empresas. Exemplo disso � a fabricante mineira de p�es de queijo Maricota. Segundo a gerente de neg�cios internacionais do grupo, Mar�lia Espalaor, as vendas para o mercado internacional devem passar dos atuais 4% da receita para mais de 20% em 10 anos.

“A Europa, certamente, se tornar� um dos principais destinos dos nossos produtos nesse per�odo”, afirma a executiva. “Exportamos hoje muito pouco para a Europa, mas existe uma grande demanda do produto por l�. Sab�amos que faltava uma forma de o produto encontrar o caminho at� o consumidor. Isso vai ocorrer agora”, completa Mar�lia. A ind�stria emprega hoje 450 funcion�rios e s� exporta para Portugal. O plano � ampliar as vendas tamb�m para a Espanha e a It�lia.

Assim como a fabricante mineira de p�o de queijo, outras centenas – talvez milhares – de neg�cios do pa�s tendem a tirar proveito da facilita��o das regras de com�rcio com os europeus. Mesmo sem muitos detalhes sobre o acordo comercial, a grande maioria dos setores enxerga a aproxima��o entre os dois blocos como boa not�cia.

Principal economia do Mercosul, o Brasil tem �ndice de abertura comercial de 25%, o que � pouco em compara��o � m�dia de pa�ses emergentes, que est� na casa dos 80%. “Facilitar a comercializa��o entre essas regi�es tende a aumentar a abertura econ�mica do pa�s”, diz Fernanda Consorte, economista-chefe e estrategista do Banco Ourinvest.

Fernanda diz que o esbo�o do acordo sugere que os efeitos ser�o de longo prazo, uma vez que o Mercosul s� deve obter exporta��es com tarifas pr�ximas a zero em 10 anos. “Faz sentido os pre�os de ativos locais, como a taxa de c�mbio, n�o terem reagido � not�cia. Temos que encarar esse acordo como um ganho institucional para o Brasil e o Mercosul, assim como manter uma expectativa positiva de poss�veis novos acordos.”


SETORES


Por ser a locomotiva das exporta��es brasileiras, o agroneg�cio �, naturalmente, o que mais comemora o livre com�rcio com a Uni�o Europeia. As ind�strias brasileiras da pecu�ria e da agricultura s�o altamente competitivas globalmente e n�o t�m receio de disputar mercado com nenhum outro pa�s. “Esse acordo � um passo fundamental para nos inserir na economia global, al�m de ser um cart�o de visitas para a celebra��o de acordos conjuntos ou bilaterais”, diz o diretor-executivo da Associa��o Brasileira do Agroneg�cio (Abag), Luiz Cornacchioni.

A confian�a do agro, por�m, n�o reflete o sentimento de todos os setores da economia. N�o somente por ter mais mercado para vender seus produtos, os fabricantes nacionais enxergam com receio um aumento na concorr�ncia no Brasil e no exterior.

Os europeus est�o especialmente interessados nos cap�tulos do acordo que contemplam a redu��o de tarifas para carros e autope�as, que dever�o chegar a livre com�rcio em 15 anos. “O importante agora em diante ser� diminuir o custo/Brasil, o peso tribut�rio e as dificuldades para a ind�stria”, afirma S�lvio Campos Neto, economista da consultoria Tend�ncias. “Caso contr�rio, produtos europeus podem roubar mercado local.”

Pela estrutura b�sica do acordo, 100% dos produtos industrializados no Mercosul ter�o al�quota zerada. Ainda assim, a ressalva � sobre a disputa no mercado interno. Jo�o Carlos Marchesan, presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria de M�quinas e Equipamentos (Abimaq), v� enormes possibilidades de aumentar as exporta��es, mas condiciona o sucesso do acordo a uma isonomia com os europeus.

“O Brasil precisa melhorar a log�stica, o acesso ao cr�dito e diminuir a carga tribut�ria, que torna o pa�s pouco competitivo.” N�o que a solu��o seja subsidiar esses custos, como foi pol�tica de governos passados, mas executar as reformas que permitam que produtos brasileiros estejam em p� de igualdade com os do redor do mundo. “Precisamos das reformas, sen�o, de nada adianta. No Brasil, um maquin�rio tem de 6% a 7% de impostos agregados. Na Europa, isso � zero.”

O temor de eventualmente perder espa�o para os europeus faz com que v�rios setores ainda estejam acompanhando com lupa a defini��o dos detalhes do acordo. Um deles � o setor cal�adista. “Um aspecto que pode colocar tudo a perder � a regra de origem”, diz o presidente-executivo da Associa��o Brasileiras das Ind�strias de Cal�ados (Abical�ados), Heitor Klein. “Se um pa�s asi�tico, por exemplo, estabelecer uma f�brica na Europa, temos de assegurar que esse produto n�o seja acrescentado na lista de produtos autorizados a virem ao Brasil.”

Brasil e Argentina buscam acordo com EUA


Brasil e Argentina v�o tentar conseguir um acordo de livre-com�rcio com os Estados Unidos, anunciou ontem o presidente argentino Mauricio Macri, ao apresentar o acordo alcan�ado entre a Uni�o Europeia (UE) e o Mercosul.

"Daqui a alguns meses, vamos atr�s do EFTA (Isl�ndia, Liechtenstein, Noruega e Su��a) e, antes do fim do ano, esperamos, do Canad�. No ano que vem, temos na agenda a Coreia e tamb�m estamos falando com o Brasil por um acordo de livre-com�rcio com os Estados Unidos", afirmou o mandat�rio, sem dar mais detalhes, em um discurso diante de representantes das pequenas e m�dias empresas.

Macri celebrou o acordo entre o Mercosul e a UE ap�s 20 anos de negocia��es. "Abre-se para n�s um mercado de 500 milh�es de consumidores. Ent�o, a demanda sobre nossos produtos vai multiplicar e temos que nos preparar para produzir mais", afirmou. "Vamos precisar de mais funcion�rios, mais empresas, mais PMEs. Contra todos os medos que querem instalar, � mentira que esse acordo prejudica o mercado argentino. � um acordo que vai gerar empregos e que levou em considera��o todas as inquieta��es", defendeu.

TRANSI��O O acordo alcan�ado na semana passada entre UE e Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) agora deve ser ratificado pelo Parlamento Europeu e pelos congressos de cada pa�s dos dois blocos. "Depois dos dois anos que faltam para que todos os congressos aprovem, v�m processos de transi��o de 10 e 15 anos, prazos que conseguimos em uma negocia��o aberta, honesta e leal", destacou o presidente argentino.
 

O QUE EST� EM JOGO


Em at� 10 anos, o Brasil deve ter entrada gratuita na Europa para produtos do agroneg�cio, pe�as industriais, tecidos e qu�micos


TARIFA ZERO


Suco de laranja, frutas, caf�, peixes, crust�ceos, cal�ados, tecidos, metais, produtos qu�micos e biodiesel


SOB REGIME DE COTAS


  • Carne bovina – tarifa zero at�99 mil toneladas
  • Aves – tarifa zero at� 180 mil toneladas
  • Porcos – tarifa zero at�25 mil toneladas
  • Etanol – tarifa zero at� 450 mil toneladas (uso qu�mico) e 200 mil (outros usos)
  • Arroz – tarifa zero at� 60 mil toneladas
  •  
  • Mel – tarifa zero at� 45 mil toneladas


BENEF�CIOS



  • US$ 44 bilh�es foi o total de exporta��es para a Uni�o Europeia em 2018
  • US$ 100 bilh�es � o ganho esperado nas vendas para o bloco at� 2035
  • O acordo deve resultar num impacto positivo no PIB de US$ 125 bilh�es, em 15 anos









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