
"Convidem as menos privilegiadas, n�s ricas compramos no exterior ou novas, nas lojas". O "alerta" � de uma dona de sal�o de beleza em Belo Horizonte, que se incomodou ao ver um post de divulga��o de um bazar de roupas novas e usadas no perfil da influencer Polly Bernardes no Instagram.
"Fiquei espantada com a rea��o e repostei o coment�rio. As pessoas rapidamente foram contra a opini�o dela. � uma ofensa tanto para n�s que est�vamos fazendo uma a��o de reciclagem, quanto para quem busca uma alternativa de consumo", resumiu Polly. A personal trainer Ros�ngela Pereira dos Anjos Capelo, que estava no bazar, disse que o coment�rio foi maldoso. "Me agrediu".
Mas, afinal, comprar roupas de segunda m�o � apenas para quem tem baixo poder aquisitivo?


Raquel Fernandes, propriet�ria do brech� Brilhantina, na Savassi, refor�ou que esse tipo de consumo � bem comum em pa�ses da Europa e nos Estados Unidos. "O mineiro � um pouco fechado e ainda existe preconceito, mas � um mercado que vem se mantendo. As pessoas est�o mais inteligentes �s causas sustent�veis e a pr�tica de comprar ou vender roupas usadas est� virando filosofia de vida", destaca.

Avessa � fast fashion (moda r�pida), conceito que prioriza a venda de produtos baratos e de pouca qualidade, a dentista Joana Farias da Cunha frequenta brech�s h� pelo menos 10 anos. "Sou contra alimentar uma ind�stria que polui o meio ambiente e que, ao mesmo tempo, explora uma m�o de obra barata, exemplo da pr�tica de trabalho escravo n�o s� na China, mas tamb�m aqui no Brasil", disse.
Economia inteligente
O consumo consciente est� na moda e est� diretamente relacionado aos impactos sociais e ambientais negativos de uma produ��o e consumo desenfreados. Ou seja, vai al�m de gastar menos e do tanto que o cliente tem na carteira para investir em uma pe�a.
"Grande parte dos nossos clientes s�o pessoas com boas condi��es financeiras, mas que optaram por fazer uma economia inteligente, investindo em pe�as seminovas, de excelente qualidade, mas que por um motivo ou outro n�o interessam mais ao seu antigo dono", explica Vin�cius Delmaschio Fran�a, propriet�rio da loja Brech� & Brochuras, no Bairro Santo Ant�nio, em Belo Horizonte.
Para o empres�rio, os motivos do desapego podem ser t�o diversos quanto os de quem compra. "Seja por perda ou ganho de peso, um novo emprego, uma mudan�a de estilo. Definitivamente, o cliente de brech� busca exclusividade e uma oportunidade de encontrar pe�as diferentes, fora do padr�o atual. Poder economizar � um ganho, com certeza, mas nem de longe � a prioridade", conclui.

Famosos s�o adeptos
Os brech�s ca�ram no gosto de v�rias celebridades mundo afora. Em 2016, a cantora Anitta foi a uma premia��o no Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio de Janeiro, com um vestido do estilista Guy Laroche, comprado em um brech�.
Um ano depois, a atriz Angelina Jolie causou alvoro�o ao revelar a jornalistas e fot�grafos que estavam na porta da premi�re do filme “Um poderoso Cora��o”, no Teatro Ziegfeld, em Nova York, que o vestido que estava usando havia sido comprado em um brech� e custara apenas US$ 26 (cerca de R$ 50) - na �poca.
Se elas podem, por que n�s n�o?