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Estado de Minas ENTREVISTA/EDUARDO MIRON - CEO DA MARFRIG GLOBAL FOODS

"At� o fim do ano devemos come�ar a produ��o de carne com zero carbono", diz CEO de multinacional

Eduardo Miron, CEO da Marfrig Global Foods, fala sobre a tentativa frustrada de fus�o com a BRF, de novos produtos e o que espera da pol�tica econ�mica do governo


postado em 07/10/2019 06:00 / atualizado em 07/10/2019 09:37

(foto: Marco Ankosqui/Divuga%u2039o )
(foto: Marco Ankosqui/Divuga�%u2039o )


S�o Paulo – O ano ainda n�o terminou, mas Eduardo Miron, CEO da Marfrig Global Foods, pode dizer que o calend�rio de 2019 foi marcado por alguns fatos importantes para a multinacional brasileira. Como, por exemplo, a tentativa de costurar uma fus�o com a BRF, anunciada no fim de maio. As conversas n�o avan�aram, segundo o executivo, que est� no cargo h� pouco mais de um ano, por diferen�as no tipo de controle das duas companhias.
 
Outro fato que chacoalhou a companhia foi o an�ncio, no m�s passado, do lan�amento do hamb�rguer feito a partir de plantas, em parceria com a ADM e vendido para as lojas do Burger King. A partir dessa primeira experi�ncia, Miron faz planos para levar uma linha de produtos para o varejo, aumentar o portf�lio e at�, quem sabe, exportar. Mas n�o h� pressa para isso, diz o executivo.
 
Este ano ser� marcado tamb�m pelo in�cio da produ��o de carne com emiss�o zero de carbono. Investir nesse tipo de manejo poder� ajudar a descolar a imagem da empresa dos problemas que o Brasil vem enfrentando junto � comunidade internacional no cap�tulo da sustentabilidade. Na sequ�ncia, trechos da entrevista concedida por Miron
 
O que pesou na decis�o de desistir da uni�o com a BRF?
Fizemos um comunicado sobre um estudo em conjunto entre as companhias, n�o de uma opera��o. Seria analisada uma s�rie de fatores que facilitariam e dificultariam a opera��o. No fim, percebemos que alguns fatores n�o levariam � conclus�o de um potencial neg�cio. Um deles � que s�o empresas diferentes em termos de governan�a. A Marfrig tem como modelo o investidor de refer�ncia e, no caso da BRF, � de controle difuso. N�o foi poss�vel vencer os obst�culos e comunicamos isso ao mercado. Muito do que temos feito como transpar�ncia, como a venda da Keystone e o estudo sobre a BRF, tem sido visto de forma diferente (pelo mercado), mas n�s entendemos que � a forma correta. O mercado n�o est� acostumado a esse n�vel de transpar�ncia, mas achamos que � a forma correta. Encerramos as conversas de forma profissional e hoje n�o existe mais nada acontecendo nesse sentido. O relacionamento entre as duas empresas continua excepcionalmente bom. Os hamb�rgueres da Sadia s�o feitos pela Marfrig.

Por outro lado, o interesse em juntar for�as com uma grande empresa produtora de prote�na su�na e de aves significa que a Marfrig tem essas prote�nas no radar?
O objetivo � cumprir o nosso plano estrat�gico e o valor agregado � um ponto importante. Tudo que produzimos nos EUA tem valor agregado. No Brasil, sa�mos com o hamb�rguer vegetal, em parceria com a ADM, para o Burger King, que � algo com valor agregado. N�s nunca paramos. A conversa com a BRF n�o fez com que par�ssemos essa estrat�gia. Vamos continuar buscando opera��es que agreguem valor para n�s. Hoje, vale lembrar, somos o maior produtor mundial de hamb�rguer.
 
 
 
A experi�ncia com o hamb�rguer de planta pode abrir novas portas para a Marfrig quanto ao seu mix de produtos?
Essa tecnologia vai continuar avan�ando. Vale a pena analisar o que esse acordo (com a ADM) significa e onde pode nos levar. Estamos com uma combina��o extremamente poderosa com a ADM, reconhecida pela parte de desenvolvimento, e com acesso a mat�rias-primas. Para a escala, isso � importante. A Marfrig entra no mercado de hamb�rguer feito de plantas com sua capacidade global de produ��o e acesso aos melhores clientes. Essa combina��o leva � consist�ncia de entrega do produto. O in�cio por meio do hamb�rguer de planta � uma obviedade. Mas n�o vamos parar a�.

O que mais vem por a�?
Existe o potencial para novos produtos que esperamos que seja explorado. Todos est�o motivados. Esse mercado de produtos � base de vegetais atingiu um n�vel de maturidade e vai continuar crescendo. Eles ter�o bastante sucesso no Brasil, como mostram as vendas, que est�o indo muito bem. N�o s� temos a capacidade de produzir no Brasil, mas de vender no varejo e aproveitar o potencial de exporta��o. O primeiro passo � termos a estrutura bastante forte. H� iniciativas que pecam no mercado pela falta de robustez. Os nossos parceiros s�o extremamente fortes e o que alcan�amos � resultado de estudos de v�rios anos. At� o fim de 2019, vamos continuar explorando o produto hamb�rguer feito com vegetais, que ainda � recente, para ent�o pensar em atacar os canais de varejo e de exporta��o.

O que representa no dia a dia o volume de carne bovina exportado para a China e qual � o potencial? A disputa comercial entre EUA e China pode ter algum reflexo?
A China � um destino muito importante para o Brasil e para a Am�rica do Sul. A Marfrig � a empresa mais bem posicionada para exportar para a China por ter o maior n�mero de plantas aprovadas (depois de inspe��es) em toda a regi�o, num total de 11, sendo cinco no Brasil, quatro no Uruguai e duas na Argentina. A representatividade � grande e tem crescido. Hoje, no Brasil, se pegar o total do abate, por volta de 50% desse volume est� autorizado a exportar para a China. No caso da Argentina, passa de 50%, e no Uruguai fica entre 65% e 70%. Portanto, � um destino relevante. Para uma regi�o que tem a exporta��o como um canal muito importante, contar com a capacidade de exporta��o � fundamental. No nosso caso, estamos muito bem posicionados com opera��o na Am�rica do Norte, que n�o depende da exporta��o para a China. Cerca de 50% dessa produ��o � destinada ao mercado interno americano e 10% para exporta��o. Por isso, a guerra comercial n�o tem efeito na opera��o. Nosso mercado � de alta qualidade e n�o vejo risco de boicote � produ��o brasileira.

O aumento da produ��o de carne no Brasil est� condicionado ao crescimento da �rea de pasto ou h� como crescer apenas com ganhos de produtividade?
N�o tenho d�vida de que o caminho � o do aumento da produtividade no mesmo local onde j� se produz para gerar mais carne. O caminho � o da sustentabilidade. Toda a ind�stria est� engajada na pauta de crescimento sustent�vel e a Marfrig tem sido l�der nesse movimento. Tem uma s�rie de iniciativas para preserva��o de �reas protegidas. A Marfrig nos �ltimos sete anos atendeu a 100% dessa quest�o do bioma. At� o fim do ano, devemos come�ar a produ��o de carne com zero carbono, e, em 2020, devemos avan�ar em outras inova��es, como carne de baixo carbono.

Quem s�o os parceiros da Marfrig nessa estrat�gia?
� um investimento que estamos fazendo na inova��o, em uma parceria in�dita com a Embrapa, que vai nos permitir produzir ainda em escala pequena, em um projeto-piloto que vem sendo desenvolvido com um produtor. Esses produtos ter�o um selo e pretendemos a partir da� explorar um nicho. Al�m disso, temos trabalhado na parte de monitoramento da produ��o, com o apoio de auditoria. N�o compramos carne de lugares sem produ��o sustent�vel, que venha de algum bioma, de �rea ilegal ou que envolva o trabalho an�logo a escravo.

A empresa prepara alguma campanha para manter a reputa��o internacional de seus produtos e evitar o boicote � carne brasileira?
N�s n�o estamos em nenhum movimento que envolva uma campanha com esse objetivo. Sabemos que o governo brasileiro est� em um processo de esclarecimento, promovendo viagens para mostrar os dados sobre o pa�s em v�rios mercados. O Brasil � o pa�s que tem de ser reconhecido por tudo que faz na �rea ambiental. � papel de todos comunicar de forma apropriada tudo que est� acontecendo. No nosso caso, acontece com todos os nossos clientes e mercados onde operamos. N�o � por acaso que somos l�deres na parte de exporta��o para pa�ses r�gidos quanto � qualidade, al�m de muito cr�ticos.

Como � feito o trabalho de comunica��o?
A ind�stria e a Marfrig fazem um trabalho constante de comunica��o. Por exemplo, emitimos o primeiro bond (t�tulo) sustent�vel no Brasil, que tem a participa��o de investidores com a��es sustent�veis no pa�s. � uma forma aberta de mostrar os esfor�os em dire��o � sustentabilidade. Boicotamos aqueles que n�o est�o seguindo as regras. As empresas e o governo t�m responsabilidade no sentido de desenvolver a produ��o sustent�vel. Temos uma s�rie de trabalhos, como o assessoramento dos produtores para que melhorem as suas pr�ticas.

A economia brasileira causou frustra��o em rela��o aos planos que a companhia tinha para este ano?
Todos n�s esper�vamos que tiv�ssemos um crescimento maior, olhando o PIB como indicador. Por esse aspecto, estamos, sim, frustrados porque esper�vamos uma rea��o maior do que tem acontecido. Temos alguma flexibilidade entre exporta��o e mercado dom�stico. A exporta��o est� t�o forte que ajuda a minimizar a fragilidade do mercado interno. Tamb�m nos ajuda o foco em produtos com maior valor agregado, com o qual atendemos, por exemplo, o segmento de food service. Mas, independentemente de tudo isso, o crescimento dom�stico � frustrante. As coisas est�o melhorando, mas ainda em um ritmo muito lento.

O que voc� espera para o pr�ximo ano?
Existem raz�es para ficarmos mais otimistas. As reformas est�o sendo discutidas e devem ser aprovadas. � fato que se esperava que essas discuss�es fossem mais r�pidas e mais f�ceis do que est�o sendo. Mas, conforme avan�arem as reformas e os planos de investimentos por parte do governo, por meio de vendas de ativos, principalmente na �rea de infraestrutura, teremos todas as chances de melhorar a gera��o de empregos e ter um crescimento melhor do que devemos ter em 2019. A expectativa � que tanto o desemprego quanto o PIB apresentem melhoras razo�veis. Os n�veis atuais n�o est�o adequados para um pa�s com tanto potencial.
 


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