
Isso ocorre porque o cen�rio das contas p�blicas continua muito ruim, na avalia��o deles. Segundo um operador de mercado, as ag�ncias internacionais n�o acreditam mais em promessas do governo brasileiro nem querem mais saber de promessas ou de expectativas. Querem fatos concretos. Mas, o pa�s n�o consegue crescer e est� preso na armadilha do baixo crescimento. Para piorar a situa��o, o governo vem demorando muito para tomar medidas adicionais � reforma previdenci�ria, a fim de cortar efetivamente gastos obrigat�rios, que consomem mais de 95% das despesas prim�rias e crescem em ritmo acima da infla��o.
Assim, as contas p�blicas n�o fecham. N�o � toa, a falta de confian�a contribui para a sa�da recorde de R$ 29,4 bilh�es de investidores estrangeiros da Bolsa da Valores de S�o Paulo (B3), no acumulado no ano at� o �ltimo dia 10, novo recorde hist�rico da s�rie, iniciada em 1996. Esse valor, inclusive, supera os R$ 24,6 bilh�es registrados em 2008, no auge da crise financeira global.
“Acredito que as ag�ncias ainda v�o esperar mais um pouco para elevar a nota de risco do Brasil. Devem aguardar a economia melhorar um pouco, ver se outras medidas que o governo prometeu acontecem”, explica o economista Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (Ibre-FGV). Ele lembra que h� v�rios sinais contr�rios na economia que n�o est�o conversando. “A reforma da Previd�ncia, que era a grande quest�o fiscal, pode ser aprovada, mesmo que desidratada. Isso � positivo e, por isso, o risco pa�s est� baixo. A nota do pa�s poderia ter voltado a subir, mas a economia ainda est� crescendo pouco. O quadro fiscal continua ruim e o cen�rio externo n�o est� muito favor�vel”, explica.
O economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, considera necess�rio que as incertezas internacionais diminuam para que o Brasil recupere o grau de investimento. “Falta crescimento. O mundo tem que se acalmar. Daqui a dois anos, o pa�s recupera o selo de bom pagador, no m�ximo at� 2022”, avalia.
As estimativas do mercado financeiro para a expans�o do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produ��o de bens e servi�os do pa�s) deste ano estavam muito otimistas em 2018. Chegaram a ultrapassar 3%, e, agora, est�o abaixo de 1%, porque a economia perdeu tra��o.
“Apenas a crise da Argentina tirou 0,5% do potencial do PIB deste ano. Logo, se n�o fosse a recess�o no pa�s vizinho, o PIB brasileiro poderia crescer 1,5% em vez de 1%”, calcula Balassiano. O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, tamb�m considera que a nota de classifica��o de risco do Brasil n�o deve ser elevada imediatamente. “Faltam medidas estruturais e o governo n�o pode ficar de bra�o cruzado at� o Titanic afundar. O iceberg est� no horizonte e vamos ver se o capital percebe. Hoje, o PIB est� no mesmo patamar de 2010”, alerta.