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Estado de Minas CRISE

Alta do d�lar acende alerta para aumento do rombo na balan�a comercial brasileira

De janeiro a outubro, o d�ficit no balan�o de pagamentos somou US$ 45,6 bilh�es, dado 24,6% superior �s estimativas do Banco Central para o 2019; tend�ncia � de que o desequil�brio aumente em 2020


postado em 02/12/2019 04:00 / atualizado em 02/12/2019 08:28

A elevação das exportações nos portos, caso a economia volte a crescer, ajudará a melhorar o fluxo cambial do país (foto: Pixabay)
A eleva��o das exporta��es nos portos, caso a economia volte a crescer, ajudar� a melhorar o fluxo cambial do pa�s (foto: Pixabay)

Bras�lia – A recente turbul�ncia no mercado de c�mbio que fez o d�lar registrar recordes sucessivos na semana passada acendeu luz amarela sobre dados que n�o estavam no centro das preocupa��es: os do balan�o de pagamentos do pa�s. N�meros recentes do Banco Central (BC) mostram que o rombo das trocas comerciais e financeiras do Brasil com o resto do mundo cresceu acima das previs�es num momento em que a economia anda de lado. Isso ajudou a moeda norte-americana a renovar picos e chegar a R$ 4,27, pois a tend�ncia � de que o desequil�brio na conta aumente no ano que vem se a recupera��o na atividade econ�mica for mais robusta.
 
No acumulado de janeiro a outubro, o d�ficit no balan�o de pagamentos somou US$ 45,6 bilh�es, dado 24,6% superior �s estimativas da institui��o para o ano, de um saldo negativo de US$ 36,6 bilh�es, segundo o Relat�rio Trimestral de Infla��o (RTI) do BC. Apesar de o Minist�rio da Economia ter feito corre��o at�pica nos dados preliminares da balan�a comercial de novembro, apontando para super�vit de US$ 2,7 bilh�es no per�odo das �ltimas quatro semanas em vez de d�ficit de US$ 1,1 bilh�o, analistas do mercado financeiro reconhecem que as contas externas entraram no radar dos investidores estrangeiros. Eles, antes, davam prioridade para o quadro fiscal e o risco de insolv�ncia do pa�s.
 
As previs�es para o balan�o de pagamentos, que inclui o resultado da entrada e sa�da de investimento estrangeiro no pa�s, est�o sendo revistas. As mais recentes preveem d�ficit acima de US$ 50 bilh�es. A Rosenberg Associados, por exemplo, prev� rombo de US$ 56 bilh�es neste ano, e de US$ 71,5 bilh�es em 2020, considerando crescimento do Produto Interno Bruto (a soma da produ��o de bens e servi�os do pa�s) de 1%, neste ano, e de 2,5% no ano que vem. Em outubro, o Fundo Monet�rio Internacional (FMI) previa d�ficits mais modestos na conta-corrente do pa�s, de US$ 22,3 bilh�es e de US$ 19,6 bilh�es, respectivamente.
 
Historicamente, as grandes crises financeiras do Brasil tiveram in�cio ap�s uma piora no saldo do balan�o de pagamentos, inclusive, na recess�o de 2015 e 2016. Em 2014, o rombo passou de US$ 100 bilh�es. O ex-ministro da Fazenda M�rio Henrique Simonsen costumava dizer que a infla��o aleija e o c�mbio mata.

Investimentos Analistas e economistas ouvidos pelo Estado de Minas reconhecem que a mudan�a na trajet�ria de crescimento do deficit em conta-corrente do pa�s � sinal de alerta. Contudo, o contexto hoje � diferente porque o governo tem mais instrumentos do que no passado para enfrentar uma turbul�ncia no mercado de c�mbio e conter uma maxidesvaloriza��o do real. O principal deles s�o reservas internacionais, que somavam US$ 367,5 bilh�es at� o �ltimo dia 28.
 
Ant�nio Madeira, economista da LCA Consultores, avalia que o aumento no d�ficit em conta-corrente n�o � um problema para o Brasil atualmente. “A Austr�lia tem d�ficit desde 1991 e ningu�m fica preocupado. J� a Argentina, n�o tem saldo negativo em conta-corrente, e atravessa uma grave crise financeira”, compara. “Todas as crises brasileiras come�aram quando houve um aumento forte no deficit em conta-corrente. Mas elas ocorreram em um momento em que a pol�tica fiscal era insustent�vel e o pa�s acabou entrando em uma crise cambial. Hoje, o aumento desse d�ficit em conta-corrente n�o � o fim do mundo. Nem sempre ele � ruim. N�o � poss�vel ter uma vis�o manique�sta como no passado. As condi��es hoje s�o outras. Hoje o contexto � outro”, explica.
 
O fluxo cambial brasileiro pode melhorar quando as exporta��es se recuperarem, caso a economia volte a crescer, segundo Madeira. “Os recursos de empresas exportadoras ficaram l� fora e isso diminui a oferta da moeda. Em parte, essa desvaloriza��o do real n�o � uma crise de confian�a”, explica. Se o pa�s crescer mais, ele consegue melhorar as contas p�blicas e pode atrair investimentos estrangeiros, podendo ajudar a financiar o d�ficit em conta-corrente. “No momento, n�o existem grandes riscos, mas essa melhora de cen�rio depende do avan�o das demais reformas estruturais”, refor�a.

No ritmo do mundo

O aumento do d�ficit em conta-corrente “� uma fraqueza pontual” do Brasil, no entender de Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central. “Quando o mundo cresce pouco, o pa�s tamb�m perde a capacidade de crescimento”, explica. “A desvaloriza��o recente do real frente ao d�lar teve mais causas externas do que dom�sticas e a piora no saldo em conta-corrente n�o � t�o preocupante quanto a quest�o fiscal”, completa.
 
Assim como o ex-diretor do BC, o especialista em contas p�blicas Felipe Salto, diretor-executivo da Institui��o Fiscal Independente (IFI), tamb�m demonstra mais preocupa��o com as contas p�blicas do que com a balan�a de pagamentos. “Numa economia pouco competitiva e com baixa produtividade como a nossa, a recupera��o implicar� piora do d�ficit em conta-corrente via aumento de importa��es. Mas � um risco controlado porque temos reservas elevadas e alto n�vel de investimento estrangeiro direto”, avalia.
 
Salto lembra que a redu��o no tamanho do rombo das contas p�blicas neste ano n�o tranquiliza as preocupa��es em rela��o ao desequil�brio fiscal, porque essa queda � resultado de receitas n�o recorrentes, como concess�es de petr�leo e n�o de um efetivo corte nos gastos obrigat�rios.

Descolado

Analistas destacam que as condi��es macroecon�micas s�o relativamente favor�veis, apesar de a economia ainda crescer pouco. O governo conseguiu aprovar a reforma da Previd�ncia, o que ajuda no equil�brio fiscal; a infla��o est� controlada, abaixo da meta de 4,15% ao ano; a Selic (taxa b�sica de juros) est� no menor patamar da hist�ria, de 5%; eu risco/pa�s est� relativamente baixo se comparado com o passado. Contudo, o c�mbio acabou se descolando desses fundamentos, ressalta a economista Julia Gottlieb, do Ita� Unibanco.
 
“O investidor estrangeiro estava sempre preocupado com a quest�o fiscal. Agora, tamb�m vai olhar para o d�ficit da balan�a de pagamentos e para o crescimento. Se o pa�s n�o crescer, vai ficar mais exposto”, alerta o economista especializado em mercado de c�mbio Gustavo Cruz.
 
S�rie de motivos para a desvaloriza��o do real frente ao d�lar nos �ltimos dias foi citada pelos analistas. Eles destacam que os juros est�o baixos e isso provocou debandada de investidores estrangeiros. Al�m disso, mencionam a falta de crescimento global em um ambiente de guerra comercial entre Estados Unidos e China, que tem afetado o com�rcio mundial, derrubando os pre�os de commodities e afetando as exporta��es do Brasil. Um consenso entre eles � que as declara��es pol�micas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre c�mbio, uma prerrogativa que n�o cabe � pasta comandada por ele, e sobre uma possibilidade da volta de um AI-5 para conter manifesta��es, abalaram a confian�a nas institui��es e ajudaram a fortalecer o d�lar. (RH)



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