Com a disparada dos pre�os dos cortes bovinos, rod�zio encareceu at� 15,8% na capital
e a comida no quilo sofreu alta de 7,84%. Restaurantes tentam conter repasse no prato
postado em 03/12/2019 04:00 / atualizado em 03/12/2019 07:59
(foto: Juarez Rodrigues/EM)
Endere�o da comida de boteco de Belo Horizonte, o Bar e Restaurante da Lora, ligado � tradicional loja do Mercado Central de BH, no Centro da cidade, passou a servir o prato feito com bife menor para evitar o repasse ao consumidor do galope dos pre�os da carne bovina nas �ltimas semanas.
A propriet�ria das duas casas, Eliza Fonseca, – a administradora de empresas de cabelos loiros pioneira no com�rcio at� ent�o masculino de alimentos e bebidas do famoso mercado – adotou tamb�m a estrat�gia de trocar o corte bovino pelo frango e o porco. Eles encareceram, mas n�o tanto, e assim Eliza vem mantendo o pre�o de R$ 12 pela refei��o.
Se o cliente faz quest�o do bife, ter� de se contentar com 90 gramas da carne, e n�o mais as 120 g anteriores, ou pagar R$ 5 pelo bife avulso, vendido a R$ 3 at� meados de novembro. A disparada dos pre�os no atacado j� chegou � alimenta��o fora de casa em BH e Contagem, na Regi�o Metropolitana da capital mineira, segundo levantamento de pre�os do rod�zio, do prato feito e da comida no quilo divulgada ontem pelo site de pesquisas Mercado Mineiro.
Foram pesquisados 100 estabelecimentos nos dias 27 e 28 de novembro. O servi�o das churrascarias encareceu at� 15,8%, em m�dia, no m�s passado frente aos pre�os de janeiro; o quilo do self service sofreu reajuste de 7,84% e o prato feito ficou 6,14% mais caro.
Nos fins de semana e feriados, pedir um rod�zio em BH j� custa R$ 72,32, em m�dia, ante o pre�o m�dio cobrado em janeiro, de R$ 63,55. Nos dias de semana, o pre�o m�dio subiu ainda mais: de R$ 60,83 em janeiro para R$ 70,44 em novembro, perfazendo a alta de R$ 15,8%. Esses valores n�o levam em considera��o os 10% adicionais pelo servi�o, nem os custos com bebida e sobremesa.
Todos os aumentos verificados na pesquisa do Mercado Mineiro est�o acima da infla��o acumulada nos �ltimos 12 meses, que estava em 2,54% at� outubro, �ltimo dado dispon�vel com base no �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
Como principal item das refei��es, a carne cara explica o resultado, segundo o diretor do site, Feliciano Abreu. “Depois que tem um aumento na carne, que � o principal produto que eles (os donos de restaurantes) vendem, eles acabam repassando para o consumidor”, diz Feliciano Abreu.
A eleva��o dos custos dos restaurantes com g�s de cozinha e energia el�trica tamb�m podem ter afetado os pre�os cobrados pelos donos de restaurantes, como destaca Abreu. A dona do Bar da Lora, Eliza Fonseca conta que tem conversado com os clilentes sobre as dificuldades de negociar com os fornecedores. “Cada dia � um dia. N�o podemos comprar qualquer carne e nem deixar o cliente ir embora, mas n�o temos condi��o de pagar tantos reajustes”, afirma.
Situa��o complexa
Eliza conta que nas �ltimas duas semanas, os reajustes aplicados no atacado t�m sido frequentes. Dependendo do fornecedor da carne de boi, os repasses ao com�rcio t�m girado entre R$ 8 e R$ 10 por quilo. “Os clientes come�am a reclamar e logo questionam como o pre�o pode subir. Os reajustes dos pre�os de frango e da carne de porco t�m sido menores e estamos absorvendo”, diz a dona do Bar da Lora. O restaurante instalado na Avenida Augusto de Lima fornece cerca de 120 refei��es por dia. No bar localizado no Mercado Central de BH, o forte do card�pio s�o as por��es.
Feliciano Abreu acredita que o patamar dos pre�os n�o dever� ceder para o consumidor no curto e m�dio prazos. Entre outros fatores, alta da carne tem sido atribu�da aos efeitos no mercado brasileiro do crescimento das exporta��es da carne para a China, que habilitou frigor�ficos nacionais, recentemente; o aumento dos pre�os da arroba do boi gordo no mercado internacional, e � demanda maior no pa�s, com a proximidade das festas de fim de ano. Se a oferta dimunui, como mandam as leis da economia, os pre�os tendem a subir.
Com isso, o diretor do site Mercado Mineiro n�o apostaria em redu��o dos valores cobrados pelos restaurantes. “A gente n�o sabe o quanto a China vai comprar e at� quando. Falar que vai melhorar � um chute completamente irreal”, afirma.
Concorr�ncia derruba pre�os do marmitex
Na contram�o do encarecimento dos valores dos restaurantes, o levantamento do site Mercado Mineiro identificou queda nos pre�os do marmitex no fim de novembro. De acordo com a pesquisa, em m�dia a embalagem pequena de refei��o custava R$ 11,64 em janeiro e hoje custa R$ 10,63, queda de 4,58%. O pre�o m�dio da embalagem grande caiu 0,78% no per�odo, saindo de R$ 14,14 para R$ 14,03.
Na an�lise de Feliciano Abreu, essa baixa � reflexo da competi��o mais acirrada entre os restaurantes nesse tipo de refei��o. “As pessoas est�o optando pelo marmitex em vez do PF, porque levam pra casa, ent�o a tend�ncia � de a concorr�ncia ser maior”, afirma. Al�m disso, o diretor do site observa que no marmitex normalmente a quantidade de carne � menor. “O rod�zio e o PF s�o mais afetados pela carne”, conclui.
Por fim, o site tamb�m pesquisou a varia��o de pre�os cobrados entre os restaurantes da Grande BH. O valor m�nimo do quilo da comida encontrado pelos pesquisadores foi de R$ 11,90, enquanto o m�ximo foi de R$ 89: varia��o de 647,9%. J� os pre�os do prato feito variam 240% entre os estabelecimentos da capital. O valor m�nimo do PF � de R$ 10, ante o m�ximo de R$ 34. “Para o consumidor resta pesquisar bastante, observando sempre a qualidade e a diversidade dos pratos”, recomenda Feliciano Abreu.
*Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Marta Vieira